Topo

Liga Europa - 2022/2023

Bomba-relógio? Saída de Sampaoli fez Sevilla arrancar e chegar a nova final

Bruno Madrid e Tales Torraga

Do UOL, em São Paulo

31/05/2023 04h00

Maior campeão da Liga Europa, o Sevilla mede forças com a Roma hoje em busca do 7° título da competição europeia após uma mudança drástica nos últimos dois meses. O jogo começa às 16h (de Brasília), na Puskás Arena, na Hungria.

O 'caos' chamado Sampaoli

O Sevilla demitiu Jorge Sampaoli, atual comandante do Flamengo, no dia 21 de março. José Luis Mendilibar foi escolhido para suceder o argentino, que voltou ao Brasil quase um mês depois.

A diretoria espanhola optou pela mudança de planos após uma série de problemas com o técnico sul-americano, visto como uma "bomba-relógio" por seu comportamento.

Relatos ouvidos pelo UOL indicaram que o desgaste com Sampaoli surgiu com questões extracampo, como, por exemplo, o fato de o treinador jamais dar ou responder a um "bom dia" — ele alegava que estava concentrado no trabalho e não queria distrações.

Um dos jogadores mais irritados com o argentino era justamente um compatriota, o lateral-esquerdo Marcos Acuña, campeão na Copa do Mundo do Qatar.

Ambos tiveram seguidas discussões, com Sampaoli cobrando do atleta o comprometimento que tinha antes de ganhar o Mundial, algo que o jogador jamais aceitou calado.

Jorge Sampaoli acumulou uma série de desavenças no comando do Sevilla - Burak Akbulut/Anadolu Agency via Getty Images - Burak Akbulut/Anadolu Agency via Getty Images
Jorge Sampaoli acumulou uma série de desavenças no comando do Sevilla
Imagem: Burak Akbulut/Anadolu Agency via Getty Images

Outro conflito ocorreu quando o treinador exigiu que o mate, infusão comum na Argentina, chegasse ao clube como mercadoria custeada pela própria instituição. Além do técnico e sua comissão, cinco jogadores argentinos (Montiel, Acuña, Papu Gómez, Ocampos e Lamela) tomavam a bebida sem mexer no bolso, o que incomodou os jogadores de outras nacionalidades, que passaram a reivindicar mimos semelhantes.

A falta de sintonia ficou escancarada no fim de fevereiro, no duelo contra o Osasuna. Jogando em casa, o Sevilla tinha acabado de levar o terceiro gol — perdia por 3 a 2 —, quando Sampaoli deu ao volante sérvio Nemanja Gudelj uma folha de papel com instruções táticas.

Gudelj levou o papel até o meio-campista Óliver Torres. Enquanto o espanhol tentava entender as instruções, Acuña tirou o papel da mão do colega, amassou e jogou no chão. Ali, segundo fontes do clube, "ficou claro que as coisas não iam bem".

Fim da linha e reviravolta

A gota d'água foi a derrota para o Getafe menos de um mês depois pelo Campeonato Espanhol, que gerou a demissão. O argentino comandou o clube em 31 partidas, com 13 vitórias, 6 empates e 12 derrotas, deixando o time na briga contra o rebaixamento no torneio.

Desde então, o cenário mudou com Mendilibar: foram 15 jogos disputados e apenas duas derrotas — a equipe venceu oito vezes e empatou as outras cinco neste período.

A chance de queda no Espanhol, portanto, ruiu, e a boa sequência culminou com o Sevilla eliminando o Manchester United na semifinal da Liga Europa.

Sem a "turbulência Sampaoli", o Sevilla tem pela frente outro personagem do futebol: José Mourinho. O português, que comanda a Roma, não vence há quatro jogos com a equipe italiana, mas aposta no duelo contra os espanhóis para preencher seu currículo como mais um título internacional.

José Mourinho, técnico da Roma, em partida pela Liga Europa - THILO SCHMUELGEN/REUTERS - THILO SCHMUELGEN/REUTERS
José Mourinho, técnico da Roma, em partida pela Liga Europa
Imagem: THILO SCHMUELGEN/REUTERS

Sevilla x Roma -- final da Liga Europa

Data: 31 de maio de 2023, às 16h (de Brasília)

Local: Puskás Arena, em Budapeste (Hungria)

Transmissão: SBT (TV aberta), TV Cultura (TV aberta), ESPN (TV fechada) e Star+ (streaming)