Abatimento e receio com futuro: seleção feminina deixa estádio chorando
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A seleção brasileira deixou o estádio de Melbourne com clima de abatimento e muitas jogadoras chorando até no caminho para o ônibus. O sentimento geral foi de incredulidade pela eliminação na primeira fase da Copa do Mundo feminina.
Lágrimas
No apito final, as atletas brasileiras ficaram desoladas e muitas caídas em campo se lamentando.
Na zona mista, pararam Rafaelle, Kerolin, Tamires, Ary Borges, Antonia e, por fim, Marta.
Enquanto algumas disseram não conseguir explicar o que aconteceu, outras somente pediram desculpas e demonstraram a decepção.
"Continuem apoiando, porque essas meninas aí têm um futuro muito longo aqui na seleção. Está apenas começando a jornada delas. A Marta não vai jogar mais uma Copa, obviamente, mas elas vão. A gente se dedicou a vida inteira para jogar esse jogo, esse tipo de competição. Infelizmente não veio. Tem coisas que a gente não tem resposta, né? Pessoal acha que a gente tem resposta para tudo, mas não tem. Ontem na coletiva eu falei que estávamos confiantes, porque estávamos confiantes. Se você olhar o nosso time, tem muita menina talentosa, tem um potencial enorme. Mas a gente, infelizmente, falhou", disse Marta.
Ary e Marta se emocionaram enquanto davam entrevistas. A mais jovem chorou quando chegou à zona mista e novamente falando sobre a camisa 10.
Na ida para o ônibus, Bia Zaneratto foi uma das mais emocionadas.
"Esse momento é muito difícil. O time está bem abalado. Sabíamos que poderia ser somente uma bola para decidir e que elas viriam desta forma. É bem clichê, mas não era para ser. Tentamos de todas as formas, não conseguimos marcar. Dar dois passos para trás para dar cinco, seis para frente", disse Kerolin.
Preocupação com apoio
Um discurso muito repetido na saída das atletas foi a preocupação com os investimentos que podem sair do futebol feminino após a eliminação.
As jogadoras não se estenderam muito sobre o futuro da técnica Pia Sundhage, mas pediram que a atenção sobre a modalidade continue.
Tamires foi uma das jogadoras mais abatidas e disse ter medo do que vem pela frente. "Fico um pouco com medo de como o futebol feminino vai continuar no nosso país. Mas eu espero que não acabe assim. Tudo que a gente vive, toda essa luta das mulheres pelo futebol".
"Acho que a tristeza é maior que a raiva. Aquele gostinho de ter tentado de novo e não ter conseguido. Não só por todas as meninas que estavam aqui acreditando nesse trabalho, pelo futebol feminino também. O crescimento que estava tendo, tudo que estava acontecendo no Brasil, mais uma vez uma atmosfera incrível", avaliou Tamires.
"Vi o quanto o Brasil abraçou a causa, abraçou o futebol feminino. Peço que continuem investindo, continuem abraçando. Não vai acabar aqui. Temos muita coisa pela frente, muito futuro. Infelizmente é a última Copa da Marta, mas ainda tem muitas Copas pra muitas meninas que estão vindo. Tem uma geração muito boa no futebol feminino, então eu peço que vocês continuem com essa atmosfera, continuem investindo, continuem com a gente, que a gente quer dar muita felicidade para o torcedor brasileiro", afirmou Kerolin.
"Misto de felicidade e tristeza. Tristeza porque eu não queria voltar para casa agora, queria continuar aqui, queria ir até o final com elas e lutar por esse título. Mas teremos outras oportunidades, não como atleta, mas como uma grande torcedora, uma grande incentivadora e que vai estar sempre buscando ajudar a seleção brasileira, o futebol feminino no Brasil de alguma forma", comentou Marta.