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Maracanã: Flamengo, Fluminense e governo contra-atacam Vasco na Justiça

Bruno Braz, Igor Siqueira, Luiza Sá e Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/04/2023 15h03

Flamengo, Fluminense e o Governo do Estado do Rio fizeram um contra-ataque direcionado ao Vasco em uma ação na Justiça que envolve o Maracanã.

O que aconteceu

O governo respondeu ao processo ajuizado pelo Vasco nesta segunda-feira, enquanto Flamengo e Fluminense pediram para serem partes como terceiros interessados.

O documento do governo rebate a tese do Vasco de que é preciso uma liminar para suspender a permissão de uso em vigor para a gestão do Maracanã.

O governo diz que, se a Justiça atender o pedido do Vasco, será preciso fechar temporariamente o Maracanã.

A manifestação do Estado ainda lembra que, em 2019, quando houve o cancelamento do contrato de concessão, o Vasco não mostrou interesse em gerir, ainda que temporariamente, o Complexo Maracanã.

Rivalidade

Da parte dos clubes, Flamengo e Fluminense dizem que o Vasco não tem direito ao pedido que fez ainda colocaram nos autos textos com algumas provocações.

"Assumindo traços coloniais, o impetrante [Vasco] deseja mandar e desmandar no COMPLEXO DO MARACANÃ, extraindo os benefícios da exploração do estádio, e tolerando, quase que por graça imperial, que FLAMENGO e FLUMINENSE - os maiores clubes cariocas de futebol - utilizem o complexo desportivo se e quando houver sua aquiescência". Trecho da manifestação de Flamengo e Fluminense no processo

A dupla alega que o interesse do Vasco, como clube hoje com 70% do futebol sob domínio da 777 Partnes, é "potencializar retornos financeiros" aos investidores da SAF vascaína.

Por que o Vasco agiu

O cruz-maltino tenta impedir a sétima renovação da cessão temporária à dupla rival. O clube quer participar do controle temporário do estádio, de imediato, e preparar o caminho para entrar forte na licitação para administração do Maracanã a longo prazo.

Os outros argumentos do governo do Rio

A Casa Civil aponta que a convocação de um chamamento público deve ter uma antecedência mínima de 30 dias e o atual termo se encerra nesta terça (25). Assim, se o trâmite fora da urgência fosse adotado, o estádio precisaria ser fechado.

No documento, o Governo alega que em 2019 houve uma ampla consulta ao mercado e "diversos players do mercado foram diretamente convidados para participar da celebração do termo". Dentre eles, o Vasco, Flamengo, Fluminense e as sociedades T4F, SISU/Golden Goal, Bravo, Opus, IMM. Move Concert, GL Eventos e REED.

Segundo a resposta, "àquela época, o Vasco textualmente declarou não possuir interesse em participar da gestão do bem". A intenção era usar o Maracanã apenas nos jogos de grande apelo e que apresentem rentabilidade.

Além disso, o presidente cruz-maltino tinha ressaltado que o clube não possuía interesse na exploração do complexo "pois atualmente o orçamento para esportes amadores é incipiente, o que não justificaria esforços comerciais e financeiros".

O Governo também lembra que a não celebração da permissão de uso pode acarretar no fechamento do estádio. "Nesse cenário fabricado pelo impetrante, o pedido liminar é de perversidade ímpar, pois, seja com o acolhimento do pedido principal, seja com o do pedido subsidiário, na prática o Complexo Maracanã terá que fechar as suas portas por prazo indefinido, com grave prejuízo não apenas para os torcedores, como também para os atletas profissionais e amadores".

O Vasco alega que as sucessivas renovações sem chamamento público violam o direito de receber informações sobre os motivos para a recusa de sua participação no processo de formalização do próximo TPU.

O Governo alega que o TPU não estabelece exclusividade de uso a Flamengo e Fluminense - e nem poderia.