Em delegacia, Pedro presta queixa contra preparador do Fla após agressão

O atacante Pedro registrou, na polícia de Minas Gerais, a agressão sofrida por Pablo Fernández, preparador físico do Flamengo, após a vitória contra o Atlético-MG, ontem, pelo Campeonato Brasileiro.

O que aconteceu

Pedro se dirigiu ao Batalhão da Rotam (Rondas Táticas Metropolitanas da Polícia Militar), por volta de 1h10 (de Brasília), acompanhado de seguranças do Flamengo em uma van. Pablo Fernández também foi ao local, mas em outro veículo.

Os envolvidos foram à Central de Flagrantes da Polícia Civil para complementar o registro. Jogador e preparador foram ouvidos pelo delegado Marcos Pimenta — que também escutou quatro testemunhas: o zagueiro Pablo, o atacante Everton Cebolinha, o volante Thiago Maia e o coordenador Gabriel Andreata.

Pedro terminou de registrar a ocorrência duas horas depois. Ele deixou o local acompanhado de um advogado e de Bruno Spindel, diretor executivo do Flamengo. O jogador estava a caminho do Instituto Medico Legal para fazer um exame de corpo de delito — ele sofreu um corte na boca após a agressão.

Entenda o caso

O atacante falou que tomou um soco no rosto "sem motivo" do membro da comissão técnica do Flamengo.

Ele alegou que a "covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica" pela qual vem passando nos últimos tempos.

Segundo apurou o colunista do UOL Mauro Cezar Pereira, Pedro deixou o Independência rumo a uma delegacia de Belo Horizonte para registrar B.O. (Boletim de Ocorrência). Marcos Braz, vice-presidente de futebol do Flamengo, acompanhou o atacante.

Internamente, o clima é tenso: os jogadores avisaram que ninguém vai treinar enquanto o caso não for solucionado.

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Veja o que Pedro postou

Poderia estar aqui falando dos escassos minutos recebidos nos últimos jogos, mas o que aconteceu hoje foi mais grave do que pode acontecer dentro das quatro linhas. Covardemente, sem motivo e inexplicavelmente, fui agredido, com um soco no rosto, por Pablo Fernandez, membro da comissão técnica do Sampaoli.

A covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica que tenho sofrido nas últimas semanas.

Alguém que se acha no direito de agredir o outro não merece respeito de ninguém. Já passei por muitas provações aqui no Flamengo, mas nada se compara com a covardia sofrida hoje.

Que Deus perdoe uma pessoa que, em pleno 2023, acha que uma agressão física possa resolver qualquer problema. Obrigado JESUS pelo ensinamento, dando a outra face.

Pai e mãe, obrigado pela educação que me deram.

Delegado detalha o caso

Marcos Pimenta, o delegado que estava no plantão da madrugada no Batalhão da Rotam, conversou com a imprensa na porta da delegacia e deu mais detalhes sobre o que aconteceu.

"Após o jogo entre Atlético-MG e Flamengo pelo Campeonato Brasileiro no Independência, o atleta Pedro foi desferido: sofreu um golpe na face após uma breve discussão. Ele foi abordado pelo preparador físico [Pablo Fernández], o qual questionou o motivo pelo qual não teria aquecido no segundo tempo", iniciou Marcos.

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"Pedro não gostou de ter sido interpelado e disse que apenas não queria ter feito o aquecimento, então o preparador físico deu tapinhas no rosto dele. Pedro então 'tirou' esses tapinhas, mas o preparador físico deu um passo atrás e desferiu um soco na face do atacante", acrescentou.

Veja outras aspas importantes do delegado

Próximos passos do caso: "Na data de hoje, nós procedemos às oitivas necessárias para a inclusão no termo circunstancial de ocorrência, o qual será remitido ao Poder Judiciário com vistas ao titular da ação penal, que é o Ministério Público, e nesse caso, ou a representação do atacante, que neste momento está indo para o IML para fazer o auto de corpo de delito para averiguar a gravidade da lesão."

Pedro citou agressões psicológicas em depoimento?: "Não, não foi mensurado [agressões psicológicas], no caso em tela, só agressão física — e sobre essa agressão do preparador. Não abordou nenhum tema, nem de técnico, nem de constrangimento que estava sendo sofrido, minutagem de jogo... nada disso."

Testemunhas garantem que Pedro foi agredido: "Todos foram uníssonos em afirmar que Pedro foi agredido com um soco na boca logo após uma singela discussão, motivada pelo não aquecimento no segundo tempo."

Preparador pode deixar Belo Horizonte?: "Sim, a princípio não há mandado de prisão, não foi pleiteada a prisão cautelar, a princípio vamos aguardar o que o médico legista da polícia civil vai diagnosticar, mas a princípio uma lesão leve, que é instrumentalizada pelo termo circunstanciado de ocorrência".

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O preparador pode deixar o Brasil?: "Pode, não há prisão. A princípio, até o presente data, momento e horário, não há nenhum mandado de prisão e a pena conferida nesse tipo de delito, até uma contravenção, é uma pena diminuta que não requer nem a sua prisão. Esse caso será instrumentalizado por um procedimento que chama termo circunstanciado de ocorrência. Nós vamos condensar todas as oitivas. Já a lesão, mediante o auto de corpo de delito, nós encaminharemos ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. Conforme dito anteriormente, ele pode sair, diferente se fosse um caso de homicídio, roubo, estupro, que aí poderia ter, sim, a sua prisão fundada aqui."

Qual será a solução do caso?: "É muito cedo. Vamos aguardar o laudo do médico, que geralmente fica pronto em até uma semana. A gente pede por cautela, não há mais o que fazer, as pessoas já foram ouvidas. Os jogadores precisam deslocar o mais rápido possível para o Rio de Janeiro. A polícia está bem tranquila, o caso já foi praticamente solucionado e os autos serão encaminhados ao Poder Judicial em um certo tempo".

Postura de Pablo Fernández no depoimento: "Estava tranquilo, estava acompanhado acho que do seu advogado. O Pedro também se mostrou muito sereno. Os outros jogadores também: eles prestaram suas declarações e já foram descansar".

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