Baterista do Titãs foi aprovado no SPFC, mas ouviu 'não' do pai corintiano
A bola apareceu antes das baquetas na vida de Charles Gavin. Ele queria ser jogador de futebol na infância e passou em duas etapas de uma peneira do São Paulo, mas esbarrou no pai, corintiano roxo. Então, dedicou-se à música.
O que aconteceu
O baterista dos Titãs contou ao UOL que jogava como zagueiro e que foi aprovado em um teste no São Paulo aos 14 anos. Ele foi levado à peneira junto com outros garotos com quem jogava em sua rua por um vizinho que era conselheiro do clube.
Seu pai, no entanto, foi contra ele treinar no Morumbi. O menino que morava na Vila Mariana com a família ouviu, em meados da década de 1970, que a ida até o bairro na zona oeste de São Paulo era um entrave.
"Ele falava que era muito longe, que eu era muito jovem. Meu pai tinha medo, mas, na real, ele era corintiano roxo e não queria que eu treinasse no juvenil do São Paulo. Não me apoiou, e eu não voltei", revelou.
Sua alternativa para tentar seguir no futebol também não deu certo: ele não entrou na Portuguesa. Participar de uma peneira no Corinthians, seu time do coração pela influência insistente do pai, nem sequer entrou nos planos pela distância da zona leste. "Era difícil chegar lá na época", acrescentou.
Charles começou a tocar bateria aos 16 anos e seguiu carreira na música. Atualmente, 46 anos depois, ele se divide entre a turnê Titãs Encontro e a atuação como comentarista esportivo no sportv.
Música e futebol, e vice-versa
A paixão de Charles por esporte se somou à dos outros integrantes do Titãs. Ele contou que o grupo amava debater futebol e que eles sempre jogavam nas horas vagas.
Foi a relação do futebol com a música, inclusive, que o credenciou para comentar na TV. O primeiro convite veio em 2011 e partiu de André Rizek, que na época comandava o programa Redação sportv.
"Os Titãs falavam mais de futebol do que de música. Ele sabia disso e me convidou para o Redação", relembrou. Animado, o músico aceitou de pronto.
Charles continuou sendo convidado e, de programa em programa, acabou sendo efetivado em 2020. Para chegar sempre "inteirado" nos assuntos do dia a dia esportivo, o baterista conciliava tarefas e consumia o máximo de informação que podia.
O músico precisou ajustar a sua agenda pela turnê dos Titãs. Ele, que participa dos programas semana sim, semana não, trocou o dia: "Dá para conciliar os shows e a estrada com o Redação. Mas passei de sexta para terça, são dias completamente diferentes de ritmo", concluiu.
Sempre trago música comigo para me diferenciar, o programa gosta. Eu me sinto totalmente à vontade, fui aceito no meio do jornalismo esportivo, que é totalmente competitivo. De quebra, procuro trazer uma visão de outros ângulos."
Racha contra a técnica
Foi em uma pelada em um campinho esburacado de hotel que o músico pendurou as chuteiras, em 1993. Os Titãs estavam se apresentando em São José do Rio Preto e, durante uma brecha na agenda, os integrantes decidiram enfrentar a equipe técnica.
O baterista pisou em um buraco e acabou "arrebentando" o joelho. Ele lesionou o ligamento cruzado e teria que operar.
Charles decidiu não fazer cirurgia para não interferir no trabalho. "Nunca mais joguei. Tinha que parar de tocar bateria para operar", explicou.
Ele é nostálgico ao relembrar os tempos áureos dos jogos dos Titãs contra a técnica. "Às vezes, a gente ganhava, às vezes levava uma surra da técnica, mas os rachas eram sensacionais. Alguns antológicos".
Os Titãs tinham um time legal. Marcelo (Fromer) era muito habilidoso, ousado, jogava na frente com Branco (Mello) e Brito. Sérgio Brito era centroavante, Nando Reis lateral direito e eu jogava na zaga com Tony (Belotto) e Arnaldo Antunes. Goleiro era Paulo (Miklos), agarrava muito." Charles Gavin ao UOL
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