'Paralisação do Brasileirão é uma medida extrema', diz procurador do STJD
O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Ronaldo Piacente, afirmou em entrevista ao De Primeira que a paralisação do Brasileirão devido a manipulação esportiva é uma medida extrema que só deve ser tomada ante prova cabal.
'Medida extrema': "Para que se haja a paralisação da competição ou impugnação de partida, o ato teria realmente que influenciar no resultado da partida. Na Série A, por exemplo, o que estamos percebendo a princípio são questões de cartões amarelos e vermelhos. É uma medida extrema [paralisação do Brasileirão], mas prevista no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)".
Liminar de paralisação?: "Liminar, a princípio, somente quando houver prova cabal, que deixe de ser a suspeição. O que temos são conversas de telefone, de whatsapp, e com base nisso é prematuro pedir uma liminar, mas os clubes já estão afastando esses atletas".
Caso Bauermann
O zagueiro Bauermann, do Santos, teve mensagens de whatsapp vazadas em reportagem da revista Veja em que aparece negociando a manipulação de cartões. Elas constam na denúncia do Ministério Público de Goiás numa investigação de fraude em apostas esportivas.
O Santos afastou Bauermann após o vazamento das mensagens. O clube, inclusive, estuda processar o jogador, que havia negado envolvimento no esquema de manipulação.
A diretoria do Santos pediu uma nova reunião com Bauermann e seu advogado após a reportagem da revista Veja.
Veja outros trechos da entrevista com o procurador do STJD
Manipulação de jogos de futebol: "A Justiça Desportiva está vendo com muita preocupação essa questão de manipulação de resultados. À priori, era com aqueles jogos com menos visibilidade, mas o que assustou muito foi essa questão agora com as Séries A, B, C e A. Isso está refletindo em todos os campeonatos, é muito preocupante até pela prevalência da competição, pelo fair play esportivo, pela seriedade e transparência da competição A gente vê com bastante preocupação".
Trabalho junto ao MP-GO: "Estou fazendo um trabalho junto com o Ministério Público de Goiás. Temos trocado informações e tenho falado com o Dr. Fernando, que é chefe do Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado]. Eles tê nos ajudado bastante com informações para que possamos abrir inquéritos e oferecer as denúncias. Estamos combatendo essa manipulação de resultados".
'Pode ser banido do esporte': "Quando esse atleta dá ou promete alguma vantagem para outro colega, ele pode ser eliminado [banido] do esporte e com uma multa de até R$ 100 mil. Se ele prejudicar a equipe que defende, com um cartão amarelo, vermelho ou pênalti proposital, a previsão de multa é de até R$ 100 mil e a suspensão de 180 a 360 dias. Se, por ventura, atingir o resultado, a suspensão pode ser de até 360 a até 720 dias, também com a multa de até R$ 100 mil. E, em caso de reincidência, ele pode ser banido do desporto".
Recado para os atletas: "Os atletas estão sendo denunciados não só pelo MP-GO, mas pela Justiça Desportiva, o meu recado é que fiquem atentos. Além de vantagem indevida, vão acabar com a carreira, serão banidos. Além de terem o nome machado no esporte, porque imagino que nenhum clube vai querer contratá-lo. Pensem bem: é um dinheiro fácil agora, mas que vai refletir na vida profissional desse atleta. Nós vamos agir com rigor com essa questão de manipulação de resultado".
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