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O que aconteceu com nigerianos que jogaram no Inter no início dos anos 2000

Obinna, atacante nigeriano, passou pelo Internacional - Daniel Boucinha/SC Internacional
Obinna, atacante nigeriano, passou pelo Internacional Imagem: Daniel Boucinha/SC Internacional

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

28/05/2023 04h00

No início dos anos 2000, o Internacional resolveu inovar. Embalado pelo sucesso de seleções africanas nas categorias de base, o Colorado contratou três jogadores nigerianos. Dois deles tinham acabado de ser campeões continentais sub-20. O quarteto foi completo no ano seguinte com outro atleta do mesmo país, mas a aposta se mostrou pouco eficiente e sem reflexo algum no time, marketing ou nos cofres do clube.

A expectativa gaúcha era abrir mercado e expandir a marca do clube no continente africano. O sucesso dos nigerianos poderia catapultar a marca vermelha, que em 2005 ainda não tinha erguido as taças da Libertadores e do Mundial. Não deu certo.

Todos os quatro nigerianos que passaram pelo Inter já se aposentaram. Apenas um dele conseguiu sucesso e atuou com regularidade na Europa. Os demais ou rodaram atrás de oportunidades ou sequer as tiveram.

Como chegaram ao Inter

No início de 2005, o Colorado contratou os atacantes Victor Obinna Nsofor e Nicolas Ifeanyi Obediah e o volante Oluwaseun Kolowale Anubi. As chegadas aconteceram em parceria com o empresário argentino Marcelo Houseman, que vivia na Alemanha e trabalhava com o mercado africano.

Kola Anubi e Obinna tinham acabado de conquistar a Copa Africana de Nações sub-20. Obediah chegou para testes e foi aprovado, mas seria emprestado em razão do limite de estrangeiros da época ser de apenas três por clube, e no elenco principal estava o paraguaio Gavilán. O Colorado gastou 200 mil dólares para contar com eles (R$ 1 milhão na cotação atual).

O clube disponibilizou intérprete e aulas de português para o trio, que impressionava pelo porte físico - mais forte do que os jogadores de mesma idade do Inter - além da aparência 'mais velha'.

Desligamento e sumiço

Dias após a apresentação, Obediah foi embora. Ele seria emprestado e não estava disposto a esperar. Anubi permaneceu mais algumas semanas, mas não se adaptou e também se desligou do clube. Obinna ficou, mas não por muito tempo.

Depois de alguns jogos-treino e amistosos com o time B do Inter, que servia de suporte ao time principal, ele simplesmente parou de comparecer aos treinamentos, sem qualquer aviso. A direção da época ficou apreensiva até descobrir que o jogador tinha viajado para assinar com o Chievo Verona, da Itália, pois acabara de completar 18 anos.

O Colorado apelou à Fifa e acabou recebendo 200 mil euros (R$ 1,1 milhão na cotação atual) pelo rompimento.

Nova tentativa no ano seguinte

Abubakar Bello-Osagie, meia nigeriano que passou pelo Inter em 2006 e 2007 - Divulgação/Inter - Divulgação/Inter
Imagem: Divulgação/Inter

Caminho semelhante trilhou o meia Abubakar Bello-Osagie. Depois de ter sucesso na Nigéria, passou rapidamente pelo River Plate por intermédio do mesmo empresário e chegou ao Inter em 2006 para atuar no time B. Logo de cara, ele foi bem aproveitado no time B e na base, chegando a conquistar o Brasileirão Sub-20 na equipe que tinha Alexandre Pato e Luiz Adriano, treinada por Lisca.

"Ele veio do River Plate, já tinha uma adaptação ao continente sul-americano. Era bom jogador, tinha boa força, jogava de atacante pela direita e meia direita, fez um quarteto bem interessante no time B com Cleiton Xavier, Pato e Luiz Adriano. Ele foi campeão brasileiro sub-20 conosco em 2006. Ele era bom jogador, mas não gostava muito de fazer a parte física, dizia que não entendia quando era físico. Ele tinha bom potencial", disse Lisca ao UOL.

Ao contrário dos compatriotas, ele permaneceu mais tempo no Sul, chegando a disputar o Campeonato Gaúcho de 2007. Sem tanto sucesso no time de cima, Abu foi liberado para assinar com o Vasco em 2008 e jogou pouco em razão da falta de visto de trabalho. Foram só quatro partidas até assinar com o Caxias, seu último clube no país, onde permaneceu até 2010.

O que houve com eles?

16.nov.2013 - Victor Obinna, da Nigéria, comemora após marcar um gol na partida contra Burkina Fasso pelas eliminatórias da Copa do Mundo-2014 - AFOLABI SOTUNDE/Reuters - AFOLABI SOTUNDE/Reuters
Imagem: AFOLABI SOTUNDE/Reuters

Hoje com 36 anos, Victor Obinna foi, sem dúvida, o de maior sucesso. Depois de passar pelo Chievo, jogou na Inter de Milão, no Málaga, da Espanha, no Lokomotiv Moscou, da Rússia, no West Ham, da Inglaterra, no Darmstadt e no Duisburg, da Alemanha. Seu último clube foi o Cape Town City, da África do Sul, onde se aposentou em 2018. Ele foi figura importante no país, jogando pela seleção da Nigéria os Jogos Olímpicos de 2008 e a Copa do Mundo de 2010, entre outras competições.

Obediah, de 36 anos, teve carreira curta no futebol. Ainda no Brasil, fez um período de testes no São Caetano, não foi aprovado e acabou voltando para Nigéria. Não há registros sobre seu aproveitamento em outros clubes.

Kola Anubi, também com 36 anos, voltou para Nigéria, onde atuou por seis equipes até se aposentar em 2014.

Já Abubakar, hoje aos 34 anos, foi mais longe quando deixou o Brasil. O meia-atacante partiu para Malta, onde defendeu nove times diferentes, atuando até no futebol amador do país. Sua última aparição foi pelo Marsakala, em 2021, quando se aposentou.

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