Luxa vê Corinthians no caminho, mas pede 'pés no chão' após classificação
Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)
15/07/2023 20h23Atualizada em 15/07/2023 21h58
O técnico Vanderlei Luxemburgo valorizou a classificação do Corinthians hoje (15) contra o América-MG, na Copa do Brasil. O treinador fez uma panorama do momento vivido pela equipe e vê o time "no caminho certo".
O que ele disse?
Timão em boa rota: "Estamos no caminho certo, temos que colocar os pés no chão agora, saborear a vitória porque ninguém pediu, deu licença para nós fazermos isso, nós conquistamos esse direito de estarmos na semifinal. Trabalhamos e conquistamos, temos que degustar. [...] Os jogadores estão de parabéns hoje porque foi uma vitória difícil, intensa e sofrida porque o Corinthians é assim mesmo, né?! É sempre um pouco mais doído do que o normal. A vitória dá tranquilidade, mas é duro para o coração, fica assim [acelerado]. Toda vitória é muito importante, mas ela sofrida você valoriza muito mais".
Yuri Alberto: "O Yuri eu sempre falei que era fase, ele não esqueceu de jogar bola e tem hora que a bola bate na bunda e sai e, em outras, ela entra. Nunca me preocupei, respeito as críticas, quando tive que tirar, eu tirei, mas tirar jogador do jogo é muito fácil, você resolveu o problema, né?! Mas onde é que o jogador resolve o problema? Dentro do campo. Tirar é fácil porque ele não vai ter oportunidade de mostrar que tem qualidade. Temos que fazer isso com tranquilidade, respeitar a parte externa e fazer aquilo que tem que ser feito. A questão não era o Yuri, era a equipe como um todo. A equipe não vinha bem, mas vai cair em cima de quem? Quem não faz gol. Se toma gol, quem é que sofre? O zagueiro".
Rojas: "O cara pediu para sair, não fui eu que tirei ele. O Matías mostrou que é um grande jogador. 'O Luxemburgo inventou dele jogar por dentro...' Não, eu não sou Santos Dummont, inventei nada, simplesmente botei o jogador onde ele joga. É um jogador versátil, eu falei isso antes dele chegar ao Corinthians e que iria usar ele da melhor maneira possível".
Cássio: "É um ídolo do Corinthians. Ele é um pegador de pênaltis. Ele e o Dida quando abrem os braços, é duro. Isso [ser pegador de pênaltis] passa pela cabeça do batedor e aí você inibe um pouco o outro lado. Eu falei: 'Vamos ter calma, tranquilidade, vamos fazer o gol e temos um pegador de pênaltis'. Em uma copa, é muito importante você ter um pegador de pênaltis. Eu falei, quando passou o primeiro jogo, que tínhamos que ter calma, que uma coisa era o Campeonato Brasileiro e outra era Copa do Brasil, o resultado não tinha dado as condições de 'o América já passou'. Tínhamos condições de reverter".
Nova formação: "É a primeira vez que eu jogo com esse time junto: Matías, Renato, Róger e Yuri na composição que eu dei. Muitas coisas ficaram faltando... Como os meias passarem mais pelos lados do campo. O Renato é um jogador de qualidade e precisa se aproximar mais do ataque, mas está voltando. É uma série de coisas que aconteceram... O técnico de futebol, ele trabalha 15 minutos no intervalo do jogo e a possibilidade dele fazer alguma coisa tática sem trocar jogador é justamente no intervalo. Aí você fala que o time jogou melhor no segundo tempo... Claro, você vê uma série de coisas que você pode fazer e você faz. Já joguei com três zagueiros e ganhamos, essa de hoje foi mais uma opção... 'O Luxemburgo mexe demais no time', nos outros todo mundo mexe, faz variações táticas e é normal? Também é normal fazermos aqui, conhecemos como usar o jogador de acordo com o adversário".
Moscardo: "É um volante que tem a característica de muita qualidade na saída de bola. Não sei se ele encaixaria como um segundo volante. Um metro para frente ou para trás muda muito no futebol. Quando você é segundo, recebe muito a bola de costas. Quanto é primeiro, recebe de frente. Ele tem toda a habilidade e a técnica para começar o jogo por dentro. Ele é um volante de muita qualidade, quem tem essa característica dele no futebol mundial? Alto nível. Está começando a vida dele no Corinthians agora. Ele não está preocupado com isso [sair para a Europa]. Eu converso com ele e ele só está preocupado em se divertir. Jogar bola é um divertimento".
Base: "Prestamos atenção em todos eles, estamos sempre treinando, fazemos treinamento constante com eles para olharmos todo mundo e já pensamos em uma projeção de mercado. Às vezes, o moleque tem 16 anos, mas com o 'olhômetro' conseguimos vislumbrar uma oportunidade. Estou sempre olhando. Se pegarmos hoje, vendo o trabalho com a diretoria, o presidente, existe um ativo diferente no clube hoje: a categoria de base. Foi dado um espaço a eles, que estão amadurecendo. É todo um processo que está acontecendo para formatarmos, disputar espaço, chegar à uma decisão e abrirmos esse espaço para ter um elenco versátil, disputando mais competições. Eles estão crescendo, ganhando jogo, e o torcedor se identificando com cada moleque desse aí".
Fábio Santos: "Preservar o velhinho, né?! Ele, o Renato não podem treinar como treinam o Bidu e os moleques. Ele não pode jogar quarta e domingo, por isso estou fazendo essa mescla. A experiência e o vigor físico dele vão ser guardados para uma vez por semana. É um jogador que preservamos, ele tem qualidade, conhecimento e experiência para dar qualidade ao nosso jogo".
Títulos na carreira: "Tudo o que eu ganhei está no meu currículo, mas é passado. A conquista mais importante é a próxima. Isso para mim, para o Cássio, o Fábio Santos... Vamos ser elogiados ou criticados pelo o que fazemos no presente e não no passado. Mensurar uma carreira por um jogo ou uma competição é muito injusto, mas você tem que der o discernimento de que tudo o que você faz vai ficando para trás, mas as pessoas vão reconhecer o seu valor profissional. Se chegarmos à conquista, essa vai ser mais importante de todas as que eu tenho porque é a que eu tenho no momento".
São Paulo na semifinal: "É um jogo difícil, o São Paulo vem evoluindo bastante. É preparar bem e os dois têm condições de passar, não tem favorito. É um clássico e isso é difícil de ser jogado".
Luxa x Dorival: "Não [tem como comparar os trabalhos]. Muita gente se enganou, não davam nada no São Paulo e nem em nós. Nós acreditamos, muitas vezes falei aqui que estamos em crescimento. Em função do fechamento do CT, muitas coisas vocês não ficam sabendo, então se 30 ou 40% das coisas que estamos fazendo pudessem ser noticiadas... Falaram que o Fausto estava vendido hoje, como ele ia jogar? Faz parte do futebol essa especulação. Eu acho que o Dorival já mostrou sua qualidade, não só hoje no São Paulo, assim como eu. Não temos que ficar comparando. O meu trabalho não se resume só a chegar até uma semifinal de competição, ele é muito maior do que isso ao meu ver. Fomos trocando pneu com o carro andando e tentando achar a equipe".
Universitario: "Vamos ver porque temos uma viagem em seguida quando voltarmos do Peru para a Bahia. Então, você levar um time que acabou de ter uma decisão agora, viajar, voltar de madrugada, chegar aqui e já viajar de novo... Eu vou pensar. Já tinha um planejamento, mas vamos passar quando tomarmos a decisão. Tenho que fazer aquilo que tem que ser feito para o Corinthians".
'Guerra' por caso de racismo: "Não vejo porque criar um ambiente de guerra. Se você cometeu um equívoco, seja em qual país for, você vai cumprir a lei daquele país. Se fossemos nós lá, íamos cumprir a lei de lá. Não vejo essa necessidade de criar esse ambiente em um jogo de futebol por alguém que cometeu um equívoco. Não houve nenhuma arbitrariedade na nossa lei aqui. Isso passa por cima do entretenimento do futebol".