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Jornal de Valência ataca Vini Jr e diz que racismo foi caso isolado

Capa de hoje do jornal Super Deporte, de Valência - Reprodução/Super Deporte
Capa de hoje do jornal Super Deporte, de Valência Imagem: Reprodução/Super Deporte

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

22/05/2023 08h30

O jornal Super Deporte, de Valência, atacou o brasileiro Vinícius Júnior e afirmou que o episódio de racismo foi um caso isolado.

O que aconteceu

A manchete comemora a permanência do Valencia na primeira divisão e pede que Vinicius 'não provoque'. Pede, ainda, que o técnico Carlo Ancelotti 'não minta'.

O jornal diz que o Valencia conseguiu a permanência com uma grande vitória e que o Real Madrid 'montou um show por um incidente racista condenável, mas totalmente isolado'.

O periódico destaca ainda a insatisfação do brasileiro com um jornalista: "O brasileiro expulso por agredir Hugo Duro se revoltou contra o repórter do Super Deporte, que lhe perguntou se iria pedir desculpas".

O diretor do jornal volta a provocar Vinicius dentro do periódico: "Vinicius, além de bobo, é um provocador insuportável"

Veja as capas dos demais jornais espanhóis de grande circulação

Ás

Mestalla desequilibra Vinícius. Brasileiro obriga torcedor a ser expulso por gesto racista, e logo então vê o vermelho. Ancelotti: Há um problema e não é Vini."

Marca

Intolerável (tudo). Vinicius sofre mais um episódio racista, é expulso por briga com Hugo Duro e se despede do Mestalla com gestos do 'segundona'. Ancelotti diz 'Há um problema de racismo'".

Mundo Deportivo

Vinícius em confusão e KO Merengue. Acabou expulso depois de estar em todas as polêmicas e sofrer insultos: 'No Brasil a Espanha é vista como um país racista', disse"

Racismo x injúria racial

A Lei de Racismo, de 1989, engloba "os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O crime ocorre quando há uma discriminação generalizada contra um coletivo de pessoas. Exemplo disso seria impedir um grupo de acessar um local em decorrência da sua raça, etnia ou religião.

O autor de crime de racismo pode ter uma punição de 1 a 5 anos de prisão. Trata-se de crime inafiançável e não prescreve. Ou seja: no caso de quem está sendo julgado, não é possível pagar fiança; para a vítima, não há prazo para denunciar.

Já a injúria racial consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem a fim de atacar a dignidade de alguém de forma individual. Um exemplo de injúria racial é xingar um negro de forma pejorativa utilizando uma palavra relacionada à raça.

Violência contra negros no Brasil

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021 (levantamento mais recente feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com dados do ano de 2020), 75,8% das vítimas de homicídio no Brasil eram pessoas negras.

Entre as pessoas mortas por policiais, 78,9% são pessoas negras.

Na esfera do poder público, não existe uma divulgação transparente de dados oficiais nacionais sobre homicídios ou sobre mortes provocadas por policiais em todo o Brasil. O governo brasileiro também não disponibiliza dados nacionais sobre as investigações e punições de homicídios.