Por que Romário quer presidir o America-RJ e o que ele pensa sobre SAF

Romário trata como uma decisão sem volta a candidatura à presidência do America-RJ, na eleição que acontecerá em novembro.

O pleito definirá quem será o sucessor de Sidney Santana, que está no fim do segundo mandato e não pode participar do pleito por limitações legais e estatutárias.

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O America venceu o Carioca pela última vez em 1960 e atualmente está na Série A2, a segunda divisão do Estadual.

Quem vai concorrer?

O Baixinho, que é senador, corre atrás das assinaturas para oficialização da chapa e contou que sua plataforma de campanha está em fase de desenvolvimento. Mas trouxe algumas preocupações, como a dívida do clube — segundo ele, em torno de R$ 80 milhões.

Romário não é o candidato da situação, embora diga que "é inimigo de ninguém". Da parte do lado do atual presidente, a definição do candidato ainda não aconteceu.

Vai virar SAF?

A gestão atual assinou contrato com a empresa Win The Game, ligada ao BTG Pactual, cujo cabeça é Claudio Pracownik, ex-vice de finanças do Flamengo. No escopo anunciado pelo clube, a empresa vai ajudar na captação de patrocínios, com a gestão conjunta com o clube da áreas de marketing, comercial, comunicação, licenciamento, inteligência de dados, CRM e e-commerce.

O UOL apurou que essa iniciativa é uma preparação de terreno para deixar o clube mais atraente para eventuais investidores futuros. Por ora, a discussão envolvendo a SAF não passa disso.

"A questão da constituição de uma SAF no America está em nossa pauta, porém será uma discussão mais à frente com a participação dos sócios e dos poderes do clube, e de toda maneira estamos atentos a esse movimento", disse o atual presidente, Sidney Santana.

"Eu vejo a SAF como a modernidade do futebol. Mas sou candidato a presidente, e não dono. A gente vai conversar sobre todos os assuntos. O que eu acho da SAF? Veio para ficar, mudar o futebol brasileiro, mas é algo que vai ser conversado com as pessoas, com os conselhos e os sócios", afirmou Romário.

Os problemas do America-RJ atualmente

Tanto Romário quanto Sidney disseram ao UOL que o futuro do clube passa pela construção da nova sede, na Rua Campos Salles, na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio. A sede anterior foi demolida e o terreno será usado para construção de um shopping.

"O foco de nossa administração vem sendo dar continuidade ao trabalho iniciado na gestão Léo Almada no tocante ao reerguimento do America, tanto na questão patrimonial, como também no futebol profissional e base, sendo ambos alicerçados com o projeto do empreendimento imobiliário da nova sede social", contou o atual presidente do clube.

A estrutura física do America ficará futuramente, segundo o projeto, na cobertura do empreendimento. A obra sofreu atrasos nos anos da pandemia. Uma projeção mais recente da empresa responsável apontava para conclusão em 2025.

"Existem assuntos que hoje são mais importantes do que a SAF. Um deles é resolver definitivamente a situação do espaço na Campos Salles. Todos os americanos querem entender e saber o que vai acontecer. Derrubaram a sede de uma hora para a outra. Há ações correndo em relação a isso. Não acredito que tenha havido sacanagem ou má intenção, mas as coisas têm que ser esclarecidas", disse Romário.

E a função de Romário como senador?

Sidney Santana: "O senador Romário é uma figura pública e é muito importante no cenário do futebol. Nós do America nutrimos um carinho muito grande pelo saudoso grande americano sr. Edevair, pai dele. Mas a gestão de um clube como o America precisa, acima de tudo, de alguém que conheça o clube em sua profundidade e que tenha muita dedicação e comprometimento. Por força dos inúmeros compromissos que o senador Romário tem, representando o estado do Rio em Brasília, acredito que isso possa impedi-lo nesse momento".

Romário: "Eu tenho minha responsabilidade, cumpro com meus compromissos. Se eu me coloco à disposição para ser presidente do America, eu vou ser. A minha atuação como senador não atrapalha nada. Existem senadores que são presidentes ou diretores de clubes. Na Câmara também. Está na hora de pensar o que é bom para o America. No meu entendimento, sou eu. Tomara que o Sidney também pense assim".

Processo ganho, dinheiro gasto

Em 2021, o America venceu um processo contra a Eletrobras que rendeu indenização de R$ 44,4 milhões. Isso turbinou o lado contábil do balanço financeiro do clube, que fechou o exercício com R$ 15,5 milhões de superávit. Mas o efeito de caixa foi diferente.

Parte do dinheiro foi retido por causa de penhoras (R$ 17 milhões) e o clube ficou com R$ 15 milhões. Só que o dinheiro escoou por causa de custas de advogados que se envolveram ao longo do processo.

Do total, R$ 8,1 milhões foram para quitação de empréstimos a credores. Já R$ 1,4 milhão cobriu despesas bancárias, como juros e saldo negativo. O clube ainda sofreu R$ 2,3 milhões em bloqueios judiciais trabalhistas, além de outras despesas menores que fizeram o dinheiro escoar.

"Como acontece com todos os clubes de futebol que participam de competições sem a devida visibilidade e subvenção da Federação para viabilizar tais competições, o cenário é de incessante busca por recursos, inclusive com a recuperação de ativos do clube e a triste realidade das dívidas herdadas que por vezes inviabilizam o atendimento de compromissos presentes", disse o atual presidente do clube.

"A administração do grupo atual não tem mais credibilidade. O passivo do America hoje é na base dos R$ 80 milhões. É o legado de gestões passadas. Vai ter a hora de resolver isso. Temos que encontrar parceiros e vamos encontrar. É um time centenário, que tem muito carinho. Vamos fazer um trabalho do c...", finalizou Romário.