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Vini Jr tem LeBron e Hamilton como referências na luta contra o racismo

Do UOL, em Santos (SP) e Rio de Janeiro (RJ)

23/05/2023 04h00Atualizada em 23/05/2023 08h25

O atacante Vini Jr, do Real Madrid, tem duas referências dentro do esporte no posicionamento contra o racismo: LeBron James e Lewis Hamilton.

O que aconteceu

Se as ofensas nos estádios da Espanha subiram de tom e frequência, Vini Jr. deixou de aceitar calado. As críticas passaram a ser direcionadas à sociedade espanhola, como um todo, e à falta de punições por parte da Liga.

Na construção como indivíduo e esportiva, chamou a atenção de Vini a forma como LeBron e Hamilton sempre se posicionaram a respeito das questões raciais. Um é o melhor jogador da geração na NBA. O outro, sete vezes campeão de Fórmula 1 e único negro no grid.

A influência, mesmo à distância, que LeBron e Hamilton exercem sobre Vini vai além da postura antirracista, mas abrange questões sociais. Não por acaso, Vini criou um instituto para ajudar no desenvolvimento educacional e esportivo de crianças.

Nessa última leva de manifestações, o próprio Hamilton demonstrou apoio a Vini nas redes sociais: "Estou com você".

Vini só reage como tem reagido porque se viu em meio a uma série de ataques da qual não queria ser alvo. Mas ele percebeu que não poderia aceitar passivamente.

Vini não tem dúvidas de que sua causa é correta e seu posicionamento é adequado. A postura de dirigentes de clubes e da Liga tem irritado o jogador de forma crescente a cada episódio.

O embate com a Espanha

"Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas", escreveu Vini em um dos posicionamentos publicados desde o jogo de domingo (21), contra o Valencia.

Ao enfatizar o cenário, Vini se vê chamando atenção não só para a forma como o racismo é tratado na Liga, mas na sociedade espanhola como um todo.

A proporção dos ataques é tanta — reverberada por dirigentes, jogadores adversários e imprensa local — que Vini passou a se questionar se vale a pena ficar onde está, apesar do apoio e relevância que tem no Real Madrid.

O posicionamento nas redes foi um recado: depois de tanto chamar atenção para os casos e lutar contra o racismo, Vini entende que sua parte está feita. O atacante espera ações contundentes das autoridades e não se vê lutando sozinho contra os episódios até o fim da carreira.

Caso o cenário não mude na Espanha, Vini Jr deve desistir da luta no país e levar seu futebol para outra liga com menos histórico de racismo.

Ele tem 23 anos e decolou nas últimas duas temporadas, já figurando entre os melhores do mundo e conquistando títulos relevantes.

O aspecto mental

A força mental de Vini chama atenção de quem o cerca. Apesar de todos os ataques, ele evita o assunto em casa e consegue manter a alegria que lhe é característica como se nada tivesse acontecido.

Vini Jr desde muito novo precisa lidar com a pressão — seja por desempenho, por desconfiança, porque ele dança nas comemorações e porque recebe ofensas de cunho racistas.

Ele era protagonista ainda na base do Flamengo. Depois, foi sensação na seleção sub-17 e foi vendido aos 16 anos para o Real Madrid por 45 milhões de euros.

O estilo de jogo ousado, com drible e velocidade, acrescenta um elemento a mais no toque de personalidade que ele mostra em campo.

Vini Jr quer jogar futebol em paz. Mas também quer um basta no racismo.