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Rodrigo Paiva retoma espaço na seleção com papel ampliado na CBF de Ednaldo

Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF - Rafael Ribeiro/CBF
Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF Imagem: Rafael Ribeiro/CBF

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

15/06/2023 04h00

Rodrigo Paiva voltou a ser o principal nome da comunicação da CBF não só na parte institucional, mas também na seleção brasileira. Contratado pela primeira vez durante a gestão Ricardo Teixeira, em 2002, Paiva saiu em 2014, ficou oito anos fora, mas retornou em 2022. Agora, tem papel ampliado na entidade presidida por Ednaldo Rodrigues.

Além da gestão de eventuais crises, Paiva voltou a ser o mestre de cerimônias em convocações e coletivas, faz o "meio-campo" na negociação de direitos de TV e também tem ajudado com ideias no marketing.

Desde o fim de semana, por exemplo, Paiva faz parte do núcleo que acompanha o presidente Ednaldo Rodrigues em uma rota que teve a final da Liga dos Campeões, em Istambul, na Turquia, e uma parada em Madri para um evento sobre o amistoso de março de 2024, contra a Espanha, em um ato contra o racismo. Essa bandeira tem sido levantada com frequência na gestão atual.

Rodrigo foi cumprimentado e citado por Luis Rubiales, presidente da Federação Espanhola, como um dos responsáveis pela negociação a respeito do amistoso. A comitiva de Ednaldo ainda tem Roberto Oliveira, filho do tetracampeão Bebeto. Ele é coordenador de desenvolvimento da CBF, mas atua como braço direito do presidente em viagens e compromissos.

O Brasil está na Espanha para um jogo contra Guiné no qual a seleção usará, pela primeira vez, um uniforme todo preto, em mais uma ação contra o racismo. Paiva participou da decisão junto ao presidente, assim como da materialização do slogan "com racismo não tem jogo". No presidencialismo de Ednaldo, ele precisa estar a par e dar aval a todas as decisões e investimentos das diretorias.

Na data Fifa passada, quando não havia contrato com a Globo para transmissão do amistoso contra Marrocos, Rodrigo participou de negociações com as plataformas interessadas.

Figura dos bastidores

Ao retornar à CBF em 2022, Rodrigo Paiva passou gradativamente a acumular a responsabilidade antes compartilhada entre Douglas Lunardi e Vinícius Rodrigues. O primeiro foi o diretor de comunicação do período entre Marco Polo Del Nero e Rogério Caboclo, tendo sido demitido por Ednaldo em julho do ano passado. O segundo foi o principal assessor ligado ao departamento de seleções desde 2014, a partir da segunda era Dunga como técnico, e saiu com a comissão técnica de Tite.

Depois dos oito anos longe, dando consultoria e até trabalhando em órgãos da Prefeitura do Rio, Rodrigo não queria atrair holofotes quando houve a aproximação a Rodrigues. O momento era conturbado politicamente na CBF por causa do afastamento de Caboclo. A função envolvia consultoria para posicionar o dirigente que nunca foi famoso nacionalmente, apesar de estar no círculo do futebol desde o início dos anos 2000 por ter sido presidente da Federação Bahiana. O foco estava nos bastidores. Mas as mudanças de Ednaldo na diretoria fizeram com que Rodrigo ganhasse um cargo oficialmente.

Paiva gosta do ambiente da seleção e por isso está ali. Ninguém mais na delegação atual ostenta marca tão alta de convocações: são 191, ao longo de 21 anos. O médico Rodrigo Lasmar, por exemplo, que também estava na Copa de 2002, tem 177.

Na passagem anterior de Paiva pela CBF, o WhatsApp não era tão difundido e a dinâmica de comunicação da entidade era completamente diferente. Mas o número de telefone é o mesmo desde aquela época e conhecido entre os repórteres que passaram pela cobertura da CBF e da seleção.

Forjado no Flamengo de Romário, nos anos 1990, e no trabalho de assessoria com Ronaldo Fenômeno, Paiva chegou à CBF em 2002 num período no qual o então presidente, Ricardo Teixeira, não estava nem aí para os jornalistas. Rodrigo foi uma figura muito próxima ao cartola — embora diga que atualmente há um distanciamento.

José Maria Marin herdou a CBF após a renúncia de um Teixeira afogado em acusações de corrupção e se abriu mais com a imprensa. Rodrigo seguiu na entidade. Mas o trabalho chegou ao fim após a Copa de 2014, antes do escândalo de corrupção na Fifa que levou o próprio Marin à prisão nos Estados Unidos.

Ainda no Mundial do Brasil, Rodrigo chegou a ser suspenso pela Fifa por se envolver em uma confusão no jogo contra o Chile. Depois, foi ele quem passou ao técnico Luiz Felipe Scolari e ao coordenador Carlos Alberto Parreira a famosa carta da Dona Lúcia, depois do 7 a 1.

A lacuna no marketing

Na versão Ednaldo Rodrigues da CBF, Paiva tem consigo o "guarda-chuva" da comunicação, mas vê temas ligados ao marketing de forma próxima. A situação do departamento de marketing e comercial da CBF é peculiar porque a pasta não tem diretor desde a saída do espanhol Lorenzo Perales, em setembro. A parte operacional é conduzida pelos coordenadores Bruno Romeiro (marketing) e Isadora Barbosa (comercial). Aí, há espaço para Rodrigo dar sugestões a Ednaldo sobre isso também.

Apesar de querer discrição, ele ajuda a construir um rosto para uma gestão que diz cumprir a promessa de "purificação e pacificação" da CBF. Foi esse o nome da chapa eleita ano passado, apesar de o presidente estar ligado à estrutura do futebol desde quando presidia a Federação Bahiana e, posteriormente, ter sido um dos vices de Rogério Caboclo.

Enquanto tenta manter o poder político e uma boa imagem, Ednaldo precisa resolver questões pelas quais fica sujeito a críticas. Hoje, a maior delas é o projeto esportivo para a Copa 2026, já que a seleção principal está há seis meses sem técnico. Seja lá qual for a configuração, o plano atual é ter Rodrigo como aliado.