Arena do Santos vira propulsora e intensifica guerra WTorre x Palmeiras
Nos últimos meses, o conflito entre Palmeiras e WTorre se transformou em uma guerra aberta e declarada. A dívida cobrada pelo Verdão na Justiça é o principal motivo, mas outro fator se tornou propulsor para acirrar ainda mais os ânimos palmeirenses: a futura Arena do Santos.
Na segunda reportagem da série em quatro episódios sobre os bastidores do tripé Allianz Parque-WTorre-Santos, o UOL mergulhou na relação entre as partes para entender os pormenores da disputa WTorre x Palmeiras e a relação disso com a nova Arena do Santos.
O que aconteceu
Existe um incômodo grande na cúpula, na política e nas arquibancadas do Palmeiras com a construção de uma Arena para o Santos neste momento, sobretudo diante da dívida da WTorre.
Os alviverdes não entendem como seria possível a construção de uma Arena para um rival se a empresa nem sequer paga o que deve ao Palmeiras. E esse movimento de 'priorizar' novos negócios revolta a cúpula palmeirense e foi um dos principais fatores que levaram a ações recentes como a abertura de inquérito policial a pedido da presidente Leila Pereira contra a Real Arenas.
Dentro do Verdão, existe quase uma certeza de que a WTorre não tem condições financeiras de construir uma nova Arena neste momento. A sensação pelos lados do clube é de que o Santos faz um péssimo negócio.
O entendimento do Palmeiras do atual cenário é de que a WTorre não tem a menor intenção de pagar o que deve ao clube. O Verdão alega que há oito anos a empresa não faz os repasses devidos em escritura e por isso o caso está em litígio.
Qual a versão da WTorre?
O UOL ouviu que a empresa vê esse ataque da presidente do clube como uma tentativa de minar o projeto da Arena do Santos ao tentar tirar a credibilidade da WTorre no mercado.
Se o Palmeiras cobra valores da empresa, a WTorre também entende que o clube tem dívidas. A reportagem ouviu que o Verdão nada pagou também desde o mesmo período em que não houve repasse da empresa para o clube. O UOL questionou o Palmeiras sobre o fato e recebeu a seguinte resposta
Diferentemente da Real Arenas, o Palmeiras observa o dever de confidencialidade do procedimento e não comentará o que está em discussão na Corte Arbitral. O clube reitera que nunca desrespeitou qualquer obrigação prevista na escritura, diferentemente da superficiária da arena"
O conflito passou de uma conversa próxima de um acordo na gestão de Maurício Galiotte para uma guerra aberta com Leila Pereira. A cúpula da WTorre entende que a presidente decidiu explodir a linha de negociação com as últimas ações.
Desde então, as partes travam uma guerra de notas oficiais. O valor tido como incontroverso pelo clube não é reconhecido oficialmente pela empresa, que se ampara na disputa judicial e espera decisão para pagar o clube alviverde.
Segundo ouviu o UOL, a WTorre ainda não pagou o Verdão pois espera uma 'conta final' entre o que as duas partes devem e só irá efetuar o pagamento quando o processo se definir. Oficialmente, a Real Arenas se manifestou recentemente na seguinte nota:
A Real Arenas não tem conhecimento formal sobre a informação veiculada na imprensa a respeito de abertura de Boletim de Ocorrência e repudia esse novo ataque unilateral da presidente Leila Pereira. A dirigente tem desrespeitado de forma reiterada as decisões do Tribunal de Arbitragem, que tramita sob sigilo, e tenta atingir de forma injustificável a reputação da empresa parceira da SEP. Esse novo e despropositado ataque não condiz com a gestão séria da Real Arenas, que investiu na construção do Allianz Parque, reconhecida como melhor arena da América Latina.
Vemos com perplexidade a mudança repentina de atitude, uma vez que tivemos nos últimos anos negociações pacíficas relacionadas aos créditos e débitos de parte a parte. Lamentamos este novo capítulo de falta de respeito às autoridades arbitrais nas tratativas e manteremos nossa postura de tratar os trâmites legais nos fóruns adequados"
O que a WTorre deveria pagar ao Palmeiras?
Segundo o contrato da empresa com o Verdão, os repasses são divididos em duas categorias de receitas e em seis porcentagens diferentes de acordo com o tempo de entrega da Arena.
Receitas da locação da Arena para quaisquer eventos, inclusive jogos de futebol, e exploração das demais áreas como lojas, estacionamento, etc.
Até 5 anos da abertura: 20%
De 5 até 10 anos da abertura: 25%
De 10 a 15 anos da abertura: 30%
De 15 a 20 anos da abertura: 35%
De 20 a 25 anos da abertura: 40%
De 25 a 30 anos da abertura: 45%
Receitas de locação de cadeiras e camarotes, além da exploração comercial de imagem e naming rights
Até 5 anos da abertura: 5%
De 5 até 10 anos da abertura: 10%
De 10 a 15 anos da abertura: 15%
De 15 a 20 anos da abertura: 20%
De 20 a 25 anos da abertura: 25%
De 25 a 30 anos da abertura: 30%
A dívida de repasses não realizados, segundo o Palmeiras, totaliza quase R$ 128 milhões. Esse valor é cobrado judicialmente e, segundo o Verdão, é "incontroversa e assumida pela própria superficiária do Allianz Parque"
Segundo ouviu o UOL, ainda deve-se somar a esse montante a bilheteria do Palmeiras em jogos em que atuou fora do Allianz por causa de shows e eventos. Nesse caso, a WTorre teria de pagar um valor de 50% da bilheteria angariada pelo Verdão na dita partida como multa.
E o Santos com isso?
O Santos não está preocupado com o litígio entre Palmeiras e WTorre. O Peixe entende que só deve se preocupar com a sua negociação com a construtora e não com o rival.
Os dirigentes do Santos acompanham as notícias e não creem que o problema da WTorre com o Palmeiras seja apenas financeiro, mas principalmente jurídico. O Peixe não pergunta detalhes por questões de confidencialidade de contrato, assim como espera que o seu acordo com a empresa não vaze.
O projeto da nova Vila Belmiro tem vários aspectos semelhantes ao Allianz Parque, porém, os responsáveis da WTorre sempre frisaram que o planejamento do Santos é exclusivo e leva em conta as características peculiares do clube de Pelé. O Peixe está confiante e crê que os possíveis erros na relação da empresa com o Palmeiras podem ser resolvidos para a construção da arena santista.
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