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Abel elogia 'irmãos de guerra' do Palmeiras e cogita renovação de contrato

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, durante clássico contra o Corinthians - Marcello Zambrana/AGIF
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, durante clássico contra o Corinthians Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
Lucas Musetti Perazolli e Gabriela Brino

Do UOL, em São Paulo (SP)

29/04/2023 22h21

O técnico Abel Ferreira deu uma longa entrevista após a vitória do Palmeiras por 2 a 1 sobre o Corinthians neste sábado, no Allianz Parque, pela 3ª rodada do Brasileirão.

Vai renovar o contrato? "Enquanto eu sentir esse desejo na atitude e olhar deles, dificilmente vou sair".

Embaixadinhas do Rafael Navarro: "Não vi o que você está falando, mas não gosto disso. Respeitar o adversário é fazer três, quatro, cinco, o máximo de gols e não sofrer".

Rivalidade com o Corinthians: "Grande clube, grande torcida, mas queremos jogar contra eles e ganhar sempre. Um sem o outro não é a mesma coisa. Para a comida é preciso sal e pimenta".

Rigor dos árbitros: "São as leis, então errado sou eu. Preciso de algemas, que me amarrem nas costas".

Veja a entrevista de Abel Ferreira na íntegra

Análise do clássico e utilização da base

"Sabemos que vamos passar as dores do crescimento com alguns jogadores, é normal. E já fazendo um balanço desse mês... Não esperava o resultado contra o Bolivar mesmo fazendo gestão do elenco. Não esperava perder por três gols. É jogo a jogo, dar oportunidades. Veiga fora, arranjamos soluções com Artur ou John John. Preparar esses moleques bons, mas vão cometer erros como todos. Vão jogar, vamos ajudar. Temos uma base muito sólida, experientes, lidam bem com erros e conhecem Palmeiras e a exigência. Quando chegam nesse nível, a busca é por rendimento. Eles vão aprender a lidar com euforia e depois com crítica, é normal com jogadores da academia. Se lidarem com essas frustrações mentais, sempre estarão prontos para nos ajudar".

"Recuo" no segundo tempo

"Não sou eu que faço. Vocês acham que são os treinadores que falam para abdicar e dar a bola? Defender? Não atacar? Treinador que fala para entregar a bola e não atacar? Eu, formado, não acredito. Há adversário do outro lado. Navarro poderia ter feito o terceiro gol e mataria o jogo. O jogo é dinâmico, preciso rever. Não vi o que você está falando [embaixadinhas do Navarro]. Não gosto disso. Respeitar o adversário é fazer três, quatro, cinco, o máximo de gols e não sofrer. Conseguimos fazer dois e sofrer um, é o que eu peço. Não peço para entregar a bola e jogar em transição, nunca pedi. Vocês deixam de colocar o adversário nessa equação. O adversário foi completamente dominado no primeiro tempo e houve uma reação na segunda parte. Demos vida a eles em um gol imprevisível e antes tivemos chance do terceiro gol com o Navarro. Cresceram, tiveram chance com o Paulinho e o futebol é isso. Há vários jogos dentro de um jogo e temos que aproveitar para matar o jogo. Não conseguimos, eles acharam um gol, bateu no Piquerez e entrou. O futebol é... Não vou dizer o resto".

Corinthians do Danilo

"Não houve surpresa em termos de estratégia. Tiago [Costa, observador técnico] analisou e não houve surpresa, ele fez a mesma coisa que fazia no sub-20. Tivemos alguns que jogaram, como Weverton e Murilo, e todos os outros quase não iniciaram. Temos feito essa gestão para estar com a maior força. Não esperávamos o resultado na Bolívia, mas acontece, não vamos ganhar sempre. Isso, sim, foi fora da caixa".

Eficiência do Palmeiras

"Eu procuro sempre a excelência e perfeição nas minhas equipes e nunca encontrei, nunca cheguei. Dentro dos nossos processos de jogo, bola parada, transição, defesa para atacar, atacar e preparar para perder a bola e não ser surpreendido... Todas essas dinâmicas estão interligadas, não trabalhamos um processo apenas, são consequências. Somos uma equipe técnica sempre insatisfeita. Trabalhamos pela perfeição, que é difícil, e sempre afinamos parafusos. A eficácia é determinante. talvez o mais importante. O que adianta ter 10 chances e não fazer e o adversário fazer em uma? Não é quantidade, é qualidade. Vamos evoluir sempre os nossos jogadores porque futebol é imprevisível, às vezes aleatório. Muitos fatores interferem, como o escanteio de hoje que deu vida a uma equipe com dificuldade".

Dicas ao Corinthians na busca por técnico

"Não vou dar dicas, mas posso dizer que gosto muito de jogar contra o Corinthians. São jogos quentes, bem disputados, o público vibra muito. Independentemente da rivalidade... Palmeiras e Corinthians sem um ao outro não seriam a mesma coisa. Eu penso assim, ninguém precisa concordar. Um precisa do outro. Vi o filme há alguns dias... Romeu e Julieta. Fui ver esse filme e apesar da rivalidade toda, é possível palmeirense e corintiano viverem juntos. Minha função não é falar o que o Corinthians tem que fazer, não sou dirigente ou presidente, mas gosto de jogar lá, eles têm bom gramado. Jogamos contra o Juventude e queria que todos fossem igual ao Corinthians. Mas gosto de jogar na nossa casa, hoje não possível cantar time da virada, time do amor, mas se precisar vão cantar. Nos últimos 10 minutos sofremos um bocadinho e a nossa torcida ajudou. É top mesmo, contra tudo e contra tudos, sempre puxando nossa equipe. Obrigado, vocês são determinantes, 12º jogador. Ganhar deles não dá título, mas eu gosto de competir dos melhores. Grande clube, grande torcida, mas queremos jogar contra eles e ganhar sempre. Um sem o outro não é a mesma coisa. Para a comida é preciso sal e pimenta".

Artur

"Artur conhece esse clube melhor que eu, esteve aqui e passou por vários momentos. Agradeci a contratação à direção. Entre a venda e a compra, há saldo negativo que eu acho que vale. Ele conhece clube, torcida, o campeonato. Está adaptado a tudo e tem mentalidade que eu gosto, de ganhar títulos. Tenho que lembrar sempre do que já ganhamos. Nos dá responsabilidade e vamos a procura de mais".

Richard Rios

"O clube contrata para o Palmeiras, não para Abel. Foi preciso um reposicionamento após a lesão do Atuesta e buscaram um perfil que eu gosto em tudo: jogador sério, competitivo, mentalidade vencedora. Estamos contente com o trabalho e a integração dele. Parabéns ao Anderson Barros".

Artur e Veiga juntos

"Eu sou uma caixinha de surpresas [risos]. Faço tudo para que vocês não saibam quem vai jogar, por isso não digo ao elenco que vai jogar e peço que confiem. Fazemos o possível para ganhar e deixa torcida e direção contentes. Veiga tem papel determinante, decide individualmente, mas ajuda coletivamente, defende. Dudu faz isso também. Fizemos dobra ao Piquerez e fizemos, é assim que se ganha títulos, com essa mentalidade e caráter. Dudu dribla, assiste, faz gol, mas precisamos que todos sejam importantes no ataque e na defesa. Poderia levar o Veiga contra o Tombense, mas falamos com o núcleo de performance, nutrição e psicóloga e entendemos que era melhor treinar mais. Hoje tinha um determinado tempo a jogar. São riscos que corremos, mas é sempre bom ter Rony, Veiga, Artur, Luis Guilherme, Jhon John, Giovane... Até agora estamos contentes, mas não satisfeitos".

Rigor da arbitragem

"Você precisa perguntar a quem decidiu. Não quero falar mais dos árbitros, já chega... Eu fui torcedor e quando via o treinador de braços cruzados, quieto. Eu falava para gesticular, mexer os braços. Não corre sangue? Mas são as leis, então errado sou eu. Preciso de algemas, que me amarrem nas costas. Não posso fazer o que o João fez pois preciso falar. É para vocês debaterem. Verem os lances, falta igual ou não... Não adianta".

Renovação do contrato

"Vocês sabem que gosto de estar aqui, a minha família está aqui e tenho que falar com quem manda em casa. Dificilmente em qualquer dos meus projetos eu deixei meus jogadores no meio de um objetivo. Tenho um ano e meio de contrato, o futebol é dinâmico e tudo pode acontecer, até me mandarem embora se vocês fizerem muita força, falarem que eu não sei defender e estou levando muitos gols. Posso ser demitido, vendido ou cumprir meu contrato. Eu falei a Leila quando renovei. Se foi o Galiotte quem me trouxe, a Leila quem me convenceu. E quem manda é lá em casa, tem que ir primeiro lá".

Líderes do elenco

"Rony, Dudu, Veiga, Zé, Gomez, Weverton. São seis homens de grande caráter que sabem que, independentemente do que aconteça no jogo, precisamos focar no que temos que fazer. Com jogadores assim, é muito mais fácil lidar com turbulências e manter a calma, manter a cabeça fria por boas decisões. O que eu admiro neles não é qualidade que têm, é o caráter desses homens. Já tive a oportunidade de deixar esse elenco por muito mais dinheiro e disse a eles, mas enquanto tiverem fome, quero continuar ganhando. Enquanto eu sentir esse desejo na atitude e olhar deles, dificilmente vou sair. Enquanto eu sentir esse desejo destes guerreiros que eu tenho... Eu sou treinador de relações. Sou esquentado? Mas sou calmo quando quero. Gosto muito de estar aqui e dificilmente deixarei esse elenco enquanto demonstrarem essa vontade. São irmãos de guerra. Não são da minha família, mas gosto muito deles. Minha mulher ficou com ciúmes porque eu disse que amo eles, minha mulher quase me bateu [risos]. Aqui se fala muito sobre amar alguém. Eu tenho muito orgulho deles".

Importância do clássico

"Não é mais um jogo, é jogo contra um grande rival. Assim como o Corinthians, não tivemos tempo necessário de preparação, mas desta vez foi igual. Uma equipe pode descansar quatro dias e nós dois, mas dessa vez foi igual. Isso faz diferença na jornada do Brasileirão, mas hoje foi equilibrado. O Corinthians passou, veio motivado, apesar da mudança do treinador. São jogadores de muita tarimba, experiência, habituados a esse jogo e sabiam que seria difícil. É sempre difícil. É especial para vocês da imprensa, para a torcida, e eu falo para os jogadores que é especial mesmo. É fazer o máximo esforço, ser consistente, sólidos, e buscar os três pontos".

Desafios do Palmeiras

"O problema é que a culpa é dos jogadores de subir expectativa, subir o sarrafo. Agora aguentem! Tomamos uma decisão quando fomos para a Bolívia, uma decisão minha, da comissão técnica. E agora vamos fazer o que sempre fazemos numa viagem dura, difícil, nos prepararmos bem para jogar e sofrer, e mais do que tudo procurar ganhar. São essas as nossas intenções em mais um desafio difícil [contra o Barcelona-EQ]".

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado no texto, o próximo adversário do Palmeiras é o Barcelona-EQ. O erro foi corrigido.

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