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Seleção fica exposta após derrota enquanto a CBF espera por Ancelotti

Ramon Menezes e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues - Thais Magalhães/CBF
Ramon Menezes e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues Imagem: Thais Magalhães/CBF

Do UOL, em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ)

21/06/2023 04h00

As duas derrotas em três amistosos não são por acaso. Almejando um futuro com Carlo Ancelotti, a CBF optou por uma solução transitória e pouco estruturada para o presente da seleção brasileira.

A seleção brasileira, principal patrimônio da entidade, está exposto, sem projeto imediato ou estrutura consistente ao seu redor. O interino Ramon Menezes é uma peça que faz parte de um contexto maior. O fruto mais recente foi a derrota por 4 a 2 para Senegal.

O que está em risco

A condução demorada da sucessão de Tite coloca em jogo não só o desempenho da seleção em amistosos — como se viu nos últimos meses.

Em setembro, começam as Eliminatórias para a Copa 2026. Serão, ao todo, seis jogos ainda em 2023. Entre eles, um Brasil x Argentina.

Além de pelo menos dois amistosos previstos para março de 2024, a seleção terá uma Copa América sem técnico efetivo (se Ancelotti só vier em julho), já que o torneio nos EUA começa em 20 de junho.

Os jogadores reconhecem que a mudança de comando contribui para os resultados ruins. Richarlison, por exemplo, ressaltou a importância do ciclo. Mas, publicamente, todos dizem que é preciso dar suporte a Ramon e admitem a parcela de culpa pelo cenário em campo.

A construção do cenário

O contexto atual no departamento de seleções é a inexistência de um coordenador ou diretor para o setor. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, concentra as decisões. Inclusive, contra quem e onde o Brasil vai jogar.

A CBF sabia desde o início de 2022 que Tite não ficaria no cargo após a Copa do Mundo e optou por não trazer uma solução imediata.

Ednaldo traçou Ancelotti como meta ainda em dezembro, como noticiou o UOL. Mas até hoje ele não assinou contrato, embora nos bastidores a informação seja a de que há acordo.

O presidente da CBF chegou a dizer que definiria o novo técnico em janeiro. Não cumpriu esse e os prazos posteriores: março e junho. O discurso agora é esperar Ancelotti após o término do contrato com o Real Madrid. Assim, a seleção só terá técnico efetivo em julho de 2024.

Pensando na Copa do Mundo de 2026, Ednaldo não se importa em abrir mão de parte do ciclo. Optou por um tampão, um funcionário da casa. Ramon entrou na história, catapultado também pela conquista do Sul-Americano Sub-20, no início de fevereiro.

Foco dividido

O contexto trouxe situações inusitadas, fazendo com que Ramon dividisse as atenções entre a sub-20 e a principal.

Na primeira convocação, para enfrentar Marrocos, ele conseguiu preparar a lista com mais tranquilidade. Na segunda, viajou à Argentina dizendo que estava com "foco total" no Mundial Sub-20. Mas logo após a primeira fase, fez um bate-volta ao Rio para anunciar os convocados para os jogos contra Guiné e Senegal.

Na coletiva, uma situação ficou à mostra: Ramon não conseguia se concentrar no acompanhamento dos jogadores e contou com o suporte do fisiologista Guilherme Passos e dos analistas de desempenho Thomaz Araújo e Bruno Baquete. O trio é remanescente da comissão técnica de Tite.

Hoje, a seleção principal não tem uma comissão técnica exclusiva. Felipe Maestro foi auxiliar de Ramon no Marrocos, mas não foi à segunda data Fifa. Ricardo Gomes foi chamado para ser coordenador técnico interino em ambas as viagens - ficou fora da segunda porque pegou dengue.

O que a CBF precisa definir

Diante do acordo verbal com Ancelotti, a CBF tem de confirmar como será a transição. Se haverá um "representante" do italiano à frente da equipe ou se continua com Ramon. Em termos de comportamento e modus operandi, Ramon cumpriu a "cartilha" da CBF.

Sobre o coordenador, Ednaldo Rodrigues expressou o desejo de ter alguém que supervisionasse todas as seleções, inclusive as de base. Mas essa conversa não avançou.

A classificação para a Copa do Mundo de 2026 é uma preocupação que perdeu peso por causa do aumento do número de participantes. Na América do Sul, são "seis vagas e meia", pois há repescagem.