Zagueiro brasileiro adota tratamento inovador e monitora corpo 24h por dia
O zagueiro André Ramalho, do PSV (HOL), adotou um tratamento inovador e faz um monitoramento do seu corpo 24 horas por dia. O trabalho é chefiado por Diego Brito, preparador físico brasileiro que trabalha também nas categorias de base do Atlético de Madri (ESP).
O que aconteceu
Ramalho faz o monitoramento há quase um ano e tem visto resultados sólidos. O defensor viu melhoras na parte física desde que começou o trabalho.
O defensor utiliza uma espécie de pulseira que transmite dados em tempo real para Brito. O equipamento mede a qualidade do sono e a variabilidade da frequência cardíaca, por exemplo.
A rotina de Ramalho inclui breves formulários e conversas diárias com o preparador. O zagueiro se pesa logo pela manhã e informa a Brito dados como cor da urina, sua percepção de cansaço, etc.
Brito classifica o trabalho como Gestão de Performance e explica que o monitoramento 24h é só uma das partes do trabalho.
Além do monitoramento, são realizadas avaliações físicas de força e potência. Recentemente, também realizamos um teste com um analisador de gases para verificar qual o gasto calórico do atleta em repouso e em diferentes intensidades de exercício, tudo isso pra poder maximizar os efeitos da dieta. O próximo passo é fazer um mapeamento genético pra identificar genes que estejam relacionados com a performance e saúde do atleta. Fizemos também uma higiene do sono para melhorar quantidade e qualidade das horas dormidas"
Importância do trabalho. "Era o que eu precisava. É um monitoramento constante, e significa o que? Que cada decisão tomada a respeito do treinamento está sendo conectada com tudo. Meu treinamento dentro de campo, não, porque ele não consegue ter acesso a isso, mas minha percepção de como foi o treino, como estou me sentindo, como eu dormi, como estou me alimentando, tudo isso são informações que ele colhe e baseado nisso ele me dá o treinamento que devo fazer, quando, como e com qual carga", disse André Ramalho ao UOL.
Como funciona? "Tem que colocar se eu estou sentindo alguma parte do corpo dolorida, qual a minha percepção de cansaço de 0 a 20, a cor da primeira urina da manhã pra saber se estou hidratado, peso, como foi o treinamento em nível de cansaço de 0 a 10. É estar olhando todos os detalhes, e quando eu falo todos os detalhes, são todos: peso, urina, nível de hidratação, nível de cansaço, sono, nutrição, carga de treinamento..."
Resultados após um ano
André Ramalho subiu de 45 cm para 56 cm seu resultado em um teste chamado 'Salto Contra o Movimento'.
O zagueiro registrou um aumento na sua capacidade de explosão. Ele melhorou 100% sua velocidade propulsiva.
O defensor brasileiro teve uma velocidade máxima em partida de 34,1 km/h, mesmo número do valor mais alto atingido por um defensor durante a Copa do Qatar, por exemplo, quando o compatriota Éder Militão bateu a mesma marca no duelo contra a Suíça.
Quem é o 'pioneiro' André Ramalho
André Ramalho tem 31 anos e começou a carreira no Red Bull Brasil. Em poucos anos de pioneirismo no clube, ele se tornou o primeiro atleta a se transferir para a matriz em Salzburg (AUS).
Ao todo, foram sete temporadas na Áustria em duas passagens. Entre elas, jogou no Bayer Leverkusen (ALE) e no Mainz (ALE). Está no PSV desde a temporada passada.
Ramalho soma 16 títulos na carreira: 6 Ligas Austríacas, 5 Copas da Áustria, 2 Copas da Holanda, 2 Supercopas da Holanda e um Campeonato Paulista da série A-3.
Início no Red Bull. "Fui da primeira leva da categoria de base do Red Bull Brasil, sub-15 e sub-17. Eles fizeram uma seletiva em cinco capitais do Brasil. Todo mundo ganhou um colete da Red Bull, uma garrafinha e uma outra coisa a mais. Se você vai no Corinthians, você não ganha uma camiseta e uma garrafinha do Corinthians, pelo menos na minha época não. Você como menino não atenta muito a esses detalhes. Mas meu pai, sim."
Do Red Bull para o Red Bull. "Até então, só tinha boatos da possibilidade de um dia, quem sabe, um jogador do Red Bull ir pra Europa. Até então ninguém imaginava se era possível ou não. Eu fui o primeiro a fazer essa troca do Red Bull Brasil pro Red Bull Salzburg. Então, eu fui o primeiro em bastante coisa lá no Red Bull Brasil. Na primeira leva da categoria de base, fui o primeiro capitão também lá do sub-17, fui na primeira leva de Copa São Paulo de Futebol Júnior, na primeira subida da Bezinha, primeiro a ir pro Brasil e pra Europa"
Chegada ao Salzburg. "Eu nunca sei, na verdade, quem foi que fez (a ponte). Acredito que é um processo, né? O Carlos Andrade é um cara que me ajudou muito e fez parte desse processo pra me ajudar a dar esse próximo passo, ele foi comigo na primeira viagem que eu fiz do Brasil pra Áustria. Na época, a chance surgiu no time B do Salzburg e falaram dois dias antes de eu viajar que tinha essa possibilidade como zagueiro, e na época eu estava jogando de volante. Eu iria, ficaria duas semanas em teste e, se desse tudo certo, já ficava por lá. Eu nem pensei. Falei: vamos embora".
Nutrição foi primeiro passo
"Eu sempre comi bem, mas não era assim, regradinho de saber quanto vou colocar no meu prato. Eu nunca gostei de ouvir 'come 30 gramas de proteína' porque eu não sei o que são 30 gramas. 'Ah, tamanho da palma da mão, metade de arroz...' Eu não consigo. A tendência é sempre colocar mais, essa é a verdade. Aí, o Christian me mostrou um espanhol que não só me ensinava a nutrição, mas como ele estudava as medidas exatas e tinha um aplicativo para isso. E aí eu quis tentar. Ele fala tudo o que você tem que comprar também no mercado. Desde então, o percentual de gordura baixou, o rendimento, achei que melhorou, me senti melhor em campo. Para mim, é daqui até o final da carreira agora. Você vai ficando mais velho, você tem que cuidar mais ainda do seu corpo".
Opção pelo monitoramento 24h
"Era o que eu precisava. É um monitoramento constante, e significa o que? Que cada decisão tomada a respeito do treinamento está sendo conectada a tudo. Meu treinamento dentro de campo, não, porque ele não consegue ter acesso a isso, mas minha percepção de como foi o treino, como estou me sentindo, como eu dormi, como estou me alimentando, tudo isso são informações que ele colhe e baseado nisso ele me dá o treinamento que devo fazer, quando, como e com qual carga. Tudo isso é muito importante, porque o nível de fadiga, principalmente no final da temporada, vai aumentando. Se você tem dois jogos na semana é uma coisa, se você tem um jogo na semana é outra. Tudo isso tem que ser levado em consideração, e a gente tem que ir nos mínimos detalhes, para evitar não só a lesão, mas a fadiga, para não jogar todos os jogos cansado. Se acontecer de eu jogar cansado, está tudo monitorado, para que no próximo jogo a gente possa corrigir e estar pronto para a demanda que o próximo jogo exigir".
Como funciona o monitoramento
"Eu tenho o Up, uma pulseira que posso colocar em vários lugares. Ela controla meu sono, carga de treinamento e mostra isso para ele via aplicativo. Baseado no meu cansaço do dia, ele fala quanto que eu tenho que dormir para que eu possa me recuperar e estar bem para amanhã. Ele tem acesso a tudo isso e me passa uma visão geral de como foi a semana, o que tenho que melhorar".
"E tem a outra parte, que é um formulário que ele me passa diariamente. É estar olhando todos os detalhes, e quando eu falo todos os detalhes, são todos: peso, urina, nível de hidratação, nível de cansaço, sono, nutrição, carga de treinamento..."
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