La Liga monitora, denuncia e quer que racismo contra Vini Jr custe caro

Os recorrentes casos de racismo contra Vini Jr são uma preocupação para La Liga. Daniel Alonso, delegado do campeonato espanhol no Brasil, afirma que organização monitora a torcida por meio de câmeras, identifica quem profere os xingamentos racistas e denuncia junto às autoridades.

O caso de Mallorca foi o mais recente. Um torcedor local chamou o brasileiro de "macaco" e as câmeras de televisão flagraram o momento. "La Liga colocou a imagem do cara, identificou e levou para as autoridades. Denunciou e está processando. Esse cara está proibido de entrar no estádio. O que a gente passa para os clubes: punir esse torcedor. Se é sócio, tirar a carteirinha, não permitir entrar no estádio durante algum tempo, ter uma punição econômica para que realmente saia caro o racismo. Essa é a luta", disse.

Alonso falou sobre o episódio, mas lembrou que o poder de punição não é da liga. "A gente luta contra isso e não é de agora, é de muitos anos. Só que o problema é que não temos o poder de punição. Hoje no Brasil tem o projeto da CBF de punir o clube. A gente não tem esse poder. A gente vai até onde consegue, coloca nossa equipe de advogados para ir contra esses casos, mas dependemos das autoridades. Estamos fazendo lobby para que as autoridades punam essas pessoas identificadas, mas não é uma ação direta da La Liga".

Relacionadas

Instituto Vini Jr. prepara conteúdo antirracista para escolas do projeto

Fora da Nike, Vini Jr tem ofertas de todas as marcas, mas não abre negócio

'Não temos mais forças, nada muda', diz Rodrygo sobre racismo com Vini Jr.

Ele reforça que houve um investimento em câmeras de segurança, que foram colocadas nos clubes. "A gente investe forte nos mecanismos de segurança. Tem uma sala que tem monitoramento de todas essas câmeras dos acessos ao estádio, o campo e as arquibancadas com qualidade inacreditável para identificar o rosto de quem faz isso. São as provas que a gente coloca para denunciar".

Confira outras respostas da entrevista de Alonso ao UOL durante o evento Sports Summit, que acontece em São Paulo:

Luta contra o rascimo

"Pra gente é super relevante lutar contra o racismo. A gente vem trabalhando durante muitos anos para tirar o racismo dos campos. Só que não é só uma coisa do futebol, é um tema de sociedade que está mudando. Acontece no Brasil, na Argentina, na França... A hora de xingar, quem tá xingando não tá pensando quem tem na frente, só quer xingar e cutucar a estrela rival. Isso entra no contexto do porquê acontece isso".

Por que Vini Jr?

"No Real, você tem o Militão, o Casemiro, o Mendy, Tchouameni, Camavinga... Nenhum deles teve um só caso de racismo. E jogam do lado do Vini. Não é só essa questão do racismo, é cutucar, sacanear a estrela rival. A quem realmente vai machucar. Acontecia com o Cristiano Ronaldo, era vaiado em todos os campos da Espanha, porque era a estrela rival, ia fazer gol neles e ia acabar com eles. Hoje, o Vinicius é a estrela do Real. Dentro do contexto, é isso. Na hora de xingar, o torcedor rival quer acabar com a mente da estrela rival, então batem onde faz mais dano. Infelizmente, essa questão do racismo, ainda que a gente lute contra isso, o torcedor que quer bater no pé da estrela rival, acaba usando. É importante ressaltar que são casos isolados, não é em toda a Espanha, não são todas as torcidas, são casos pontuais que a gente luta contra".

O que faz La Liga

"O que a gente faz: a gente utiliza todos os recursos de câmeras de segurança que temos para identificar quem faz, para colocar a cara de quem faz, do grupo ou da pessoa, e levar para as autoridades. A gente se apresenta como denunciante, sempre como acusador em processos contra essas pessoas, a gente traz as provas de quem foi, toda a informação da pessoa para ir contra ele. Só que a gente não tem poder de punição, isso é um ponto importante".