Topo

Galvão Bueno lança documentário: 'Não sou bonzinho 24 horas, nem monstro'

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

15/05/2023 23h24

A série documental "Galvão: olha o que ele fez" foi lançada na noite de hoje (15) em um evento na zona sul do Rio de Janeiro, quando houve a exibição do primeiro episódio.

"Eu pedi, junto à produção e direção, que não fosse uma coisa que mostrasse "olha como ele é bonzinho, grita o tetra, grita o penta, Ayrton Senna do Brasil, é prata, é ouro"... E a vida não é assim. Eu não sou bonzinho 24 horas, mas também não sou nenhum monstro. A ideia é essa", disse.

O que aconteceu

A Globoplay lançou a série documental sobre Galvão Bueno.

O evento contou com diversos nomes ligados à Globo e ao esporte brasileiro.

Foi divulgado o primeiro episódio da série, que conta um pouco da infância e início da carreira do narrador. As duas primeiras partes vão estar disponíveis na plataforma a partir de quinta-feira.

A série vai contar com cinco episódios.

"Não quis ir à Tamburello"

Em entrevista à imprensa, Galvão contou sobre as gravações e revelou que não quis ir à Tamburello, curva do acidente fatal de Ayrton Senna, em 1994.

"O que eu fiz [no documentário] eu sei. Não sei o que as pessoas falaram de mim. Fui em Los Angeles, sede da primeira Olimpíada que transmiti, em 84. No estádio do tetra, do penta... Estive em Suzuka [circuito de Fórmula 1 do Japão]. O filme vem à cabeça. Essas coisas foram muito bacanas. Não quis ir à Tamburello, preferi lembrar de Senna como irmão mais novo, um amigo querido e uma história de momentos especiais", contou.

O que mais Galvão falou

Momentos do documentário: "Sempre fui polêmico. Mas eu digo que sou um vendedor de emoções. Ao mesmo tempo, digo que sou um equilibrista. Eu ando no fio da navalha o tempo inteiro: de um lado as emoções, que eu tento vender, e do outro a realidade dos fatos. Na medida do possível, tento não mudar a realidade dos fatos. A ideia sempre foi essa".

Mudanças na comunicação: "Certamente, foi um trabalho feito com muito amor em 50 anos, mas não consigo parar. Já me reinventei várias vezes, também estou neste novo mundo. Hoje estou diretamente ligado à comunicação digital. Hoje tem a TV aberta, TV fechada, streamings e tem os streamers, com tanta gente que faz sucesso aí, que é quarta camada. Hoje são tons diferentes. Fiz apenas uma narração nesta camada e o resultado, dizem, que foi um espetáculo. Eu fui eu, mas acho que fui mais descontraído. Não tem mágica. Claro que as coisas vão mudando, mas espero conseguir acompanhar tudo isso".

Imaginou o que fosse viver ou houve surpresas? "É claro que eu cheguei com uma ideia do que viria porque eu tinha vivido momentos importantes da minha vida, da vida do esporte do Brasil, do esporte do mundo, nesses lugares, mas sempre aparece uma coisa nova".

"A vida é sempre assim. uma frase que aprendi com o Boni: sempre é possível fazer melhor. Então, sempre é possível fazer uma coisa nova. Fui ao estádio lá em Pasadena... Era aqui que eu estava, o Pelé estava comigo abraçado desse lado, o Arnaldo abraçado comigo desse lado. Isso eu já sabia que eu ia sentir ali, mas parece que via as pessoas se movimentando, apesar de o estádio estar vazio. Você faz uma viagem no tempo e as coisas voltam, mas às vezes voltam de uma forma diferente daquilo que você imaginou que ela fosse chegar quando lá chegou."

Em que momento olhou e pensou: "mereço um documentário"? "Eu não sei se eu mereço. Eu nem sei se minha vida merece. As pessoas entenderam assim. Eu digo que, para mim, isso foi uma coisa fantástica. A Globo, enquanto minha casa, minha família profissional, ela tem entendido... A Globo e a Globoplay, que valia a pena fazer um documentário sobre a minha vida e sobre o meu trabalho. Eu te confesso que não sei se fiz por valer a pena. Vamos ver o que eles fizeram. Eu não posso te responder porque eu, realmente, não sei se vale a pena a minha história ou se eu construí alguma coisa que possa valer a pena isso que nós estamos fazendo aqui hoje".

A gente vai acostumar a ver o jogo da seleção sem a sua voz na TV aberta? "Isso é uma coisa já definida, que já ficou clara. Eu disse, na minha despedida de jogo da seleção em TV aberta, que foi quando o Brasil perdeu da croácia, ou de Copa do Mundo em TV aberta, que foi a grande final, um presente ser um grande jogo entre Argentina e França. Mas eu disse claramente ali: eu estou virando uma página, não estou fechando o livro. O livro está aberto, novas páginas virão por aí".

"Mas narrar na TV aberta só se eu for muito cara de pau, porque eu falei que já tinha acabado (risos)."

Todo mundo muda de opinião um dia... "Eu já mudei muitas vezes, mas acho que aí vai ser mais difícil mesmo".