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Fernando Diniz após vitória: "Não ouvi as vaias, só fiquei com a parte boa"

Fernando Diniz, técnico do Fluminense, no jogo contra o Inter, pelo Brasileirão - Alexandre Loureiro/AGIF
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, no jogo contra o Inter, pelo Brasileirão Imagem: Alexandre Loureiro/AGIF

Colaboração para o UOL, em Maceió

09/07/2023 19h25

O técnico Fernando Diniz disse que não ouviu as vaias da torcida quando seu nome foi anunciado na escalação antes da vitória do Fluminense sobre o Internacional.

O que aconteceu?

O treinador recebeu uma manifestação negativa da arquibancada no primeiro jogo desde que foi confirmado como técnico da seleção brasileira — ainda que tenha mantido o cargo no Fluminense.

Em campo, o Fluminense se impôs e venceu por 2 a 0, com gols de Germán Cano e Martinelli.

Além disso, o time entrou no G-4 do torneio.

Após a vitória, a torcida gritou o nome de Diniz, que respondeu fazendo um gesto de coração.

Esse foi o primeiro jogo de Diniz no Flu desde que assinou com a seleção brasileira.

Na realidade, não ouvi as vaias porque estava no vestiário, então fiquei só com a parte boa. Eu entendo o torcedor ficar chateado e faz parte do jogo. Procurei fazer as coisas da melhor maneira possível, com muito respeito ao Fluminense e à seleção, e acredito que tomei a melhor decisão.

Confira outros trechos da coletiva

Martinelli. "Para mim, é uma alegria muito grande ver o Martinelli fazer gol e sendo aplaudido pela torcida. É muito difícil ser jogador de futebol, não é fácil suportar o estádio cheio e as pessoas vaiando. Martinelli é prata da qualidade e tem inúmeras qualidades. Precisamos apoiá-lo para ele mostrar isso a torcida. Quando eles tem instinto maior de aplaudir, estão ajudando o time. Não existe jogador ruim em time grande como Fluminense, Flamengo, Vasco? Um tempo atrás, o Felipe Melo era alvo de críticas e hoje é um cara considerado. Samuel Xavier da mesma forma, Caio Paulista. Por conta das inúmeras vaias que ele sofria, tivemos que ceder ele para outro lugar. Quando o torcedor consegue entender um pouco mais, facilita, porque é difícil jogar sobre vaias. Quando isso acontece, tem que trabalhar, saber respeitar o torcedor e procurar fazer o melhor. Foi um grande gesto dos torcedores."

Diferenças contra São Paulo e Inter. "Eu acho que tem um pouco de tudo. Não acompanho rede social, internet, para eu ficar meio isento para tocar minha vida da melhor maneira possível. Provavelmente as críticas que recebemos contra o São Paulo foram insuficientes porque o time merecia. A maioria delas deve ser porque não conseguimos jogar, que é a mais fácil. Se acontecer de novo, vão colocar a culpa na parte tática. Jogar o futebol, na parte tática, é quando as relações humanas acontecem. Nosso jogo é um jogo solidário. Faltou isso no jogo contra o São Paulo. Quando falta isso, a tática não corrige. Quando tem isso, ela corrige a falha tática. Taticamente, sempre tem erro, mas se corrige de outra forma."

Ambiente ruim. "15 dias atrás, se as pessoas achavam que o ambiente era muito ruim, jogaram um pó mágico e ficou bom. Sustentem as coisas que vocês falam. Não fiquem no sabor das vitórias ou das derrotas. Uma sociedade doente que fica vendo isso, a maldição do resultado. Quando esses casos extrapolam, achamos que só quem está próximo tem culpa, mas é uma coisa geral. Ambiente ruim não temos. O ambiente é tão bom, mas tão bom, que ele soube passar por essa fase ruim do Fluminense."

Cultura. "É o que faz a gente perder jogadores, treinadores, e aí numa sequência de resultados ruins, o treinador sai e vira verdade o que não era. Eu jamais chegaria e falaria aqui se tivesse acontecido o que foi noticiado. Não tive ambiente ruim no Fluminense em 2019, que a gente perdeu. O Marcelo está cada vez mais inteirado com o time. Se for mesmo isso que estou falando, divulgue com a mesma ênfase, porque senão não tem graça e ficamos ao sabor do resultado. Quando ganha, é bom, quando perde, é ruim. Faz muito tempo que isso acontece no futebol brasileiro."

Risco com seleção e Fluminense. "Cada um tem uma opinião. Se essa é a opinião do Mano, é a opinião do Mano. Quem não corre risco nenhum, mais risco está correndo. Eu posso achar que é uma grande oportunidade, que é um prêmio, um sonho se realizando, tem um monte de coisas positivas. Viver é perigoso, como disse Guimarães Rosa."

Lelê. "Tudo aconteceu de forma positiva. Ele deu muita mobilidade ao time, deu muita presença na área. Ajudou muito na marcação. É muito forte, um jovem que não teve base, que fez uma campanha brilhante no Volta Redonda, e está se adaptando a esse futebol que a gente milita, porque jogar em time grande tem a pressão. Ele está se ambientando e acho que é um jogador que tem um futuro belo pela frente."

Coração para a torcida. "Eu não pensei em passar mensagem. Só fiz o que tenho vontade de fazer. Sou extremamente grato à torcida do Fluminense. A torcida como um todo me abraçou de uma maneira muito grande, me ajudou em 2019, tem me ajudado muito. A torcida tem que ficar feliz junto comigo porque ela é parte disso, por ter me acolhido da maneira que me acolheu. A torcida tem sido uma grande aliada do time e minha. A oportunidade surgiu num momento em que eu não pensaria em sair do Fluminense, queria continuar esse projeto até o fim do ano, e aconteceu de uma forma que eu imaginei. A torcida enxerga no meu trabalho coisas que algumas pessoas não veem. Desde 2019, a torcida enxerga meu trabalho de uma maneira diferente, então tenho muita gratidão."

Planejamento. "Para mim, ter semana livre sempre é bom. Sempre. Procuro aproveitar da melhor maneira possível. A última Data Fifa a gente treinou pouco e recuperou muitos jogadores porque tínhamos feito muitos jogos em sequência. Essa semana é diferente daquela. Demos dois dias de folga e treinamos à vera. Com semanas cheias, a gente treina muito e sabe tirar o pé na hora certa para chegar no jogo bem. Resultado de jogo é uma coisa aleatória, mas a gente sabe aproveitar e a tendência do time é ganhar mais condição, tendo o retorno de alguns jogadores. Uma semana cheia é um grande alívio e uma oportunidade para melhorar o time."

Samuel Xavier e Marcelo. "São dois jogadores com carreiras bem diferentes, mas que jogam muito bem. Samuel passou a ter uma regularidade, importância crescente no time. Ele participa, está num grau de confiança alto, e tive uma oportunidade de treinar ele no início da carreira, eu que coloquei ele na lateral no Jundiaí, e reencontrar ele aqui foi bom. Fico muito feliz de ele estar vivendo esse momento e gozar desse prestígio. O Marcelo é um caso a parte. Para gente, é uma honra ter um dos melhores jogadores dos últimos 15 anos. Tê-lo aqui é muito dignificante para o Fluminense e ele está cada vez mais interessado. Essa semana ele fez uma semana de um garoto, treinou muito bem, jogou os 90 minutos pela primeira vez. Ele precisa estar sentindo prazer. Ele é um jogador de bola muito mais que futebol. Ele gosta daquilo. É um típico jogador brasileiro que é apaixonado pela bola, dotado de uma técnica e um talento num quilate mais elevado, na última prateleira do futebol no mundo. Tem tudo para terminar essa temporada jogando muito bem."

Léo Fernandez. "Ele chegou bem e treinou praticamente todas essas sessões essa semana. Acredito que estará bem para o jogo contra o Flamengo."

Elo com a torcida. "A construção está sendo muito bonita e feita com muitas mãos e talvez as mãos mais importantes são o apoio do torcedor. Vimos o Maracanã cheio de torcedores e não era algo tão constante e do ano passado para cá vemos essa casa cada vez mais cheias, na Libertadores também. Esse resgate do torcedor chega até a me emocionar às vezes. Tem tanta gente, receber tanto carinho, motiva o time. A gente não pode prometer resultado, a gente nunca sabe, mas trabalho a gente está fazendo com muita dedicação. Trabalho árduo, jogadores se entregando cada vez mais, entregando esse sentimento positivo para o torcedor."

Cartão amarelo em Keno. "Acredito que foi um equívoco da arbitragem. Temos que saber respeitar. A reação do Keno foi de indignação. O Keno estava chorando após o jogo por estar fora do Fla-Flu."