Flamengo e Corinthians se enfrentam hoje (21), às 16h, pelo Brasileirão e ainda estão em processo de reconstrução após a passagem do técnico Vítor Pereira pelos dois clubes.

O contexto do trabalho do português é diferente em cada lado, mas há repercussões técnicas, anímicas e de planejamento ainda visíveis no clássico entre as duas maiores torcidas do país, no Maracanã. Da parte das torcidas, o sentimento de rejeição ao treinador as une atualmente.

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Após sete rodadas, tanto Flamengo quanto Corinthians ainda estão longe do que planejaram para o Brasileirão: o rubro-negro é 11º, enquanto o time paulista está em 17º, na zona de rebaixamento.

Passei do Corinthians para o Flamengo, um clube com 40 e tal milhões de torcedores para outro clube com 50 e poucos milhões. É muito milhão junto, com algumas guerras também no meio, e sinceramente não foi fácil. Também descansei muito pouco de um projeto para o outro e paguei um bocadinho a conta. Ainda estou a pagar um bocadinho a conta".

Vítor Pereira, técnico, em evento durante a semana em Portugal

No Flamengo

A passagem de Vitor Pereira no Fla durou de janeiro a 11 de abril deste ano. O treinador perdeu todos os quatro títulos em disputa: Mundial, Carioca, Recopa e Supercopa do Brasil.

A falta de troféus aumentou muito a pressão por uma resposta do elenco e da diretoria nos torneios que restam na temporada (Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão). A torcida passou a xingar em alguns jogos tanto o presidente Rodolfo Landim quanto o vice de futebol, Marcos Braz.

Taticamente, o Flamengo de Vítor Pereira se viu em dificuldades tanto na construção ofensiva quanto no aspecto defensivo. Vide a forma com a qual perdeu a final do Carioca para o Fluminense: levou 4 a 1 no segundo jogo, após ter vencido o primeiro por 2 a 0.

Os resultados sob o comando do português geraram uma perda de confiança em vários jogadores do elenco, algo notado pelo sucessor dele, Jorge Sampaoli. O elenco do Flamengo também mostrou problemas físicos nos primeiros meses do ano.

O legado positivo foi o desempenho do lateral-esquerdo Ayrton Lucas, que se destacou mesmo diante das dificuldades estruturais do time. As subidas dele ao ataque foram facilitadas pelo esquema tático 3-6-1.

Mas o modelo de jogo deixou Gabigol insatisfeito, já que o camisa 10 passou a fazer uma função de articulação que o deixava mais longe do gol do que nos tempos de Dorival Junior — quando Pedro já tinha assumido a titularidade.

Sampaoli fez o time melhorar, embora não tenha alcançado todos os resultados desejados. Uma vitória sobre o Corinthians pode fazer o Flamengo encostar de vez na parte de cima da tabela.

No Corinthians

O efeito Vítor Pereira é sentido no Corinthians não mais pela forma positiva com a qual ele organizou o time no ano passado — sendo vice-campeão da Copa do Brasil e passando o Brasileirão na parte de cima da tabela —, mas pelos reflexos da decisão de sair e a forma com a qual ela se deu. As mudanças foram tantas e em tão pouco tempo que, taticamente, já não se vê mais as digitais de Vitor Pereira no time do Corinthians.

O técnico decidiu não renovar contrato, alegando uma questão familiar, mais especificamente com a sogra. Só que antes mesmo da data do encerramento do vínculo com o Corinthians, já se tinha notícia do interesse e da negociação do Flamengo, o que gerou uma sensação de traição.

Perder VP não era o que a diretoria queria, e a ida para um rival direto no país transformou o treinador em assunto no Corinthians por mais tempo.

O contexto tumultuado trouxe pressão imediata para o sucessor do português: Fernando Lázaro, então auxiliar técnico do Corinthians. A eliminação no Paulista frente ao Ituano, nas quartas de final, nos pênaltis, selou a demissão.

O encadeamento de problemas gerados pela saída de VP e as escolhas subsequentes da diretoria trouxeram para o Corinthians o turbilhão que foi a contratação de Cuca — demitido após protestos por conta da condenação na Suíça, em 1989, por ter mantido relações sexuais com uma menor. Foram só dois jogos, um deles a classificação na Copa do Brasil diante do Remo, nos pênaltis.

Agora, a missão de arrumar a casa está nas mãos de outro medalhão: Vanderlei Luxemburgo, que ainda não conseguiu fazer o time vencer e já se vê pressionado pela falta de resultados bons, tanto no Brasileirão quanto na Copa do Brasil.