CBF tem liminar para retomar perfis da Copa do Brasil em briga com a Klefer
A CBF e a Klefer estão em uma guerra judicial em duas frentes. O capítulo mais recente tem uma liminar que manda a empresa devolver à entidade logins e senhas dos perfis nas redes sociais antes relacionados à Copa do Brasil — cabe recurso.
A briga é mais ampla e envolve cobranças de valores milionários de ambas as partes.
De quem são as contas?
Entre 2011 e 2022, a Klefer foi responsável por explorar os direitos comerciais da Copa do Brasil — a relação começou na gestão Ricardo Teixeira. A empresa foi fundada pelo ex-presidente do Flamengo, Kleber Leite, e hoje é administrada pelo filho dele, Eduardo Leite.
A Klefer chegou a participar da concorrência para seguir com contrato, mas ficou em segundo lugar: a CBF, já presidida por Ednaldo Rodrigues, escolheu a Brax como nova parceira a partir de 2023.
A liminar favorável à CBF saiu em um processo aberto em maio para retomada dos acessos aos antigos perfis oficiais da Copa do Brasil. As contas ficaram com a empresa mesmo após o término do contrato, mas ganharam um nome novo: viraram o "Portal da Torcida".
A Klefer foi notificada na sexta-feira (9) a respeito da liminar, que foi emitida em 24 de maio e tem prazo de dez dias para ser cumprida. A empresa chegou a alegar que a CBF não tinha ingerência sobre os perfis no Instagram, Twitter, Facebook e TikTok. A Klefer disse à própria CBF, em notificação extrajudicial, que essas contas não estavam envolvidas no contrato e foram criadas "por mera liberdade" da empresa e reforçou a tese judicialmente.
Mas o juiz Marcelo Mondego de Carvalho Lima deu razão à CBF, no momento. Além determinar a devolução dos acessos, ele disse ainda que a Klefer está impedida de fazer qualquer postagem nas redes sociais vinculadas à entidade, "especialmente no que concerne à Copa do Brasil".
Só no Twitter, o perfil original da Copa do Brasil — que virou Portal da Torcida — tinha mais de 600 mil seguidores quando mudou de nome. A CBF criou novo perfil na plataforma, que atualmente tem 26 mil seguidores.
Mais cobranças da CBF
O primeiro processo envolvendo CBF e Klefer foi aberto em janeiro. A entidade acionou a empresa cobrando R$ 8,4 milhões referentes a duas parcelas do contrato que terminou no mês anterior.
A Klefer repassou em 2022 R$ 16,8 milhões. Segundo a CBF, esse total deveria chegar a R$ 25,2 milhões e só teve parcelas retidas porque a Klefer não ganhou a concorrência para o ciclo seguinte.
Contra-ataque da Klefer
A Klefer rebateu a CBF, alegou que, na verdade, a CBF é quem lhe deve dinheiro por não ter realizado a Copa do Brasil feminina desde 2017 — a competição estava no escopo inicial do acordo pela venda de propriedades comerciais.
A empresa pediu à Justiça que transforme a CBF em ré — uma reconvenção da ação inicial — e demanda que a entidade pague R$ 37,4 milhões como compensação.
As partes discutem ainda a validade de um aditivo contratual feito em 2016. A Klefer rejeita que tenha aceitado a mudança nos termos e apresenta um e-mail para isso.
A empresa ainda reclama que a CBF desrespeitou o contrato de intermediação para acordo do patrocínio da SKY no uniforme dos árbitros.
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