Abel exalta campo 'mais ou menos' em BH e diz que prefere ter elenco curto

O técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, fez elogios ao gramado classificado por ele como "mais ou menos" do Mineirão após a vitória sobre o Atlético-MG, em jogo válido pela ida das oitavas de final da Libertadores. O português ainda falou que gosta de trabalhar com um elenco "curto" e justificou sua preferência.

O que ele falou

Mineirão cheio e com gramado "mais ou menos". "Em primeiro lugar, é falar sobre o ambiente espetacular [em Belo Horizonte]. Gosto de jogar com estádios cheios. Em segundo lugar, falar do esforço que fizeram: foi a primeira vez, desde que estou no Brasil, que este gramado estava mais ou menos, o que é uma coisa que dão pouca importância, mas que faz toda diferença para que o espetáculo possa ser melhor. Em terceiro lugar, quero falar sobre meus jogadores: tivemos calma e fomos competitivos. Foi um 1° tempo muito bem jogado e com as dinâmicas muito bem feitas diante de um adversário poderoso. No 2° tempo, nosso adversário nos empurrou para trás, é normal, eles tinham que ir atrás do resultado. Sinceramente, nesta primeira etapa, acho que o resultado foi justo. Estamos na metade, e agora é disputar o segundo jogo em nossa casa."

Retomada das vitórias. "Estou sempre falando a mesma coisa e vocês não entendem o que digo: não conheço nenhuma equipe que só ganha. Vejam o Liverpool. Fico muito triste. Ontem, estava vendo um jogo e, ao invés de realçar o valor dos adversários, optamos por xingar as pessoas que gostamos. Não consigo entender essa cultura. Precisamos olhar primeiro para dentro, nos organizar, sermos melhores profissionais... é isso que fazemos. Já disse e vou repetir: não vamos ganhar sempre, mas vamos lutar sempre para ganhar.

Elenco enxuto. Sobre a má fase eu expliquei bem: em função da loucura que é a intensidade de jogos no Brasil, tivemos vários jogadores — que vocês não souberam e nem têm que saber, têm saber aquilo que nós queremos passar — abaixo da forma ou lesionados. Desde o nosso goleiro ao nosso centroavante. Isso foi a grande influência do nosso baixo rendimento. Eu prefiro ter um elenco curto e arriscar do que ter 30 jogadores e ter gente chateada porque não joga. Não mudamos nada, nossa forma de trabalhar é a mesma, vamos ganhar e perder. Só quem não sabe como funciona o futebol acredita que uma equipe vai ganhar sempre.

Raphael Veiga. É um jogador completo e foi um dos jogadores que passaram por problemas. As pessoas dizem que foi desde a chegada da seleção. Não, o problema é que as seleções treinam pouco, principalmente quem fica fora. É assim com todas as seleções. O problema foi o mesmo do Rony, Dudu, Murillo, Zé Rafael... tinham problemas. Temos que aceitar, foi em um momento decisivo da Copa do Brasil."

Últimos resultados. "No Brasileirão, é verdade, há uma equipe que está fora da curva, parabéns para eles. Se continuarem assim, acho que vão ganhar, tudo bem, mas estamos alinhados com os pontos que tínhamos ano passado. Na Copa do Brasil, foi o que foi, é dar parabéns ao nosso adversário. A minha função, como treinador, não é só ganhar, é valorizar os jogadores, o clube... os títulos são consequência. Sei que vocês só olham para títulos, mas antes de chegar ao Palmeiras eu não era treinador de títulos, mas sim de valorizar jogadores. Aqui, sou as duas coisas. O importante é ter nossos jogadores focados. Nossos reforços são eles. Há uma coisa essencial e invisível aos olhos que vocês não conseguem ver."

Trabalho consolidado. "É algo muito profundo e tem a ver com a cultura do Brasil — e dos dirigentes. Se todas as equipes do Brasil fossem treinadas por mim, uma ia ser campeão e outras iam cair. As pessoas precisam entender que nem todos podem ganhar. Eu dei sorte de ganhar logo no primeiro ano, se eu não ganhasse ia acontecer o que acontece com todos os outros. Tive um grande presidente, tenho agora outra grande presidente. É um processo, mas há uns que conseguem aguentar e outros não. Também não posso mentir: nosso processo é bem feito, mas o resultado é que nos avalia, gostem ou não. É como as empresas: elas querem funcionários que apresentem resultados. É uma coisa que tenho presente na minha cabeça desde que sou treinador, me pagam para apresentar resultados, e minha função é olhar para os recursos que tenho e lutar para ganhar. Não vamos ganhar todos."

Poder psicológico do Palmeiras. "Estes jogos têm um componente mental muito forte. É fundamental que nossos jogadores foquem naquilo que sabem fazer, que é jogar sob pressão. Às vezes, nem todos estão na mesma onda, há quem tenha medo de falhar, alguns se escondem... eu fui jogador e passei alguns momentos assim. Era quando mais arrependia, era a pior derrota que poderia ter. Hoje, eles tiveram a coragem e a calma para fazer o que sabem fazer, jogando da nossa maneira. Nós temos que tomar conta das nossas tarefas, e foi isso que fizemos perante um adversário muito qualificado e bem treinado. É verdade que passam um momento menos bom de confiança, mas o futebol é assim."

Dudu por dentro liberou Veiga? "Tenho que pensar em muita coisa ao mesmo tempo, sabia que ele [Dudu] não ia estar fisicamente inteiro. Temos um lateral-esquerdo com capacidade física muito boa, e com a entrada do Dudu para dentro sabíamos que criaríamos uma dúvida para nosso adversário. Esta forma de jogar lhe poupa um pouco de energia com bola, mas sem bola não há negócio para ninguém. Não há Dudu, Rony, Veiga... sem bola, eles sabem o que têm que fazer, nem precisam de treinador. Só preciso que o treinador afine e que os chame atenção de coisas que já sabem fazer. Temos que ser rigorosos naquilo que temos que fazer. Se vamos ganhar ou não, não sei. Hoje, o Dudu entrou com uma missão mais específica. Há dois dias, ele treinou exatamente na posição que jogou hoje."

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