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Brasileirão - 2023

E a grama? Fla e Botafogo têm teses opostas em meio a polêmica do Maracanã

Maracanã  - Leo Burlá
Maracanã Imagem: Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

30/04/2023 04h00

Flamengo e Botafogo se enfrentam hoje (30), no Maracanã, pela 3ª rodada do Campeonato Brasileiro, com ideias opostas no que se refere aos gramados.

O que aconteceu

O Botafogo, por exemplo, optou por implementar grama sintética no Nilton Santos, levando em consideração itens técnicos e financeiros.

A SAF que administra o Alvinegro quer explorar mais o potencial do estádio para o recebimento de mega shows, como os que aconteceram do Coldplay e os que já estão agendados do Red Hot Chili Peppers e RBD.

"Usando os shows do Coldplay como exemplo, se o gramado fosse natural, iríamos ser obrigados a substituir integralmente cerca de 30% dele e recuperar o restante, o que iria comprometer a realização de jogos. Com o sintético, o campo está disponível para jogar imediatamente após o show, apenas necessitando de um pequeno tratamento de manutenção. A instalação do gramado sintético permite uma maior disponibilidade de agenda de eventos com muito menos impacto na agenda de jogos", destacou ao UOL o diretor de Infraestrutura e Operações do Nilton Santos, Alexandre Costa.

Já o Flamengo, que atualmente é o permissionário do Maracanã, é contra a instalação de grama sintética no gramado.

O Rubro-Negro administra de maneira provisória o estádio através de um Termo de Permissão de Uso (TPU), e tem como seu interveniente anuente o Fluminense, com quem montou um consórcio.

O CEO do consórcio, Severiano Braga, deixou claro que não há a possibilidade de instalar grama sintética mesmo com o gramado híbrido do Maracanã enfrentando problemas de qualidade em virtude da quantidade de jogos. E citou como exemplo os estádios de Barcelona e Real Madrid.

"Camp Nou tem grama sintética? Santiago Bernabéu? É inconcebível. A gente não vai colocar gramado sintético", disse ao UOL em dezembro do ano passado.

Troca de farpas

Flamengo e Fluminense estão em meio a uma batalha jurídica com o rival Vasco por conta do Maracanã.

O Cruzmaltino montou um consórcio com as empresas WTorre e Legends para participar da futura licitação depois de não conseguir um diálogo para gerir o estádio em parceria com a dupla Fla-Flu.

O Vasco solicitou que houvesse um chamamento público em caso de um novo TPU, mas isto não aconteceu e a permissão foi renovada automaticamente pela sétima vez para o Rubro-Negro e o Tricolor.

Sem conseguir mandar seus jogos no Maracanã na base do diálogo, o Vasco tem conseguido atuar no estádio por meio de liminares e a batalha jurídica esquentou o clima entre os clubes.

Presidente do Fluminense e parceiro do Flamengo nesta briga, Mario Bittencourt criticou o rival durante a semana e, de quebra, ainda rechaçou a possibilidade de grama sintética, citando o Botafogo e o Nilton Santos na história.

"As pessoas esquecem que o Engenhão também é equipamento público, hoje controlado pelo Botafogo. A SAF acabou de trocar por grama sintética, que Flamengo e Fluminense são contra, porque nenhuma grande liga, nem a Copa do Mundo, permite. No Brasil, está virando moda porque querem transformam em arenas de shows. É justamente o que visa o fundo que controla o Vasco, tem interesse maior no Maracanã que no Vasco", disse ao SporTV.

A declaração não pegou nada bem no Botafogo, e o diretor-geral da SAF, Thairo Arruda, rebateu com veemência, em declaração ao "ge": "O Nilton Santos tem vocação para importante linha de receitas para o Botafogo. Clubes que estejam sem estádio e tenham interesse em alugá-lo, de acordo com nosso plano de negócios, podem jogar no gramado sintético certificado pela Fifa e de alto padrão de excelência. Na condição de assistente do Flamengo na busca pela gestão do Maracanã, o Fluminense deveria ter outras preocupações".