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Saul Klein é condenado em ação trabalhista de massagista do São Caetano

O empresário Saul Klein, em depoimento à Justiça em janeiro de 2020 - Reprodução/UOL
O empresário Saul Klein, em depoimento à Justiça em janeiro de 2020 Imagem: Reprodução/UOL

Filho do fundador das Casas Bahia, Saul Klein foi condenado em uma ação trabalhista a pagar salários e outros benefícios atrasados a um massagista que não recebia desde junho de 2022 e prestava serviços para o São Caetano. O empresário é mecenas do clube de futebol da Grande São Paulo.

O que aconteceu

Antônio Flavio de Lima trabalhava no São Caetano desde 2009. De acordo com a sentença do caso, ele recebia R$ 5.145 por mês até junho do ano passado —quando o salário deixou de ser pago. No processo, o clube nega que isso tenha acontecido e pede a demissão por justa causa do funcionário.

A Justiça decidiu que Lima tem direito a todos os benefícios previstos em caso de demissão. Isso inclui aviso prévio, férias e 13º proporcionais aos dias trabalhados em 2022 e os salários que deixaram de ser pagos até o último dia 3 de outubro —entre outros itens.

Defesa de Saul entrou com recurso contra decisão. Divulgada no último dia 21, a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) ainda não passou pelo chamado trânsito em julgado, quando não há mais possibilidade de recorrer. Além do recurso no TRT-2, a defesa de Saul também pode recorrer ao TST —caso não obtenha êxito na primeira tentativa.

Valores a serem pagos e data de pagamento só serão definidos após decisão final. Quando isso ocorrer, os condenados serão intimados a quitar a dívida trabalhista —caso a decisão atual seja confirmada.

O que mais se sabe

Para o TRT-2, Klein e clube são igualmente responsáveis pelo que aconteceu. As provas reunidas ao longo do processo mostraram que o empresário atua como presidente de fato do São Caetano —havendo inclusive relatos de que ele mesmo faria pagamentos em dinheiro a alguns funcionários.

Desde 2019, o clube não depositava os valores relativos ao fundo de garantia do funcionário regularmente. Um levantamento feito pela Justiça apontou que o último depósito ligado ao benefício havia sido feito em dezembro de 2021.

A sentença incorporou ao salário valor pago para aluguel de moradia. Durante o processo, Lima relatou que recebeu R$ 3.800 por mês de Klein entre outubro de 2019 e fevereiro de 2021. Ao fim da ação, a Justiça entendeu que o valor fazia parte dos vencimentos e determinou sua incorporação ao que não foi pago.

Klein mantinha um esquema de exploração sexual de mulheres. Um documentário produzido pelo UOL em 2022 revelou histórico de abusos do empresário, que tem influência no São Caetano há mais de 20 anos.

O que dizem os envolvidos

Procurada, a defesa de Klein informou que "ele não possui nem jamais possuiu qualquer vínculo societário ou administrativo com a São Caetano Futebol LTDA., tendo figurado apenas como doador voluntário". Os advogados afirmaram também que já recorreram da decisão.

Já o São Caetano afirmou que "tem passado por um processo de mudança na gestão administrativa e por causa disso tem buscado tomar total conhecimento quanto a processos e pendências deixados pelos antigos gestores". Segundo o clube, o caso não é o único e a atual diretoria tem buscado sanar problemas do tipo.

A defesa de Lima afirmou que recebeu a decisão como "uma vitória" e destacou que o vínculo de Saul com o clube ficou provado por provas documentais (como registros de transferências bancárias feitas por ele para a instituição) e testemunhais (como depoimentos de ex-empregados que confirmaram sua atuação como sócio oculto e não apenas patrocinador).

Ao longo de mais de duas décadas, Saul se apresentava como 'patrocinador' junto ao São Caetano Futebol -- quando na verdade, atuava além de patrocinador. Sua responsabilização no caso foi como subsidiário, no tocante aos débitos trabalhistas. Ou seja, se Lima não receber o dinheiro do clube, a Justiça poderá executar a sentença em face de Saul Klein"
Ivania Garcia, advogada de Lima

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado em uma versão anterior do texto, Saul Klein não é mais o acionista majoritário da Ferroviária. O erro já foi corrigido.