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TV: Justiça da Suíça confirma presença de sêmen de Cuca no corpo da vítima

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/04/2023 21h11Atualizada em 29/04/2023 12h01

A Justiça da Suíça confirmou que havia sêmen de Cuca no corpo da menina de 13 no caso Berna, de 1987, e que o então jogador do Grêmio foi reconhecido pela vítima. A informação é do Jornal Nacional, da Rede Globo.

O que aconteceu

A confirmação estaria na página 915 do processo judicial do caso, que marca o início da sentença. Segundo a emissora, o documento tem, ao todo, 1.023 páginas, está sob segredo de Justiça por 110 anos e guardado dos Arquivos do Estado do Cantão de Berna, capital suíça.

A arquivista Barbara Studer mostrou a página em questão da sentença, que confirma a presença do nome dos quatro réus brasileiros: Alexi Stival (Cuca), Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges.

Além disso, o documento cita que eles foram julgados e condenados pelos crimes de ato sexual com menor e coação — Fernando foi condenado apenas por coação. O nome da vítima foi preservado, junto com o de cinco testemunhas.

Em entrevista ao UOL há dois dias, o advogado que representou a vítima, Willi Egloff, havia afirmado que a menina reconheceu Cuca como um dos agressores. Ele também disse que a vítima tentou cometer suicídio.

A colunista do UOL Alicia Klein também recebeu a confirmação do sigilo de 110 anos sobre os documentos do caso em e-mail enviado justamente pela arquivista Barbara Studer. Ela destacou na mensagem que informações publicadas pelo jornal Der Bund na época podem ser acessadas digitalmente. O colunista Juca já tinha trazido a notícia sobre o sêmen no dia 22 de abril.

Studer ressaltou ao JN que as informações publicadas pelo Der Bund, em 1989, estão corretas. O jornal suíço afirmou na época que havia sido encontrado sêmen de Cuca no corpo da vítima e mencionou que ela tentou suicídio posteriormente.

As informações rebatem a versão de Cuca. O treinador alega que não manteve contato com a menina e que também não foi reconhecido por ela.

cuca - Reprodução/Globoplay - Reprodução/Globoplay
Página do processo judicial do 'Caso Cuca' em Berna, na Suíça, à qual o Jornal Nacional teve acesso
Imagem: Reprodução/Globoplay

O que diz a defesa de Cuca

A defesa de Cuca reputa ser lamentável o irresponsável linchamento por situações ocorridas há 34 anos e contrária à realidade dos fatos. Reafirme-se que Cuca não manteve qualquer relação ou contato físico com a vítima, que, aliás, não o reconheceu, conforme confirmado por diversas reportagens daquela época".

Injustificável a imprensa ressuscitar um processo atingido pela prescrição e definitivamente arquivado. Distorções e especulações serão responsabilizadas cível e penalmente, ainda mais por se tratar de processo sigiloso, evidenciando a precariedade e inconsistência de qualquer pretensa informação fornecida por terceiros".
Daniel Leon Bialski e Ana Beatriz Saguas, advogados de Cuca.

O que se sabe sobre o crime?

Cuca e outros três jogadores do Grêmio foram condenados no caso na Suíça.

O Grêmio excursionava pela Europa quando os quatro atletas foram presos no Hotel Metropolitano. Em depoimento, a menor de idade afirmou ter ido com amigos ao quarto dos atletas para pedir uma camisa do Grêmio. Na sequência, eles teriam expulsado os colegas dela e a forçado durante 30 minutos a manter relação sexuais.

Os quatro foram levados para prisões distintas. Eles mantinham contato apenas com os advogados selecionados pelo clube gaúcho para cuidar do caso.

Todos os quatro ficaram presos por quase 30 dias e retornaram ao Brasil após prestarem depoimentos. Durante os dias em que os jogadores ficaram presos em Berna, as autoridades brasileiras tentaram uma solução diplomática para que eles fossem libertados.

Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados dois anos depois a cumprir 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Fernando, no entanto, acabou absolvido da acusação e foi condenado a três meses de prisão e ao pagamento de uma multa de U$ 4 mil por ter sido considerado cúmplice do crime.

Os quatro jogadores foram enquadrados no artigo 187 do Código Penal da Suíça, que prevê prisão de até cinco anos para "qualquer pessoa que se envolva em um ato sexual com uma criança menor de 16 anos, ou incite a criança a cometer tal atividade ou envolva uma criança em um ato sexual". O artigo faz parte da seção "Atos sexuais com pessoas dependentes".

Apesar da condenação, Cuca nunca foi preso. Na época do acontecido, Cuca tinha 24 anos.

Passagem rápida e polêmica

Cuca saiu do Corinthians após um trabalho de dois jogos. No domingo (23), a equipe perdeu para o Goiás em jogo da 2ª rodada do Campeonato Brasileiro e, na quarta (26), conseguiu eliminar os paraenses da Copa do Brasil nos pênaltis.

Os protestos contra o treinador começaram assim que ele foi anunciado. No mesmo dia da apresentação, uma manifestação tomou conta da porta do CT Joaquim Grava. Os torcedores se mostraram contra a iniciativa da diretoria alvinegra, comandada pelo presidente Duílio Monteiro Alves.

O futebol feminino do Corinthians também se manifestou. Em nota conjunta, as jogadoras do elenco e o técnico Arthur Elias afirmaram que o movimento "'Respeita As Minas' não é uma frase qualquer" —o nome de Cuca, no entanto, não foi citado. Ex-diretor do clube na época da "Democracia Corinthiana", Adilson Monteiro Alves, pai de Duílio, endossou o protesto.

Depois do jogo contra o Remo, Cuca reuniu os jogadores no vestiário e comunicou sua decisão. Ele ainda foi à entrevista coletiva e formalizou sua saída aos jornalistas — condenando, ainda, a maneira com que foi "agredido" por torcedores.