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Ídolo do Rayo Vallecano foi alvo de racismo de torcida do Real Madrid

Mural feito em homenagem a Wilfred Agbonavbare no Estádio de Vallecas, do Rayo Vallecano - Reprodução/Bukaneros
Mural feito em homenagem a Wilfred Agbonavbare no Estádio de Vallecas, do Rayo Vallecano Imagem: Reprodução/Bukaneros

Do UOL, em São Paulo (SP)

24/05/2023 04h00

O ex-goleiro nigeriano Wilfred Agbonavbare, ídolo do Rayo Vallecano, foi vítima de ofensas racistas da torcida do Real Madrid na década de 1990. As duas equipes se enfrentam hoje (24), três décadas depois, logo após Vinicius Junior ter sido hostilizado racialmente mais uma vez na Espanha.

O que aconteceu

Willy, como era conhecido no clube do bairro madrilenho Vallecas, teve atuações que "custaram" ao Real o título do Espanhol da temporada de 1992/93. O arquirrival Barcelona se sagrou campeão daquela edição por um ponto de diferença.

O goleiro foi determinante na vitória por 2 a 0, no primeiro turno, e defendeu um pênalti no empate por 1 a 1, na segunda metade do campeonato.

Ele foi alvo de gritos racistas vindos da arquibancada do Santiago Bernabéu — que será palco da partida de hoje válida pela 36ª rodada da La Liga. Os insultos foram gravados e mostram o tratamento que o jogador recebeu durante o confronto (assista abaixo).

"Negro, safado, recolhe o algodão" e "Ku Kux Klan" ecoavam nos arredores e no estádio direcionados ao jogador africano.

Willy chegou a minimizar o episódio na época. "É normal, sou moreno, e depois de ter defendido como hoje, esperava que me xingassem. Sou jogador, estou muito concentrado na minha partida, não tem problema", afirmou a uma TV espanhola.

O nigeriano, no entanto, também disparou contra o racismo na Espanha em outra entrevista. Ele desabafou sobre o ódio que recebeu devido à sua cor.

Eles deveriam tomar alguma medida para erradicá-lo. Há jogos em que as pessoas dizem 'o goleiro é preto, você tem que marcar sete gols', ou simplesmente gritam 'Ku Klux Klan, Ku Klux Klan!'. Na Espanha, existe racismo" Willy, à revista Don Balón

Idolatria e morte precoce

Willy atuou por seis temporadas e virou um ídolo do rayismo. Ao todo, foram 177 jogos pelo Rayo Vallecano.

Ele também defendeu a seleção nigeriana na Copa do Mundo de 1994 e foi campeão africano naquele ano.

O nigeriano morreu em 2015, aos 48 anos, vítima de câncer.

O Rayo nomeou o portão de número 1 do Estádio de Vallecas em homenagem a ele. "Sempre em nossa memória. Eterno Willy", foi gravado no local.

O goleiro também foi eternizado com um mural na fachada do estádio.

Por sua defesa da faixa e sua luta contra o racismo, o rayismo nunca te esquecerá. Eterno Willy."