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Ex-Flu e Barça B, Robert 'enjoa' do futebol e inicia projeto na música

Robert, ex-joia do Fluminense, quer lançar projeto musical - Alexandre Araújo / UOL
Robert, ex-joia do Fluminense, quer lançar projeto musical Imagem: Alexandre Araújo / UOL

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

11/06/2023 04h00

Ele foi joia do Fluminense e chegou a atuar no Barcelona B, mas cansou do futebol. A vida, que era ganha com a bola nos pés, está prestes a ter um novo ritmo. Robert se prepara para lançar um projeto musical.

Eu enjoei de ver o que eu vi, e não preciso mais. Decidi seguir minha vida em outra coisa. Amo o futebol, me deu tudo que tenho hoje, mudou minha vida e o futuro a Deus pertence, mas tenho outros planos, outros caminhos Robert, ao UOL.

O ex-tricolor, que está com 26 anos, não fala em aposentadoria dos gramados, mas quer vir como artista e há planos até mesmo de encabeçar um grupo de pagode, do qual será vocalista. Nesta empreitada, ele conta com o apoio de nomes como Ramon Torres, que já foi diretor musical de Tiee.

"Sempre gostei muito de música e quero seguir isso profissionalmente. Não posso deixar de fazer as coisas que gosto por opinião dos outros. No vestiário, eu sempre cantava. Pessoal que trabalhou comigo sempre soube que eu gostava de cantar", lembra, aos risos.

Ainda não há data de lançamento, mas Robert afirma que o empreendimento está caminhando. "A ideia é tocar pagodes mais antigos, músicas muito boas e que, hoje em dia, não tem tanta visibilidade".

Após o retorno do Barcelona B, em 2016, ele passou por Paysandu, Boavista-RJ, Kitchee e Hoi King, da China, Portuguesa-RJ e São Gonçalo EC, clube que defendeu em 2021.

Eu falo de peito aberto, com toda a tranquilidade, que eu fui e sou muito bem realizado no futebol. Sou muito grato por ter passado nos clubes em que passei. Foi uma experiência muito legal tudo isso, ter vivido o que vivi. É até um pouco doloroso falar isso, mas, no momento, não quero. Quero seguir outra carreira. Não existe essa questão de ter desistido de um sonho, apenas é uma opção minha mesmo. Quero respirar novos ares. Robert

"Não me enche os olhos"

Apontado como uma das grandes promessas de sua geração, Robert assinou o primeiro contrato profissional com o Fluminense em 2012, com uma multa estipulada em 50 milhões de euros, cerca de R$ 131 milhões na cotação da época. Em 2015, foi negociado com o Barcelona B. Ao voltar ao Brasil, vestiu novamente a camisa tricolor, antes de rodar outros clubes.

Ele diz que houve propostas recentes, mas que o futebol não o empolga mais, e salienta ainda que, atualmente, teria de ter um período para entrar em forma e poder corresponder em campo.

Robert, do Barcelona - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Chegaram propostas. Tive contatos de clubes do Recife, Minas, do Rio chegaram algumas e até de fora. Mas não tem motivo de fazer algo que, no momento, não me enche os olhos, só por status ou fama. Não descarto uma oportunidade futura, mas, para jogar em um clube hoje, eles têm de confiar, me dar uma sequência. Eu me adapto fácil às condições, focar na forma física, e não é em um mês que vou conseguir isso. Não quero ficar tomando porrada", apontou.

O atacante, inclusive, avalia que, ao longo da carreira, nunca teve uma quantidade de jogos suficiente para conseguir deslanchar. "Sequência é tudo. O jogador só adquire confiança jogando. Se for olhar na minha carreira, tive uma sequência maior na China, e no Fluminense tive uns oito jogos antes de acabar tendo uma hepatite medicamentosa [em fevereiro de 2015]. Depois disso, eu entrava e tal, mas não passava disso. Isso foi desanimando".

Polêmicas

No período de jogador, Robert esteve envolvido em algumas polêmicas extracampo. Um dos episódios foi quando foi dispensado da Ponte Preta dias após ser anunciado, e o contrato nem sequer foi assinado.

"As pessoas gostam de tachar e fazem isso com qualquer um. Tacham até o Neymar, pô! Todo mundo quer falar dos outros, mas ninguém sabe o que você vive. Eu sempre fui da paz e minha criação foi essa, de falar com todos. Sou de São Gonçalo, várias comunidades perto, mas sempre falei com todo mundo e não vou deixar de ser assim porque a sociedade quer", apontou.

Fred e Robert celebram gol do Fluminense, em duelo com o Bangu, pelo Carioca 2015 - BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C. - BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.
Fred e Robert celebram gol do Fluminense, em duelo com o Bangu, pelo Carioca 2015
Imagem: BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.

Racismo com Vinicius Júnior

Nascidos em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, Robert e Vinicius Júnior se conhecem desde pequenos, e o ex-tricolor saiu em defesa do amigo após os recentes casos de racismo dos quais ele foi vítima.

Robert, ex-Fluminense, e Vinicius Júnior - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

O duelo entre Real Madrid e Valencia, no último dia 21, foi marcado por gritos racistas da torcida presente no estádio de Mestella contra o brasileiro, que acabou expulso de campo. O caso teve inúmeras consequências em várias esferas.

"O pessoal lá olha bastante de cima abaixo. Eu não cheguei a atuar na liga principal, mas, ainda assim, a torcida dos outros clubes queriam 'tirar' nossos jogadores, mas não era tanto. Mas o que estão fazendo com o moleque é crime! Ele é um cara incrível não faz mal a ninguém. Conheço o Vinicius desde pequeno. Ele estudou na mesma escola que eu, ia lá em casa. Família dele é demais, amo cada um. A pior coisa é ele estar fazendo o trabalho dele e ser ofendido dessa forma. Achei f... o posicionamento dele. É assim que tem de ser", disse.

"Sempre falei para ele que ele seria enorme no futebol. Família dele sempre apoiou ele desde o início e está sendo o que merecer ser, um jogador ícone mundial", completou.

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