Canguru musculoso e perrengues: a aventura a bordo de um motorhome na Copa

Os altos preços da hospedagem na Austrália e a vontade de acompanhar a Copa do Mundo feminina de uma forma diferente fizeram as influenciadoras Alê Xavier e Luana Maluf viverem a competição de uma outra forma: em um motorhome.

Com perrengues pelas distâncias grandes, cangurus enormes no caminho e até o desafio de eliminar o xixi acumulado no banheiro do veículo, elas valorizam a experiência e aprovam a maneira de ter um novo ponto de vista do país. "Acho que você aprende a ser resiliente porque não tem outra opção", define Alê.

"A coisa mais legal para mim foi realmente conseguir viver as paisagens. Quando você faz uma cobertura, fica muito em hotel, treino, jogo. Aqui tem a chance de acordar e respirar o ar. Está frio, mas tem árvore, bicho, som de natureza. É muito legal. O dia que a gente acordou e viu o canguru, sabe quando parece que o universo está devolvendo como presente para a gente?", completou Luana.

A ideia

Luana e Alê fazem o canal Passa a Bola, que tem mais de 150 mil inscritos no YouTube e no Instagram, além de quase 110 mil no TikTok. Viaja com elas Marcela Dantas, que também participa do canal, mas fora das câmeras, cuidando das redes sociais.

A ideia era viajar em cinco, mas problemas fizeram com que fossem somente as três. No fim, elas brincam que não daria certo pelo pouco espaço interno do motorhome para tanta gente.

O principal objetivo era viver a Copa de uma maneira diferente do normal. "No início pensamos que era a ideia mais genial do mundo. Quando fizemos o mapa vimos que a Austrália era gigante, mas ia rolar", disse Luana.

Alê Xavier e Luana Maluf viajam pela Copa do Mundo feminina de motorhome
Alê Xavier e Luana Maluf viajam pela Copa do Mundo feminina de motorhome Imagem: Arquivo pessoal

"Quando traçamos o trajeto entre Adelaide e Brisbane, deu 25 horas. A ideia foi legal porque a gente realmente queria se aventurar e fazer uma Copa diferente. Já tínhamos tido a experiência da Copa do Mundo do Qatar, que tinha muitos jogos no mesmo dia e você pegava um transporte público e podia assistir três, quatro partidas. Aqui a gente sabia que teria um pouco mais de tempo e a ideia era conseguir curtir a cultura, cruzar com pessoas. A gente acabou não cruzando com muitas pessoas pelo caminho, mas animais foram muitos. A ideia era realmente viver a Austrália em uma experiência imersiva", completou.

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Elas passaram por Sydney, onde pegaram o motorhome, foram a Adelaide, Brisbane e Melbourne para os jogos do Brasil. Depois da eliminação, permaneceram na cidade até o dia de voltar a Sydney para as duas semanas finais da Copa.

Canguru bombado e perrengues

Luana e Alê contam que passaram alguns perrengues ao longo do tempo, como o aquecedor parando de funcionar na primeira noite com 1ºC de temperatura.

Luana até tentou ser motorista durante uma hora, mas é Alê é quem dirige a maior parte do tempo. Elas contam que os primeiros animais que viram foram vários cangurus mortos pela estrada.

"Na primeira vez que pegamos a estrada, vimos muito canguru morto no acostamento. Foi uma coisa até meio ruim. Aparentemente é uma coisa muito comum aqui, porque eles são noturnos. Quando veem o farol do carro, eles param, às vezes no meio da estrada, e os carros batem. Mas depois começamos a ver cangurus vivos. No camping, na estrada. Foi bem fofinho. A gente viu um monte de coelhinho, raposa", conta Alê.

Entretanto, o primeiro contato foi quase perigoso, mas elas só descobriram depois. Apesar da imagem fofa que passam, cangurus são perigosos na vida selvagem e é preciso ter cuidado com qualquer interação.

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"A Lu estava no computador, eu olhei pela janela, vi duas orelhas e eu falei: 'Luana, tem um canguru ali fora'", disse Alê.

"Não era um canguruzinho. Falei primeiro que era um veado e ela disse que não. Fomos chegando perto e ele levantando. Quando olhei fiquei tipo 'vem aqui, canguru', como se ele fosse super tranquilo. Mas depois comecei a pesquisar e vi que era muito bravo. O primeiro vídeo que apareceu foi como se defender de um ataque de canguru. São violentos, saem na porrada", completou Luana.

"Tem vários registros de acidentes com canguru. Pensei no risco que estávamos correndo porque ele era muito grande, mas foi legal. Ainda bem que ele era velhinho. Estava meio cansado já. Conseguimos nos divertir e ver coisas que posso voltar para casa e falar que conheci o país. Sempre volto de cobertura esportiva com uma sensação de eu vou ter que voltar para conhecer o país. Aqui não", concluiu.

Espaço no motorhome

Os problemas também aparecem na hora de dormir. Marcela precisou ficar na cama onde elas guardaram todas as malas, já que o veículo não oferece tanto espaço para isso. Ela brinca que ainda sente dor nas costas por isso.

"No primeiro dia montamos a cama na parte de baixo, mas era impossível andar. A Alê acordou com fome e não dava para abrir a geladeira. Não consegui ficar reta, dormi na diagonal. E tenho 1,58 de altura. Minhas costas estão doendo um pouco. Depois fui dormir em cima, mas a cama estava cheia de mala. Empurrei para o lado e fiz o cantinho. Não foi ruim, mas em Melbourne vi a cama do hotel e nem acreditei", afirmou Marcela.

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Em Melbourne, o trio optou por ficar em um hotel porque o camping é distante do centro da cidade. Para seguir acompanhando treinos e coletivas sem perder muito tempo, a opção foi pelo mais confortável.

Decepção pós-eliminação

A queda da seleção brasileira fez o grupo repensar o planejamento e, passado o período de luto pela eliminação, a empolgação voltou.

"A seleção ter saído precocemente foi um grande baque. A ideia era realmente ir seguindo ela, queríamos comemorar as vitórias aqui, chamar a galera. Pensamos 'tem oito cadeiras, vamos chamar todo mundo e fazer uma festa'. Se o Brasil passasse, o meu aniversário cairia bem no dia das quartas. Pensei que seria uma loucura, comemoração. Depois que perdeu ficamos uns dois dias em Nárnia, de ter dificuldade para levantar da cama. Eu nunca tinha sentido isso em Copa do Mundo", diz Luana.

"O primeiro pensamento quando o Brasil cai é tipo, nossa, acabou o nosso trabalho. Tinha tanta coisa para mostrar. Mas quando passa a porrada e ressaca vemos que ainda tem coisas legais. Tem Colômbia, Japão, um monte de mulher aqui jogando. É o nosso trabalho. Temos e queremos continuar. Depois daqui vamos para Sydney ficar nas quartas, semifinal e final", afirmou Alê.

Elas ainda não sabem exatamente quantos quilômetros já fizeram até aqui, mas ainda tem uma viagem de cerca de 9 horas até Sydney para a última parada.

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"O que eu queria ter feito é ter zerado o marcador do carro quando saísse de Sydney, mas esqueci. Só para Adelaide são mais de 2 mil quilômetros. Foi muita coisa", conta Alê. "Eu fiz um teste, eu acho que já foram mais de quatro mil quilômetros", completa Luana.

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