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Estudo: apenas um terço das jovens sonham em ser jogadoras profissionais

Marta, durante o jogo entre a seleção brasileira feminina e o Chile em Brasília; Camisa 10 é principal referência - Thais Magalhães/CBF
Marta, durante o jogo entre a seleção brasileira feminina e o Chile em Brasília; Camisa 10 é principal referência Imagem: Thais Magalhães/CBF

Do UOL, em São Paulo

04/07/2023 13h12

Uma pesquisa realizada pela Centauro em parceria com a Consumoteca revelou que 34% das jovens brasileiras já sonharam em se tornar atletas profissionais. O estudo explica que o baixo percentual do interesse feminino em relação ao sonho dos homens está relacionado aos limites impostos culturalmente às mulheres no esporte.

A pesquisa

A Centauro, marca de artigos esportivos, em parceria com Grupo Consumoteca, realizou a pesquisa chamada "Mulheres & Esporte: Um pacto coletivo para uma nova narrativa" para entender a relação das mulheres com o esporte e os fatores que limitam seus sonhos no universo.

Mil pessoas das classes A, B e C e de todas as regiões do Brasil responderam à pesquisa entre 5 e 11 de maio. Todos os participantes têm acima de 16 anos.

O dado que mais chamou atenção no estudo é que 63,8% dos meninos brasileiros sonham em se tornar atletas profissionais, enquanto apenas 34% das meninas têm esse objetivo.

A pesquisa também mostra que as mulheres enfrentam mais dificuldade do que os homens ao tentar uma carreira no esporte.

É preciso reinventar a narrativa do esporte feminino com histórias mais leves e divertidas. As mulheres têm o direito de se envolverem no esporte sem serem limitadas por estereótipos de gênero. É essencial proporcionar um ambiente inclusivo e igualitário para que elas possam alcançar seu pleno potencial

Fernanda Arechavaleta, diretora de marketing e reputação da Centauro.

Quando apenas 3 em cada 10 mulheres sonham em se tornar atletas profissionais, enquanto entre os homens são 6 em cada 10, é possível entender que as meninas sequer se dão ao direito de imaginar uma modalidade esportiva como uma profissão e fonte de renda.

O problema apontado pelo estudo está na narrativa, que é construída pela desvalorização, sexualização e desinteresse pelo esporte feminino competitivo. Menos da metade da população afirma que ver mulheres bem sucedidas em determinados esportes incentivou a prática esportiva.

Hiperssexualização

20% das entrevistadas pelo estudo acreditam que a hiperssexualização é o maior desafio enfrentado pelas mulheres no esporte. As mulheres entendem que opiniões sobre seus corpos são disfarçadas como justificativas técnicas, escondendo o preconceito.

42% da população acredita que as atletas de futebol feminino são excessivamente masculinizadas e isso, segundo a pesquisa, impacta diretamente na autoimagem das praticantes.

61% dos brasileiros concordam que as mulheres sofrem mais pressão do que os homens para manter um físico de atleta.

Várias coisas me chamaram atenção, essa coisa do corpo principalmente. Homem vai jogar com barriga, sem barriga. Nós, não, temos de ter um corpo perfeito e uma condição perfeita para praticar esporte

Milene Domingues, ex-jogadora presente no evento que divulgou a pesquisa.

Outras causas

O "clichê da protagonista" foi identificado pelo estudo como um problema no reconhecimento das mulheres no esporte. Enquanto 87% se lembram de Marta no futebol, apenas 17% mencionam Cristiane Rozeira e 5% falam de Megan Rapinoe, por exemplo. No cenário masculino, o público consegue citar escalações completas.

Documentários esportivos enfocam apenas uma atleta de destaque, enquanto documentários sobre times de futebol enfatizam o coletivo no esporte masculino. Essa narrativa defasada em relação ao interesse das mulheres que veem o esporte como uma atividade coletiva e inclusiva é um desafio a ser enfrentado.

Mudanças

O aumento da visibilidade das mulheres em campos, quadras, piscinas, ginásios e em postos de comando no esporte é maior hoje do que há 5 anos: 63,8% da população assiste competições e programas sobre mulheres no esporte.