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Brasileiro é resgatado após meses de trabalho análogo à escravidão em Dubai

Moisés Brisolla, jogador de futebol brasileiro que foi vítima de trabalho análogo à escravidão em Dubai - Arquivo Pessoal
Moisés Brisolla, jogador de futebol brasileiro que foi vítima de trabalho análogo à escravidão em Dubai Imagem: Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

31/05/2023 17h53Atualizada em 31/05/2023 17h56

O jogador de futebol Moisés Brisolla, de 20 anos, voltou ao Brasil após passar cerca de 8 meses trabalhando em condições análogas à escravidão em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

O que aconteceu

Moisés foi para Dubai em julho de 2022 para jogar no Al-Rams Club, mas foi dispensado após um mês por sentir cãibras. Seu empresário o aconselhou a ficar na casa de um empresário brasileiro e trabalhar na fábrica de cosméticos do mesmo.

O jovem permaneceu no local durante oito meses trabalhando em condições análogas à escravidão, segundo documento enviado pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul (CCDH RS) ao Itamaraty em março deste ano ao qual o UOL teve acesso.

O jogador trabalhava mais de 15h por dia, não recebia salário nem tinha contrato de trabalho e teve o celular recolhido. Esporadicamente, ele conseguia entrar em contato com um familiar a quem pediu ajuda e que denunciou o caso à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos.

O resgate de Moisés foi feito pela CCDH do Rio Grande do Sul em parceria com o Itamaraty.

Moisés desembarcou ontem no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e já foi ouvido pelas autoridades.

O nome da empresa na qual o jovem ficou trabalhando não será divulgado a pedido da CCDH.

É mais um caso que mostra a estrutura racista no futebol e que, a cada dia, vem nos mostrando que isso já não cabe mais no Brasil, nem no restante do mundo. [...] Estamos virando apenas mais uma página de um imenso capítulo sobre o tráfico para trabalho escravo que nunca deixou de existir" Laura Sito, presidenta da Comissão de Direitos Humanos

Vaquinha para voltar ao Brasil

Laura Sito foi procurada pela família de Moisés para ajudar no resgate do jogador e no pagamento de multa migratória no valor de R$ 10 mil. Ao UOL, ela explicou que a Portaria MRE nº402, de 22 de julho de 2022, impede o Ministério das Relações Exteriores de pagar, com recursos públicos, a multa migratória.

Multa migratória é uma penalização financeira imposta a estrangeiros que violem leis migratórias locais como, por exemplo, trabalhar sem autorização.

A comissão organizou uma vaquinha para bancar com as despesas. As passagens foram emitidas pelo Ministério de Relações Exteriores.

O Ministério das Relações Exteriores já denunciou os envolvidos no caso de Moisés à Polícia Federal.