O ex-zagueiro Fábio Bilica, que atuou pelo Grêmio e defendeu a seleção brasileira olímpica em Sidney-2000, já foi preso pelo menos quatro vezes por atraso de pagamento de pensão alimentícia e deve mais de R$ 263 mil ao seu filho de dez anos, que tem paralisia cerebral. O imbróglio está na Justiça há seis anos.
O que aconteceu
A prisão mais recente de Bilica por débito de pensão ocorreu no último 19 de junho, em Campina Grande (PB). Ele já foi detido, pelo mesmo motivo, em 2015, 2016 e 2021.
O ex-jogador recebeu alvará de soltura no dia seguinte após a comprovação do pagamento de R$ 6.029,86. O valor correspondia às três prestações anteriores do débito alimentar, que provocou o mandado de prisão expedido em 20 de abril.
O advogado que defende Bilica, Richardson Leandro, afirmou que o ex-zagueiro havia efetuado a transferência no dia 7 do último mês. Ele argumentou que o ex-jogador foi liberado assim que as autoridades tomaram conhecimento do pagamento via depósito judicial.
A ação atual é movida por Thabata Santos Veloso, ex de Bilica e mãe da criança, e tramita desde 2017 na 1ª Vara de Família de João Pessoa. O menino tem paralisia cerebral e Síndrome de West, condição epiléptica rara.
O valor da pensão atualmente é de 1,5 salário mínimo — R$ 1.584 por mês. A Justiça da capital da Paraíba determinou a penhora dos bens de Fábio Bilica no processo, ao qual o UOL teve acesso.
O advogado de acusação, Diego Aureliano, relatou que a dívida de R$ 263.069,36 corresponde a quantias não pagas entre 2017 e janeiro de 2023. A defesa do ex-zagueiro alegou que entrou com pedido pela redução do valor da pensão.
O que dizem a mãe e a acusação
Thabata desabafou que Bilica "só paga pensão com mandado de prisão". Ela disse que sua briga na Justiça "não é sobre dinheiro", e sim sobre uma falta de suporte por parte do pai que a criança precisa.
A mãe afirmou que cuida sozinha de Ibrahim e que o filho precisa de remédios anticonvulsivantes. Ela comentou que parou de trabalhar para se dedicar exclusivamente às necessidades do menino, que realiza fisioterapia diariamente.
O advogado de Thabata acusou o ex-jogador de ocultação de patrimônio e de endereço para não arcar com os custos da pensão. "Fábio, apesar de dizer que é um jogador aposentado, que não recebe aposentadoria e que vive em condições limitadas, permanece vivendo de forma luxuosa, deixando seu filho desacolhido", ressaltou.
Diego Aureliano alegou que os gastos com as necessidades da criança passam de R$ 5 mil por mês e que Bilica não vê o filho desde 2017 — quando se encontraram em audiência de conciliação. Ele explicou que, como Thabata largou a vida profissional para se dedicar unicamente ao filho, os custos com a criança são pagos por doações e pela atuação da mãe nas redes sociais.
É a vida do meu filho que está em jogo. Se eu não for atrás dos remédios e pagar o plano de saúde, tudo sem a ajuda necessária do Fábio, a vida do nosso filho está em jogo. Não é sobre dinheiro, é sobre o suporte que nosso filho precisa para sobreviver Thabata Veloso, ao UOL
O que diz a defesa de Bilica
Richardson Leandro justificou que Bilica, jogador aposentado e pai de dez filhos, "se encontra sem condições financeiras de outrora para arcar com suas condições pessoais". Ele reforçou que seu cliente está "comprometido" com o pagamento, desde que tenha como arcar com os valores.
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Quero receberSegundo o advogado, o ex-jogador está desempregado e mora na casa da atual companheira, que reside na Bahia e é responsável por sustentá-lo. Além disso, salientou que Fábio "não está curtindo quando o filho passa necessidade" ao justificar que o ex-jogador, por ser uma figura pública, é convidado a frequentar eventos sem cobrança de entrada.
A defesa interpretou que a decisão da Justiça determinou que a dívida "não pode mais ser cobrada em dinheiro", apenas descontada em bens. "Ele não deve [R$ 263 mil]. Assim que ele tiver bens em seus nomes, valores serão descontados conforme determinação judicial", afirmou o advogado de Bilica.
Richardson Leandro ainda disse que pediu a minoração da pensão para um valor entre R$ 300 e R$ 500, quantia que o pai "poderia pagar mais tranquilamente". Ele completou que Bilica teve ajuda de ex-jogadores, de amigos e de familiares para desembolsar os R$ 6 mil do mandado de prisão e que "não sabe as condições se houver novo pedido de prisão".
Fábio Bilica não respondeu ao pedido da reportagem por um pronunciamento. O texto será atualizado caso ele se manifeste.
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