Os 7 de Luxa: as histórias dos jovens abraçados pelo técnico do Corinthians
O técnico Vanderlei Luxemburgo ainda está longe de convencer no comando do Corinthians, mas uma parte do seu trabalho é muito bem avaliada pela diretoria: a boa relação com os jovens jogadores do clube.
Luxemburgo avisou logo na apresentação: "Vou colocar a molecada para jogar". E cumpriu.
O Timão ainda não deslanchou, mas vários atletas da base estão animados e jogam regularmente.
Dentre vários testes, sete estão com a "setinha para cima" no elenco:
Classificação e jogos
O zagueiro Murillo;
O volante Gabriel Moscardo;
Os meias Ruan Oliveira, Matheus Araújo e Guilherme Biro;
Os atacantes Wesley e Felipe Augusto;
O atacante Pedro começou em alta, mas acertou com o Zenit (RUS) para 2024 e foi para o fim da fila.
Na vitória por 1 a 0 sobre o Universitario (PER) pelo playoff da Sul-Americana, o "pofexô" colocou um time reserva e cheio de garotos. Felipe Augusto, 19, fez o gol do jogo e foi para a entrevista coletiva. E Luxemburgo mostrou ali como os jovens do Terrão estão protegidos.
Nervoso, Felipe gaguejou na entrevista e Luxa aproveitou o "remix" para puxar um samba e quebrar o gelo. As imagens se espalharam nas redes sociais e renderam muitos elogios ao experiente treinador de 71 anos.
"EMOCIONANTE O RECURSO QUE O LUXA USOU PARA AJUDAR O FELIPE AUGUSTO A FALAR", DIZ MILLY LACOMBE
-- UOL Esporte (@UOLEsporte) July 12, 2023
No #UOLNewsEsporte, a nossa colunista @millylacombe se emocionou com a ajuda de Vanderlei Luxemburgo ao jovem Felipe Augusto em sua primeira coletiva. pic.twitter.com/CmDydFwzVI
Administração do futuro
Gabriel Moscardo é um dos nomes que tem ganhado espaço com o "pofexô". Ele já chamava atenção no sub-17, mas deslanchou quando Luxa depositou confiança e o menino correspondeu. Seu dia a dia, porém, não é somente sobre Corinthians. Moscardo divide os treinos e rotina futebolística com as aulas na faculdade.
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Quero receberO menino cursa administração de empresas —mesma área de atuação de sua mãe— em uma instituição particular em São Paulo. Como os treinos no CT Joaquim Grava costumam ser pela manhã, Gabriel não se desgasta tanto para cumprir as obrigações com o curso à noite.
A escolha pelo curso foi pensada a longo prazo. Moscardo não se vê longe do futebol mesmo após o fim de sua carreira, então, conta com a possibilidade de atuar na área administrativa de algum clube ou até mesmo na área do futebol, como coordenador, por exemplo.
Herança corintiana
O nervosismo para falar ao lado de Luxa em uma coletiva no Corinthians não é à toa. Felipe Augusto tem heranças corintianas que o fazem ter noção da responsabilidade que é representar a entidade.
Benê, seu tio-avô, foi centroavante do Corinthians em 1963. Sua estreia ocorreu aos 19 anos e, ao longo de sua carreira teve a oportunidade de jogar ao lado do craque Rivellino. Foram 161 jogos e 50 gols marcados com a camisa preta e branca.
Felipe, quando criança, ouviu histórias e sonhou em entrar em campo pelo time de seu tio-avô. Hoje, de contrato renovado e nos planos de Luxemburgo, o jovem tem inspiração e referências que vêm de sangue para traçar suas metas no Timão. Ele é caseiro e prefere passar o tempo livre com sua família. Vez ou outra, reúne amigos para jogar videogame.
Estudante de educação física, Felipe usa o que aprende para potencializar suas atividades no CT Joaquim Grava. Seu pai foi o principal incentivador para iniciar a escolinha no futebol. Suas referências são Cristiano Ronaldo, Haaland e Adriano.
Futebol no sangue
O amadurecimento foi um dos fatores que fizeram Luxa observar Wesley de forma diferenciada. Após ter mostrado lampejos com Vítor Pereira, o "pofexô" viu um jogador rápido e com boa capacidade de mudar de direção e chegou junto para lapidar.
As características vêm de berço. O pai, Wladimir, foi o responsável por encaminhar Wesley para o futebol. Ele atuou por clubes pequenos de Portugal e Bélgica, mas pendurou as chuteiras cedo. Após vivenciar a pressão e dificuldades de ser um atleta, deixou nas mãos do filho a escolha pelo seu futuro.
Quando mais jovem, o garoto tinha rotina desgastante, tendo de ir até a região da Avenida Paulista para estudar e, na sequência, até o Tatuapé, na Zona Leste, para os treinos. Seu pai, rigoroso, sempre o alertou sobre as más companhias e perseverança para chegar onde gostaria.
DNA alvinegro
Murillo foi mais um jovem que seguiu os passos do pai. Corintiano roxo, Fabio foi responsável por colocar o garoto aos seis anos de idade em sua primeira escolinha. Aos 10, porém, o pai morreu e deixou os sonhos projetados em Murillo, que lutou para jogar no Timão.
Com a ajuda de sua mãe, Rosa, que largou o emprego para apoiar os projetos do filho, Murillo se realizou nos sonhos de Fabio. Hoje, com Luxa, o zagueiro acumula 23 jogos e chama a atenção pela regularidade.
Fora dos gramados, o jovem ocupa seu tempo com séries, filmes e treinos na academia. Sua inspiração profissional é Gil, ídolo do Corinthians. Em sua estreia, contra o Remo, inclusive, recebeu suporte do companheiro de equipe.
Um quase adeus
Matheus Araújo fez brilhar os olhos do "pofexô" com a possibilidade de ser um segundo volante, a ideia, porém, foi abandonada. Apesar disso, ainda encanta com o bom passe e boa chegada na área.
Luxa, porém, quase não pôde contar com o jovem. Matheus esteve perto de dar adeus ao Corinthians quando o Sporting, de Portugal, esteve disposto a tirá-lo do Brasil. O Timão, com aval de Matheus, recusou a proposta.
Fora dos gramados, Matheus passa longe do campo e da bola. Os games são sua grande aventura. Fifa, Cal of Duty e Round Six são alguns dos jogos que fazem o jovem se desestressar em um dia ruim. Apaixonado, Matheus até leva em consideração se tornar um criador de conteúdo no futuro. O hobbie vem da infância, quando se reunia com seus primos para jogar vídeo game. Além disso, ele também passa o tempo assistindo séries, filmes e animes como Naruto e Yu-Gi-Oh.
O menino, destaque da campanha da seleção brasileira sub-17 que levou o título mundial em 2019, hoje ganha espaço e moral de Luxa enquanto Renato Augusto vai voltando aos poucos para o time titular.
De problema a solução
Imagine ser jogador e ficar mais de mil dias sem bater em uma bola? Foi o que ocorreu com Ruan, meia de 23 anos.
Foram três intervenções cirúrgicas no mesmo joelho. A primeira em 2020, após romper o ligamento do joelho esquerdo durante um treino no CT. Um ano depois, sem conseguir retornar por causa de dores e inchaços na região, o garoto passou por uma revisão cirúrgica e um novo procedimento foi feito. Em junho de 2022, porém, sofreu um novo rompimento no mesmo joelho.
O drama na vida pessoal e profissional fez Ruan se questionar se ainda voltaria a jogar. Ele se apegou em seus familiares, buscou forças para, hoje, ter espaço no Corinthians de Vanderlei Luxemburgo.
Por pouco, porém, Luxa não pôde contar com Ruan, que quase não teve seu contrato renovado pela diretoria corintiana. Entretanto, tendo a confiança e sequência com o técnico, os cartolas estenderam o vínculo até o final da temporada. Já foram sete jogos e dois gols.
Apelido de ídolo
Os cabelos cacheados que chamam a atenção motivaram o apelido: Biro. Sim, por causa daquele Biro-Biro, ídolo do Timão. Xodó de Luxemburgo, Guilherme Biro é um dos que mais tem recebido chances em jogos importantes.
O treinador vê potencial e se encantou com a facilidade do garoto em quebrar linhas e se adaptar na posição, podendo jogar por dentro ou por fora.
Ele surgiu como lateral-esquerdo, mas se firmou realmente como meia, que joga tanto pelo centro quando pelo lado esquerdo. Caiu nas graças do "pofexô", que, por pouco, o segurou para que não jogasse o Mundial Sub-20. Biro hoje é uma das principais opções de Luxemburgo para jogar aberto no ataque corintiano. Ele agora briga por espaço com o também jovem, mas mais experiente, Adson e o único reforço da atual janela, o paraguaio Matias Rojas.
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