Topo

Brasileira narra descaso ao flagrar racismo contra Vini Jr: 'Estavam rindo'

Torcedor do Barcelona flagrado com insultos e gestos racistas contra Vinicius Junior - Reprodução/Arquivo pessoal
Torcedor do Barcelona flagrado com insultos e gestos racistas contra Vinicius Junior Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo (SP)

26/05/2023 04h00

A advogada brasileira Luana Gelbcke conversou com o UOL sobre os atos racistas contra Vinicius Junior que ela presenciou na torcida do Barcelona durante o último El Clásico.

O que aconteceu

Luana gravou um torcedor do Barça fazendo sons, gestos e chamando o atacante do Real Madrid de macaco. O episódio ocorreu na partida disputada em 5 de abril, pela semifinal da Copa do Rei.

O ato racista não foi um caso isolado no Camp Nou e envolveu até crianças, segundo ela. "Ele não era o único fazendo sons de macacos, foi o único que consegui gravar. Tentei filmar outras pessoas, mas batiam no meu celular", disse.

Ela afirmou que as ofensas racistas começaram após o segundo gol do Real. Antes, contou, eram apenas os "xingamentos conhecidos" do meio do futebol.

"Estava um clima bem hostil porque estavam perdendo, estávamos bem acanhados ali", recordou Luana, que estava acompanhada do irmão. O Real Madrid venceu o rival por 4 a 0, fora de casa, com Vini Jr participando de três gols: anotou um, sofreu pênalti e deu assistência.

O torcedor filmado foi retirado do estádio por seguranças. O irmão da advogada chegou a discutir com o homem e foi alvo de ofensas xenofóbicas enquanto ela denunciava o racismo que havia flagrado pela primeira e única vez na vida.

Uma criança de 8 anos estava na nossa frente imitando macaco. Não vou generalizar, falar que foi todo mundo, mas foi uma quantidade boa de pessoas que estavam cometendo atos racistas lá." Luana Gelbcke, ao UOL

Descaso e pouca ação

Luana decidiu publicar o vídeo nas redes sociais após os novos ataques racistas que Vini Jr sofreu, no jogo contra o Valencia, no último domingo (21). Ela explicou que tinha medo de denunciar o caso ocorrido há sete semanas, mas que foi motivada pela nova indignação com o episódio recente.

A advogada relatou que os atos racistas na torcida do Barça só pararam após a expulsão do homem do estádio. "As outras pessoas viram que podiam ser expulsas também e ficaram quietas. Até então, estavam sendo complacentes", comentou.

A brasileira desabafou dizendo que os demais presentes estavam rindo e não se incomodaram com o racismo. Ela criticou a falta de indignação dos outros torcedores no setor em questão.

Além disso, Luana acrescentou que os seguranças fizeram pouco caso quando ofereceu a filmagem para que levassem à polícia. "Soube naquele momento que nenhuma atitude ia ser tomada", concluiu — até o momento, apenas dois dos nove casos de racismo contra Vini na Espanha tiveram punições.

Estavam simplesmente aceitando o que estava acontecendo. Rindo, escutando, não estavam se incomodando. Algumas pessoas aderiram às ofensas racistas, inclusive crianças, e não vi ninguém indignado."