Amor platônico? Por que a CBF admite esperar até 1 ano e meio por Ancelotti
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, admite a possibilidade de esperar mais um ano para ter Carlo Ancelotti como técnico da seleção brasileira. Mas por que o dirigente está disposto a tanto para contar com o treinador do Real Madrid?
Publicamente, o italiano só reforçou o desejo de ficar no clube para cumprir seu contrato, que se encerra em junho de 2024. Sem reciprocidade explícita, a CBF vive quase que um "amor platônico" por Ancelotti.
Os motivos da admiração
Ednaldo entende que Ancelotti é o treinador mais qualificado para a função e tem como referências jogadores e ex-jogadores que foram treinados por ele na Europa. Dessa lista fazem parte, por exemplo, Ronaldo, Kaká, Cafu e Roberto Carlos.
Ancelotti é um cara com bom trânsito com os líderes do atual elenco da seleção: Vini Jr, Rodrygo, Casemiro e Militão são alguns dos nomes.
O nome do italiano foi bem aceito pela crítica no Brasil desde que o UOL publicou pela primeira vez o interesse, em dezembro de 2022. Ednaldo já contou que torcedores lhe perguntam sobre Ancelotti em tom de aprovação.
Ednaldo já foi à Europa em abril, conversou com pessoas ligadas ao treinador e manteve o "sonho" vivo por mais alguns meses. Ele também chegou a conversar com Ancelotti por telefone e mensagem de texto, segundo pessoas próximas.
As alternativas de "plantão" não empolgam tanto. Quem aparece à mesa para ser o plano B - Abel Ferreira, Fernando Diniz e até Jorge Jesus - não são unanimidades por razões diversas. Desde comportamento à beira do campo a resultados.
Ednaldo se diz um cara persistente e quer tirar a prova do "não" ou do "sim" de Ancelotti pessoalmente. Uma hipótese ventilada na CBF é se algum auxiliar do treinador viria para "antecipar" a presença dele, entre setembro de 2023 e julho de 2024, quando o italiano ficaria livre do Real Madrid.
Espera significaria perder 42% do ciclo
Ednaldo já descumpriu algumas projeções sobre preenchimento da função de técnico da seleção brasileira. Em dezembro, ele disse que queria resolver a questão em janeiro. Depois, citou março e, posteriormente, junho. Mas a vaga está aberta. O prazo mais recente é o dia 30 deste mês para dizer o que fará em relação a Ancelotti.
O intervalo entre a Copa do Mundo de 2022 e de 2026 será de três anos e meio. Se optar por esperar Ancelotti por mais um ano, a seleção terá aberto mão de 42% do tempo de preparação para o próximo Mundial.
A seleção já viu se passarem três amistosos (um em março e dois agora em junho) com o interino Ramon. Ter um novo treinador efetivo só a partir de julho de 2024 significaria adotar um tampão para as seis primeiras rodadas das eliminatórias, mais dois ou três amistosos - dependendo da agenda da seleção -, além da Copa América, que será nos Estados Unidos e começa em 14 de junho do ano que vem.
Esse foi aproximadamente o cenário que Tite encontrou quando herdou a seleção de Dunga, em agosto de 2016. Foram quase dois anos de trabalho até a Copa da Rússia, em 2018.
O comando da CBF reforça que a meta é ganhar a Copa do Mundo, até porque o hiato do título mais recente chegará a 24 anos em 2026.
A espera por um técnico da seleção é incomum. A CBF atual já extrapolou o período posterior à Copa de 1986, até então o momento em que a seleção ficou sem técnico por mais tempo.
Ramon perdeu pontos com queda do sub-20
A CBF entende que um título de Ramon Menezes no Mundial Sub-20 teria dado a ele mais respaldo para ser o interino por mais tempo.
A queda nas quartas de final diante de Israel, embora não tenha ameaçado o emprego do treinador, o deixou menos forte do que estava em fevereiro, quando voltou do Equador com o título sul-americano.
Ednaldo gosta de Ramon e há o entendimento de que os problemas com liberação de jogadores atrapalharam a construção do time.
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