Ex-lateral Ramon fala sobre depressão na Turquia: 'Queria me machucar'
Ramon, ex- lateral do Vasco e do Flamengo, contou sobre depressão vívida quando jogava na Turquia.
O que aconteceu:
O jogador contou que teve depressão no período em que jogou na Turquia e disse que isso é muito recorrente no esporte em geral. Ele atuou no Antalyaspor de janeiro de 2016 a maio de 2017 e antes no Besiktas (2013-16).
Ele afirmou que nunca teve vontade de tirar a própria vida, mas que tinha pensamentos de se machucar para poder voltar para o Brasil. "Eu não tive vontade de tirar a minha vida, vinham ideias na minha cabeça de bater o carro de propósito para eu poder me machucar e vir para o Brasil, ficar um tempo."
Ramon contou que se sentia muito sozinho no país. Sua esposa - na época namorada - fazia faculdade no Brasil e ele acompanhava o crescimento de sua filha a distância.
Suas únicas companhias eram a moça que o ajudava em casa e o seu motorista, que era considerado mais amigo do que motorista.
Ida a hospital
Ramon relatou que entendeu que precisava de ajuda, quando teve uma forte crise de pânico.
Eu tive que descer pro hospital às pressas, eu pensei que estava infartando. Mas era crise de pânico. Cheguei lá, fiz todos exames, não tinha nada, era mais uma crise de pânico, nervosismo, que eu não sabia explicar o porquê." Ramon, ao podcast do Jornal dos Sports em parceria com a Band Rio
Ele recebeu a visita do presidente clube, do treinador, de Samuel Oto'o e de outro jogador brasileiro no hospital. Todos estavam preocupados com o que estava acontecendo com ele.
Ramon contou que fez um check up que não apontou nada, então lhe deram um calmante e ele se sentiu melhor. Com isso, percebeu que estava doente e precisava de tratamento.
Volta ao Brasil
Ele pediu para voltar para o Brasil por alguns dias. O treinador autorizou e perguntou se ele conseguia voltar em uma semana, pois tinha clássico regional.
Eu saí de lá falando assim: 'nunca mais vou pisar nesse lugar' vim embora . Chegando deu segunda-feira, falei: 'não vou voltar'. Meu treinador me ligou, começou a me xingar 'você não quer voltar, eu sei porquê, porque é carnaval no Brasil"
Ramon precisou ligar para o presidente e explicar a situação: mandou receita médica, o laudo em inglês, tudo para comprovar que não estava no Brasil para 'curtir'. O presidente, então, autorizou ele a continuar no Brasil.
Mas o empresário dele fez pressão para que o atleta voltasse: "Você tem que voltar cara, você tem contrato. Se você não voltar, os caras não vão te liberar, não vão te pagar e você não vai conseguir jogar em lugar nenhum mais."
Retorno à Turquia
O ex-jogador cogitou parar de jogar futebol, mas foi convencido a voltar para a Turquia.
Quando chegou no clube, o presidente ficou assustado com a aparência dele, pois estava pele e osso.
Ele tomou um susto, ele realmente entendeu o que eu estava passando, que não era Carnaval. Aí falou assim: 'Ramon, vamos fazer o seguinte, [era início de fevereiro], volta para o Brasil, fica até o dia 30 no Brasil. Em março volta para cá e treina. Então, eu te libero quando acabar a temporada, joga dois, três jogos, só para dizer que você jogou, para você pegar um clube bom no Brasil."
Ramon voltou para a Turquia em março e ficou até o fim da temporada. Em junho de 2017, ele foi anunciado no Vasco, seu último clube antes da aposentadoria, em 2020.
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.
O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.