O que CBF pediu a Ramon e o que torcedor pode esperar da seleção em campo
Ramon Menezes terá contra a Guiné, hoje (17), sua segunda oportunidade como técnico da seleção brasileira principal. Ainda interino. O jogo em si foi assunto pouco abordado nas coletivas ao longo da semana. Mas pelos treinos e pelas declarações, é possível decifrar o que o técnico pretende de imediato e o que a seleção pode apresentar em Barcelona.
O plano imediato
A ideia inicial era ter Ramon como interino apenas no primeiro amistoso pós-Copa, com a esperança de anunciar o sucessor de Tite já para os amistosos desta Data Fifa. Por isso, o treinador da seleção sub-20 tinha tarefas básicas, que se mantêm para os compromissos contra Guiné e Senegal.
A lista de pedidos feitos pela CBF a Ramon inclui manter uma base da Copa do Mundo de 2022, sem fazer grandes revoluções no elenco. Nove dos 11 titulares para enfrentar Guiné estavam no Qatar.
Taticamente, não houve mudanças táticas radicais, tanto que nove titulares para o jogo de amanhã (17) estiveram na Copa do Mundo do Qatar. Ramon aposta em alguns pilares, fazendo dobradinhas entre experientes e novatos em cada posição.
As novidades do time que treinou durante a semana são Joelinton, no meio-campo, e Ayrton Lucas, na lateral esquerda.
A convocação de Joelinton segue outra diretriz da CBF: a de renovar o elenco, dando chances a jogadores nunca convocados por Tite.
Ayrton Lucas também entra nesse critério, além de atender a um pedido do presidente Ednaldo Rodrigues por mais jogadores que atuem no futebol brasileiro, como forma de aproximar a seleção dos torcedores do país.
Ramon e os jogadores querem uma resposta imediata após a derrota por 2 a 1 para Marrocos, em março, apesar do ambiente de improvisação e busca por um novo técnico para iniciar o ciclo até a Copa de 2026.
Vini Jr é o grande nome e referência técnica da seleção atual, que não tem Neymar, machucado. Assim como no Real Madrid, Rodrygo é o fiel escudeiro de Vini. Em outros setores, a confiança recai sobre Casemiro e Marquinhos, por exemplo.
A convocação de Ramon, no geral, deixou o presidente da CBF feliz porque ele trouxe uma parcela de jovens e alguns que atuam no futebol brasileiro, como Raphael Veiga, do Palmeiras. Ramon é fã de Rony.
No discurso, Ramon diz que quer o Brasil dominando mais as ações do jogo em termos ofensivos, sem perder a consistência defensiva. Na prática, o Brasil teve dificuldade nas duas tarefas. O jogo contra Guiné é visto como oportunidade de resposta.
O que deu para ver nos treinos
Ramon não fechou nenhum minuto de treinos da seleção brasileira em Barcelona. Fato raro, ele deixou jornalistas terem acesso aos cinco dias de atividade —quatro no CT do Espanyol e um no Estádio RCDE, palco do amistoso de sábado.
O treinador interino até brincou com o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, durante a entrevista coletiva da véspera do jogo. "Todos os treinos foram abertos?", perguntou, fingindo estar surpreso, em tom de brincadeira.
Os treinos abertos de Ramon mostraram uma predileção pelo formato de coletivos 11 contra 11, que Tite chamava de "enfrentamentos". O treinador interino usava essa dinâmica como base para testar variações táticas e movimentação.
Jornalistas estrangeiros que assistiram à semana de treinos se surpreendiam duplamente: com os treinos sempre abertos; e com o uso dos coletivos, raros no futebol europeu.
Ramon também dedicou muito tempo aos ensaios de bolas paradas: faltas, pênaltis, escanteios e faltas laterais entraram no cardápio. Os treinamentos de escanteios chamaram atenção pelos detalhes. O treinador ajustava o posicionamento de todos vários jogadores, com muitas repetições, alternando cruzamentos e cobranças curtas.
Papel dos jogadores
O lateral-direito Danilo não foi chamado para o jogo contra o Marrocos, mas voltou à lista atual. Antes de se apresentar, ele contou que ligou para Casemiro e discutiu o papel dos jogadores dentro do contexto de técnico interino, iniciando um novo ciclo.
Perguntei ao Casemiro qual é nosso objetivo. Não é ir lá passar o tempo, é ir lá, fazer os jogos da melhor maneira possível e vencer, porque o Brasil perdeu o último jogo e a seleção não aceita isso. A partir daí é ir vencendo, fazendo um trabalho maneiro, demonstrando para os jovens que cada treinamento é com muita intensidade e profissionalismo
Danilo
Rodrygo, durante a semana, falou que cabe ao grupo "aguentar" esse processo de impasse na busca por um técnico efetivo, enquanto a CBF aguarda Carlo Ancelotti.
Richarlison deixou claro que gostaria de um trabalho definitivo o mais rápido possível, até para preparar melhor o grupo pensando na Copa 2026.
Contexto a curto e médio prazo
O interino enxerga cada jogo como uma oportunidade, faz questão sempre de exaltar e agradecer o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Ramon, além da sub-20, já indicou o desejo de abraçar o projeto da seleção sub-23, classificada inicialmente para o Pan-Americano. Em 2024, tem Jogos Olímpicos e o Brasil pode conquistar o tricampeonato.
Em setembro, começam as eliminatórias para a Copa. Serão seis jogos até o fim do ano. O primeiro semestre de 2024 da seleção principal tem amistosos na Europa, um deles contra a Espanha. Em junho, começa a Copa América, nos Estados Unidos.
Além da derrota para Marrocos, a eliminação nas quartas de final do Mundial Sub-20, diante de Israel, diminuiu o ímpeto da CBF em entregar a Ramon todas as missões envolvendo as seleções. Mas não a ponto de gerar um movimento pela demissão do treinador.
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