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Bota x Flu: relação de Tchê Tchê e Diniz teve xingamento, choro e silêncio

Tchê Tchê e Fernando Diniz se abraçam em um treino do São Paulo - Divulgação
Tchê Tchê e Fernando Diniz se abraçam em um treino do São Paulo Imagem: Divulgação

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/05/2023 04h00

Botafogo e Fluminense fazem hoje (20) o segundo clássico entre as equipes na temporada. Na briga pela liderança do Campeonato Brasileiro, o duelo marcará novamente o encontro entre dois personagens que se conhecem bem: o volante Tchê Tchê e o técnico Fernando Diniz.

Depois de um desentendimento em 2021, os dois falaram poucas vezes o nome um do outro publicamente. O jogador, por exemplo, só se pronunciou uma vez e prefere não voltar no tema. O treinador também deu sua versão duas vezes. Em comum, o sentimento de que são águas passadas.

Diniz e Tchê Tchê já se encontraram em três oportunidades depois do ocorrido. Em 2021, quando o treinador estava no Santos e o jogador no Atlético-MG, em 2022, já por Botafogo e Flu e neste ano, no Estadual.

Desentendimento

Há pouco mais de dois anos, o treinador chamou o jogador de "perninha" e "mascaradinho" durante o primeiro tempo da derrota do São Paulo para o Red Bull Bragantino no Brasileirão.

"Não posso falar com você?", questionou Tchê Tchê.

"Não pode mesmo. Tem que jogar, c... seu ingrato do c..., seu perninha do c..., seu mascaradinho do c..., vai se f...", disparou Diniz.

Na época, Diniz afirmou ter sido coisa de jogo e que se resolveriam internamente.

O acontecimento deixou marcas até no dia a dia. O meio-campista ficou bastante irritado e magoado por vários dias. Como o UOL revelou na época, o treinador pediu desculpas não só ao atleta, mas à família dele e a todo o elenco e passou a semana mais abatido e retraído.

Não quer falar

Tchê Tchê falou apenas uma vez sobre o episódio, em agosto de 2021, e afirmou que seria a "primeira e última vez".

"Eu fui criado de uma maneira de sempre respeitar as pessoas, nunca faltei, nunca xinguei ninguém. Tanto que no episodio eu poderia ter virado e xingado, mas não. Simplesmente mantive a minha postura, que é a que eu tenho no dia a dia. Isso fez mal, não foi só para mim. Você chegar em casa, todo mundo mal, seu pai te ligar chorando. É totalmente na contramão dos princípios que eu fui criado. Não sou mala, não sou perna, não sou arrogante. Ele foi mal naquilo", disse ao Podpah.

"Não foi um negócio saudável para mim. Eu fiquei com muita raiva. Uma raiva incontrolável. Eu não precisava virar para o cara e xingar ele, não fui criado assim. Do mesmo jeito que eu não sou um 'mala', eu não sou um cara desrespeitoso. O cara me conhecia, tinha uma ligação forte, então acho que foi uma coisa desnecessária", completou.

O volante esperou que o São Paulo se manifestasse, o que acabou não acontecendo. "Ninguém me protegeu no clube, ninguém tomou a frente. Simplesmente, "ah, aconteceu, é o pai dele", tá ligado? Eu não tenho pai nenhum no futebol. Eu fiz o bagulho acontecer desde o início. Ninguém fez favor para mim", disse.

O jogador prefere não voltar no assunto, o qual considera encerrado. Ele já foi questionado anteriormente e não respondeu. Ao estafe, também diz que não tem interesse em relembrar o episódio.

No entorno dele, as únicas palavras são de que Tchê Tchê "não mudou nada do que falou" e que os dois estão em fases diferentes atualmente.

Conhecidos de muito tempo

Diniz e Tchê Tchê se conhecem desde os tempos de Audax, pelo qual foram vice-campeões paulistas em 2016, perdendo para o Santos na final.

Até nesse momento, o relacionamento já era tido como intenso.

O relacionamento com os atletas é tido como uma das principais qualidades de Diniz e exaltado nos clubes por onde ele passa.

O episódio, porém, foi um dos motivos para o declínio do trabalho no Tricolor.

Em 2017, Diniz falou sobre a intensidade da relação entre os dois. "Quando eu cheguei no Audax, o Tchê Tchê não me suportava. Ele ficava bravo porque eu cobrava, falava que ele tinha que mudar, que se ele continuasse daquela forma ele não ia dar certo. Então é uma relação que começou daquele jeito e hoje está assim. É um negócio de participar da formação de um cara. Em 2014 e 2015 o Tchê Tchê nem jogava, mas mostrou que tinha potencial", disse à TV Gazeta.

O que Diniz disse

Diniz falou pouco sobre o episódio. Na chegada ao Fluminense, afirmou que tinha uma relação profunda com o atleta.

O treinador disse que aquela situação é algo que "faz com os filhos", mas admite que não agiu corretamente. "A minha história com o Tchê Tchê é muito mais bonita do que aquilo. Eu tenho muita alegria de ser como eu sou", afirmou.

"Falei uma vez só sobre esse episódio do Tchê Tchê, e a minha relação com o jogador é muito mais do que aquilo que aparece. A minha vinda para cá tem uma participação dos jogadores, daqueles que jogaram comigo e daqueles que jogaram contra mim. O que eu faço com o jogador é uma relação amorosa que só quem fecha com o amor entende. A principal missão da minha vida é ajudar o jogador de futebol a ter uma vida digna por meio do futebol. Eu tenho uma preocupação com os jogadores que quase ninguém tem, uma preocupação de pai para filho."

Em uma entrevista no ano passado, Reinaldo, ex-São Paulo, afirmou que Diniz chorou no CT no outro dia.