Defesa de torcedor do Fla preso por morte de palmeirense pede habeas corpus

A defesa de Jonathan Messias Santos da Silva, torcedor do Flamengo detido sob suspeita de ter arremessado a garrafa que matou a palmeirense Gabriella Anelli, entrou com um pedido de habeas corpus. Ele está preso temporariamente desde 25 de julho.

O que aconteceu

O advogado José Victor Moraes disse ao UOL que fez o pedido na última segunda-feira (7). Ele impetrou o habeas corpus —recurso judicial para garantia do direito à liberdade de um cidadão— na 2ª instância do TJ-SP.

A defesa de Jonathan teve um pedido de liberdade negado pela juíza do caso na quinta-feira da semana passada (3). Diante da recusa, os advogados do torcedor protocolaram o pedido de habeas corpus, mas ainda não obtiveram uma resposta.

Segundo o advogado de defesa, a polícia adiantou que fará um termo de indiciamento e representação para converter a prisão temporária em preventiva. Ontem (8), o torcedor do Flamengo fez uso do direito ao silêncio durante o interrogatório no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa da Polícia Civil), em São Paulo.

Silêncio e questionamentos ao laudo pericial

O torcedor do Flamengo Jonathan Messias Santos se manteve em silêncio durante o interrogatório no DHPP
O torcedor do Flamengo Jonathan Messias Santos se manteve em silêncio durante o interrogatório no DHPP Imagem: Reprodução/Twitter

José Victor Moraes afirmou que seu cliente não se manifestou por estratégia da defesa. O advogado disse que Jonathan "só irá falar em juízo" e "no momento oportuno", e ressaltou que os vídeos utilizados pela perícia não foram juntados aos autos do processo.

Ele criticou o laudo da investigação. "O laudo não é assertivo em mostrar culpabilidade, cita probabilidade e que os vídeos não são originais. Isso pressupõe que são editados em momentos distintos, não dá para precisar se ao certo a garrafa que acertou a vítima tenha sido disparada ou não por ele", avaliou.

O advogado acrescentou que a família do torcedor contratará uma perícia própria para contestar a "prova pericial muito fraca". Ele também alegou que Jonathan trocou de camisa porque, antes de entrar no estádio, não queria ser reconhecido como torcedor do Flamengo justamente para evitar "eventos de agressão".

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José Victor Moraes ressaltou que seu cliente é "inocente e trabalhador", além de não ter antecedentes criminais. O advogado ainda destacou que Jonathan, professor público que foi afastado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, está abatido e que a alegação é descabida.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) afirmou ao UOL que o torcedor do Flamengo retornou ao 8º Distrito Policial (Brás) após a avaliação no IML (Instituto Médico Legal). Ele permanecerá sob prisão temporária até a conclusão do inquérito policial.

Entenda o caso

Gabriella Anelli, palmeirense morta após ser atingida por garrafa de vidro
Gabriella Anelli, palmeirense morta após ser atingida por garrafa de vidro Imagem: Reprodução/Twitter

Jonathan Messias Santos da Silva está detido temporariamente desde o dia 25 de julho —ele também ficou em silêncio em sua chegada em São Paulo. A prisão tem validade de 30 dias e pode ser prorrogada.

A Polícia Civil afirmou que o torcedor apareceu em vídeos arremessando uma garrafa de vidro durante uma confusão entre torcedores de Flamengo e Palmeiras. O episódio ocorreu antes do início da partida entre as duas equipes, disputada em 8 de julho.

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As câmeras de segurança e o sistema de biometria facial do Allianz Parque foram importantes para a prisão do suspeito. Ivalda Aleixo, chefe do DHPP, disse que "foi possível identificar a pessoa, que era um homem com barba" após ele entrar no estádio.

A confusão que vitimou Gabriella Anelli se deu na rua Padre Antônio Tomás, na divisão da torcida visitante, no entorno do Allianz Parque. Ela foi encaminhada ao Pronto Socorro da Santa Casa após ser atingida por estilhaços e passou por cirurgia, mas teve duas paradas cardíacas e morreu no dia 10.

Leonardo Felipe Xavier Santiago chegou a ser preso dias depois do ocorrido, mas foi liberado após pedido do Ministério Público. O caso, que estava com o Drade (Delegacia de Polícia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva) foi transferido para o DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

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