Milly Lacombe e Eduardo Tironi criticaram no UOL News Esporte o cartão amarelo dado a Luciano por comemorar o gol São Paulo contra o Corinthians dando uma voadora na bandeirinha de escanteio.
Milly Lacombe: "É fácil entender o que pensar desse gesto, porque a gente precisa aplicar na gente o que a gente exige dos outros. Vamos inverter: Morumbi lotado, mata-mata, o Róger Guedes vai lá, faz um gol, só tem torcida do São Paulo, ele comemora chutando a bandeirinha, chutar bandeirinha é uma comemoração corriqueira hoje em dia, e ele vai lá encarar a torcida do São Paulo. O corintiano e a corintiana iam achar o máximo, é isso aí, futebol é isso, tem espaço para esse cara a cara, para a provocação saudável. O Luciano não fez gesto obsceno, nem tirou a camisa, não tem nada de errado com a comemoração dele. Levar um cartão por isso é uma ofensa ao futebol, é uma domesticação dos nossos corpos, não pode isso, não pode aquilo. Qual o problema de o Luciano comemorar daquele jeito, isso é o futebol, se você não sabe entender isso, suportar isso e reagir no campo a isso, você não sabe o que é o futebol. Então, eu fiquei revoltada com esse cartão, porque amanhã vai acontecer com a gente e não vamos gostar".
Eduardo Tironi: "Esses caras que inventaram essa cretinice de torcida única, essa coisa escrota, ridícula e sem noção, são responsáveis por formar gerações de torcedores intolerantes. Daqui a pouco, vai existir uma geração que acompanha futebol que nunca viu a torcida adversária dentro do estádio. Para esses caras, tudo bem o Léo Moura [ex-lateral do Flamengo] estar assistindo ao jogo e ter que ir embora porque não é corintiano, é como se fosse um estado corintiano dentro do estádio, ali você não pode entrar, isso para mim é inaceitável. Repito: essas pessoas que inventaram a torcida única estão formando uma geração intolerante ao outro, ao diferente, uma geração de gente intolerante. Eu estava no Morumbi no jogo entre Palmeiras e São Paulo, tinha lá um casal, que possivelmente era palmeirense, que foi expulso da arquibancada quase na porrada simplesmente porque as pessoas acharam que não eram são-paulinos, eu não sei quem acha normal um estado dessa forma, um lugar que você não pode ir porque você não torce para um time".
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