Na entrevista após a derrota de virada para o Flamengo, Felipão admitiu "vergonha e tristeza" com a seca de vitórias do Atlético-MG sob seu comando. O treinador reconheceu o abalo psicológico do time diante do jejum de nove jogos — sendo oito desde sua chegada.
Questão mental: "Claro que tem, vocês sabem que a questão psicológica existe no nosso mental porque não ganhamos há oito, nove jogos. Temos que assumir que não estamos fazendo aquilo que nos deixa tranquilos, nenhum de nós sai de casa, tem vida, porque sabemos que estamos em mau aproveitamento de tal forma que ficamos muito mal intimamente, conosco, com o clube. A torcida veio, fez seu papel, vibrou, espero que quarta também faça seu papel e nos ajude. Nós todos sentimos vergonha, tristeza porque fazemos do nosso trabalho nossa casa, nossa vida, nosso sonho, e não estamos conseguindo. Não por falta de vontade, mas porque esse é o momento. Cair e levantar só alguns têm essa qualidade, vamos ver quem de nós tem essa qualidade".
'Vamos trabalhar o psicológico': "Vamos conversar com o grupo, montar a equipe e esperar o jogo de quarta [contra o Palmeiras, pelas oitavas da Libertadores]. A equipe tem jogado bem, o resultado que não tem aparecido, vamos ver se melhoramos nosso mental, nossa equipe em todos os pontos, mas pedimos desculpa a torcida. Precisamos da torcida pro jogo de quarta, os jogadores vão se dedicar mais que nunca, e vamos trabalhar o aspecto psicológico. Temos uma moça que trabalha conosco, a Michele, dentro do grupo conversamos bastante, não passamos todos por situações iguais, mas já estamos calejados para enfrentar essa situação".
Avaliação da derrota: "A nossa bola bate na trave, chuta o rebote para fora, é o momento, temos que saber que o momento é esse. Nesses oito jogos, tivemos três ou quatro muito bons, não veio o resultado, os outros não muito bons também não deram resultado. Às vezes jogando mal se vence, às vezes joga bem e perde, é isso que precisamos superar. Ou nós deixamos de pensar coisas muito maiores e focamos no que o momento exige, ou vamos ter uma dificuldade muito grande. Só posso dizer que trabalhamos com muita vontade, mas não temos visto o resultado.
Classificação e jogos
Pior início de trabalho de Felipão
É o pior início de trabalho da carreira de Felipão: ele nunca havia ficado os oito primeiros jogos sem vencer no cargo. No Atlético-MG, são quatro empates e quatro derrotas. O Galo não vence no Brasileirão desde o clássico contra o Cruzeiro, no dia 3 de junho.
Com a derrota de virada em casa, o Atlético-MG estacionou na 13ª posição do Brasileirão, com 21 pontos. Na próxima quarta, no Mineirão, diante do Palmeiras, Felipão buscará sua primeira vitória como técnico do Galo.
Confira outros trechos da coletiva de Felipão
Queda física no segundo tempo?
"Nao vi essa queda física, eu vi um time intenso do Flamengo, que tomou conta do jogo, tem excelentes jogadores, criou um ou duas boas oportunidades e fez os gols."
Postura do Galo na Libertadores
"A postura será a que nós estamos adotando, se os times forem superiores, teremos as mesmas dificuldades, mas temos que trabalhar e evoluir para nos igualar com times que têm mais qualidade que nós. Uma bola parada, chute de longa distância, e aí as coisas acontecem muito melhor."
Pressão no cargo?
"Não tenho pressão, não tenho cobrança interna, mas minha pressão é pessoal, que é muito mais forte do que vocês imaginam, eu sei o que eu sofro, eu falo a pressão sobre mim mesmo e eu sei o que eu estou sofrendo."
Arrependido?
"De jeito nenhum. Nada me foi prometido além do que estou tendo, as dependência do Atlético-MG para treinar, todo mundo à disposição, tenho visto dedicação do grupo nos treinamentos, que são bem feitos, organizados, detalhados, minimamente detalhados para que eles entendam. Esse não é um processo que muda de uma semana para outra, tínhamos uma mentalidade anterior que jogava de uma forma e dentro daquela forma temos que nos adaptar. Não quero e não preciso de jogadores, se não der com eles é porque eu não consigo, eu sou o errado. Não estou arrependido da decisão porque tenho recebido apoio, eu trabalho muito, bastante, não é porque tenho 74 anos que não estou todo dia dando murro em ponta de faca lá dentro, pode ser que eu não tenha conseguido, não quero transferir para os jogadores."
Inversão de Paulinho com Pavón
"Vocês conhecem o Paulinho e o Pavón, que o Pavón é muito aplicado, organizado taticamente, o Flamengo tem um lateral direito como uma das peças chaves, por isso colocamos assim. A gente olha, vê, às vezes dá certo, às vezes não dá, não tem dado certo. Mas não posso reclamar dos jogadores, se não estamos ganhando é uma situação que nós temos que rever para onde queremos ir, isso que nós vamos fazer à medida que jogar na quarta pela Libertadores e depois novamente pelo Brasileiro."
Entrada de Alisson e saída de Bataglia
"Alisson é um menino de 17 anos, nem tem que entrar nesse jogos, não pode assumir a situação porque não tem a capacidade mental ainda para isso, embora ele aprenda numa situação ruim como a nossa como é o futebol, como deve se comportar. O Bataglia estava se sentindo enjoo e tontura, então já estava meio fora de ritmo, pediu para sair e saiu. Não foi isso que mudou, mas principalmente o primeiro gol, que deu ao Flamengo aquele crescimento de imaginar que podia vencer o jogo e fez isso com propriedade. Eles têm uma bela equipe e nós temos que saber perder para o Flamengo porque foram melhores nos últimos 15, 20 minutos, tiveram a chance e aproveitaram."
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