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TV Brasil negocia com CBF para transmitir Série D após início 'às escuras'

Santa Cruz é um dos times tradicionais que está na Série D, competição que não está sendo televisionada até aqui - Evelyn Victoria / Santa Cruz
Santa Cruz é um dos times tradicionais que está na Série D, competição que não está sendo televisionada até aqui Imagem: Evelyn Victoria / Santa Cruz
Bruno Braz e Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/05/2023 04h00

A TV Brasil negocia com a CBF para transmitir as partidas da Série D do Campeonato Brasileiro, competição que já teve início e está "às escuras".

O que aconteceu

A Série D já teve duas rodadas e não está sendo televisionada. As únicas formas de se acompanhar as partidas, além de estar presente nos estádios, foram através das rádios e dos tempos reais dos sites.

A CBF possuía um contrato para a transmissão da competição até o mês passado, mas a empresa desistiu. O vínculo com a InSports TV valia até 2025.

A entidade também proibiu os clubes de transmitirem seus jogos através de suas TVs próprias.

A entidade máxima do futebol brasileiro chegou a negociar com a DAZN, mas o UOL consultou a empresa, que negou — no último dia 9 — estar mantendo conversas sobre os direitos de transmissão da Série D.

A reportagem também consultou a empresa NSports, que foi outra que negou que esteja negociando com a CBF.

O UOL apurou que a TV Brasil surgiu como interessada e avançou nas conversas, mas dificilmente um acordo acontecerá em tempo hábil para que as partidas da terceira rodada já sejam transmitidas. Elas acontecerão neste fim de semana, nos dias 20 e 21.

Clubes cederam direitos em troca de benefícios

Os clubes da Série D cederam seus direitos de transmissão para a CBF em troca de benefícios, tais como cotas pagas a cada fase e custos de viagens e partidas. Em contrapartida, coube a entidade ter essa exclusividade na comercialização das transmissões.

Atualmente, o ambiente entre os clubes é de preocupação com a falta de transmissão. O UOL consultou alguns dos times que participam da competição este ano e os principais pontos de lamento são as dificuldades para buscar patrocínio que um torneio "às escuras" pode gerar, os empecilhos para se obter informações dos adversários e também o receio de manipulação de resultados, algo que tornou-se um escândalo no futebol brasileiro.

"Quanto menos visibilidade, menos marcas investirão nas equipes e no próprio campeonato. Creio que a liberação para que os clubes façam suas próprias transmissões em seus canais possa ser uma saída paliativa, até que apareça uma plataforma que compre os direitos de transmissão de forma definitiva", afirma Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo e que negocia contratos envolvendo clubes, empresas, entidades e atletas.

"Uma outra solução comercial que enxergo é que, no momento em que a CBF negociar propriedades de outros produtos mais atrativos - como a Copa do Brasil ou as Séries A e B - ela envolva também essas propriedades que carecem de apoio financeiro, como a Série D. Seria uma forma de minimizar os riscos de se iniciar a competição sem os pacotes de transmissão e outras propriedades negociados", complementa.

Empresa que desistiu alega 'inúmeros obstáculos insuperáveis'

No dia 22 de abril, a InSports TV divulgou um comunicado oficial justificando sua desistência da Série D. A empresa alega que encontrou "inúmeros obstáculos insuperáveis" para exercer as transmissões.

Confira abaixo a íntegra:

"Caros fãs,

É com profundo pesar que comunicamos que a Insports TV não fará mais a transmissão da série D do Brasileirão.

Apesar de nossos melhores esforços e compromisso em fornecer uma cobertura de alta qualidade, encontramos inúmeros obstáculos insuperáveis.

Gostaríamos de expressar nossa gratidão aos fãs, jogadores, treinadores e todos aqueles que nos apoiaram durante nosso tempo de cobertura do campeonato.

Continuamos comprometidos em trazer a vocês o melhor em cobertura esportiva e continuaremos a explorar oportunidades para expandir nossas ofertas no futuro."