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Executivo detalha como Botafogo convenceu Bruno Lage a fechar com o clube

Colaboração para o UOL, em Aracaju

10/07/2023 12h51

O diretor executivo de futebol do Botafogo, André Mazzuco, detalhou em entrevista ao De Primeira como o clube convenceu o português Bruno Lage a assumir a equipe.

'Nossa maneira de trabalhar dá segurança': "O Botafogo resgatou muito crédito, dos jogadores, do clube, que vem mostrando uma profissionalização em todos os setores. Nós mantivemos o comando técnico mesmo com um uma sequência de resultados ruins e as pessoas começam a entender que a gente tem uma maneira de trabalhar, que dá uma segurança do trabalho. Nesse ponto, saiu o Luís Castro e não mudou nada, não mudou o dia a dia dos jogadores, não mudaram as regras, não mudou o planejamento. Dentro do nosso ideal, seria trazer um treinador de ponta, que pudesse dar continuidade ao profissionalismo e que nos dê um posicionamento de mercado".

'Ele pega um clube organizado e na liderança': "Esse posicionamento de mercado é uma coisa que o John faz muito bem e a gente consegue gerir, seja com os jogadores ou o próprio treinador. O próprio movimento do Cláudio Caçapa foi importante porque nós já o conhecemos, está no Lyon há muito tempo e foi algo rápido para que pudesse nos agregar, utilizando nossa plataforma multiclube para que a gente pudesse ter uma tranquilidade nessa transição. E aí o Bruno Lage veio para coroar essa nossa ideia de trazer um técnico de ponta que pudesse estar conosco e entender que o Botafogo pode dar a ele algo de bom. Ele pega um elenco organizado, que está sólido e com uma liderança importante na competição para dar continuidade ao que a gente fez aqui no clube".

'Uma sequência ruim não vai derrubá-lo': "Os processos estão cada vez mais sólidos, a gente depende cada vez menos das pessoas, é um processo que está sendo construído e a gente teve bons avanços. Isso também seduz o treinador, ele sabe que é um clube consciente, que vai trabalhar nas suas convicções, é um clube que vai combinar antes, e não é uma sequência ruim de resultado que vai tirá-lo do trabalho, como a gente passou com o Luís em dois momentos. Então, isso realmente atrai, e o mercado brasileiro é um mercado maravilhoso do futebol, a gente peca em não evoluir tanto, é um mercado que atrai, olha o que aconteceu com o Luís".

Bruno Lage no Botafogo

O Botafogo anunciou Bruno Lage no último sábado (8). O treinador chega para substituir Luís Castro, que deixou a equipe na liderança disparada do Brasileirão. Nas últimas duas rodadas, o time foi comandado por Cláudio Caçapa, ex-jogador do clube, assistente do Lyon e membro da holding de John Textor, a Eagle.

Bruno Lage tem contrato até o fim da temporada. Segundo o executivo do Botafogo, as partes rediscutirão o futuro do treinador no final do ano.

André Mazzuco afirmou que o principal objetivo do Botafogo na janela de transferências é não perder jogadores. O clube já recebeu propostas e sondagens, mas trabalha para manter o elenco.

O executivo falou ainda sobre o desenvolvimento das categorias de base do Botafogo, da sinergia entre jogadores e torcida, da folha salarial do elenco e do funcionamento multiclube da Eagle.

Confira outros trechos da entrevista

Contrato até o fim do ano: "A gente sempre pensa na continuidade, mas entendemos o momento do Bruno, sabemos das aspirações dele, sabemos como é o futebol brasileiro, é a primeira vez que ele vem para o Brasil, mas como temos os processos consolidados ele vem fazer parte disso e não haveria problema em fazer uma primeira temporada com ele. Então, a gente vai até o final da temporada e depois a gente vai sentar, ele faz parte hoje da Eagle [holding multiclube], a gente senta, conversa, define, primeiro queremos cumprir a missão da temporada 2023, depois veremos o que vai acontecer".

Liderança isolada surpreende?: "Dessa forma, surpreende, porque ninguém faz uma projeção para você liderar com 10 pontos à frente, com 12 vitórias em 14 jogos. Nos deixa orgulhosos e satisfeitos do que a gente tem preparado, a solidez, a continuidade, tínhamos o objetivo de nos manter na Série A, continuar o projeto, criar uma base sólida para a equipe e de processos. O que nós estamos criando hoje no Botafogo são processos que são do Botafogo, que não dependem de pessoas, as pessoas que passam deixam um legado de não-dependência. Nessa transição que a gente estava passando na temporada, não houve nenhuma mudança muito grande desde a saída do treinador, isso reflete nas últimas duas partidas".

Luta pelo título: "Tivemos dificuldade na pré-temporada, mas tínhamos, sim, como objetivo brigar por uma vaga na Libertadores. Não mudamos esse objetivo, mas agora conseguimos visualizar uma possível disputa pelo título, sim, seria até leviano dizer que não é verdade. A gente criou um ambiente e uma pontuação que nos credencia hoje para ser um dos postulantes ao título do campeonato".

'Evitar perda de jogadores na janela': "Isso é algo que antes da janela já estamos planejamos, temos uma relação muito genuína com os atletas, eles sabem o que que agente quer e espera, a gente quer ser um clube que ajude o atleta na sua carreira e na sua formação, tal qual foi com Jefinho, com outros jogadores e vai acontecer mais. É natural, a gente tem propostas, esse flerte, mas hoje o Botafogo tem muita coisa interessante para eles, só o fato de você estar brigando por um título, um título que há muito tempo não acontece, isso para os atletas, num clube do tamanho do Botafogo. A gente sente que a cada resultado positivo, a gente cresce na competição, o apelo ao Botafogo é gigantesco, é algo muito significativo, o que eles estão vivendo aqui hoje é muito significativo. O maior desafio nosso é manter os jogadores na janela e conduzir da forma como estamos fazendo para que possa terminar bem a temporada, é um desafio mas tem uma comunicação sincera com eles e há um desejo de brigar por desafio, tanto pela Libertadores como pelo título. Tivemos duas ou três ofertas que a gente conversa com os atletas, mas por enquanto tudo sob controle. A gente tem como objetivo nessa janela evitar as perdas e tentar alguma oportunidade de mercado".

'Isso hoje é o Botafogo': "Em relação à base, a gente tem isso na veia e é uma razão de ser do Botafogo, o Botafogo precisa tanto quanto da solidez na equipe principal. É o processo de formação, um projeto paralelo, mas está ativado do mesmo jeito, vai demorar mais tempo porque o Botafogo precisa de mudanças estruturais profundas para que isso possa acontecer. O Bruno vem de um processo de formação [no Benfica], para nós é importante essa visão macro, de sistema, não é só comandar jogo a jogo, é muito mais do que isso, foi assim com o Luís, é assim com o Bruno, vai ser com o próximo treinador, porque isso hoje é o Botafogo, que tem a capacidade de entregar ao treinador o que o clube quer. Se o treinador falar, isso não é o que eu acredito, não é o que eu trabalho, a gente precisa passar para o próximo candidato".

Relação Botafogo-Eagle: "A partir do momento que ele entra no Botafogo, ele entra na plataforma, eu mesmo como executivo presto serviço para o Lyon, um pouco menos para o Crystal Palace, porque a Eagle é minoritária, mas nós temos uma relação direta com as pessoas que comandam o clube, a gente flutua na plataforma e isso vale para todos os profissionais".

Funcionamento multiclube: "Você ter uma holding que coordena o trabalho é interessante porque navegamos em várias esferas, hoje tivemos uma reunião para falar de um time nosso na Bélgica, isso gera uma experiência interessante e o Bruno tem uma experiência enorme já, de Premier League".

'Única estrela hoje é a do Botafogo': "Há uma mobilização muito grande, é muito positiva essa sinergia hoje entre a torcida e os atletas, isso está muito sólido. O que a gente conseguiu criar como grupo hoje é o diferencial, eu até comento que a única estrela nossa hoje é a do Botafogo, o resto é uma família, um grupo muito unido, nossa estrela é o coletivo, é um grupo que se gosta e convive bem, se admira. Temos jogadores de muita qualidade e que são referência dentro do grupo, a gente conseguiu criar isso, é um grupo que trabalha demais, muito profissional, tivemos cuidado com isso na escolha, para que nossos atletas elevassem o nível de profissionalismo. Para mim esse é um fator muito diferencial na campanha, é um grupo que tem uma obediência muito grande ao projeto".

Folha de pagamento: "Em termos de folha de pagamento, hoje estamos no top 8, não mais que isso, e aí entra você ser assertivo nas contratações e caminhar dentro do panorama da nossa folha e trazer jogadores que tenham laços conosco para passar a valer mais. A gente faz esse trabalho de identificação, captação e de desenvolvimento".

Cláudio Caçapa fica?: "A princípio tem contrato com o Lyon, é assistente do Lyon, faz parte da Eagle, então a princípio ele retorna ao Lyan".

Assista ao De Primeira na íntegra