Com apenas 19 anos, Melchie Durmonay já fez história: em fevereiro, a jogadora marcou os dois gols que levaram o Haiti para sua primeira Copa do Mundo Feminina, em uma vitória por 2 a 1 em cima do Chile, já na repescagem.
Mas a atleta, que já foi considerada a "melhor jovem do mundo" no futebol feminino, deu seus primeiros passos no esporte em jogos improvisados, sem nenhuma chuteira nos pés.
"Eu aprendi a jogar na minha vizinhança, descalça. E sem ser com as meninas, porque cresci em meio aos rapazes", contou Durmonay ao Le Parisien.
Mais conhecida como Corventina — um apelido que ganhou de seu irmão mais velho, ainda criança — a jogadora viu sua vida mudar ao ser notada por um olheiro, que a viu em um jogo misto, em um campo amador. Ele a levou para a Academia Haitiana de futebol, onde Melchie passou oito anos e "aprendeu a jogar usando sapatos".
Durmonay é 'Bellingham' do futebol feminino
Corventina carrega o título de promessa desde 2018, quando foi eleita a melhor jogadora sub-17 pela Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe).
Com apenas 14 anos, ela já disputava a Copa do Mundo Feminina sub-20. Sua performance madura a levou a se profissionalizar mais cedo, em 2021, quando assinou com o Reims, da primeira divisão do futebol francês.
Na equipe francesa, a estrela haitiana continuou se destacando por seus gols e assistências. E, em 2022, ela foi eleita a melhor jovem do futebol feminino pela lista NXGN, idealizada pelo site Goal.
Dumornay ficou lado a lado com a maior promessa masculina, o meia britânico Jude Bellingham.
"Fiquei muito honrada de receber esse prêmio e também muito grata porque Jude Bellingham veio me parabenizar pessoalmente. Isso me dá vontade de vencer mais títulos. E me dá mais ambição e mais energia pra sempre desafiar os meus limites e tentar fazer mais", afirmou a haitiana, ao Telegraph Sports.
A boa fama já rendeu mais frutos para Corven. Depois da Copa, a jovem enfrentará um novo desafio, como reforço do Lyon, um dos melhores times do futebol feminino.
Haitianas foram ao exterior por chances melhores
Das 23 jogadoras que classificaram o Haiti para a Copa do Mundo, 19 saíram de seu país natal. Seis delas estudam em universidades nos Estados Unidos e outras 13, incluindo Dumornay, estão em clubes franceses.
A crise política e econômica, agravada por terremotos que devastaram o país, obrigaram a seleção haitiana a não voltar ao seu país durante o Classificatório para a Copa, disputando seus jogos como mandante na República Dominicana.
"Nunca existiram muitas opções para começar no futebol no Haiti, comparando com a estrutura que está à disposição de jovens que começam na Europa e em outros países pelo mundo. Nós fizemos o melhor que podíamos com o que estava disponível", afirmou Corven, ao site australiano Optus.
O jornal do país-sede da Copa detalhou que a jogadora pretende abrir uma escola de futebol para meninas que queiram um lugar seguro para praticar o esporte.
Na Copa do Mundo, o Haiti enfrenta seleções fortes já na fase de grupos: no jogo de estreia, às 6h30 de sábado (22), elas enfrentam a Inglaterra, 4ª colocada no ranking da Fifa. Depois, as haitianas enfrentam a China — que está na 14ª posição — e a Dinamarca, 13ª.
Hoje, a seleção feminina do Haiti ocupa o 53° lugar.
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