O jogador Diego Porfírio, denunciado no STJD por envolvimento no esquema de apostas, revelou uma tentativa de golpe envolvendo o nome de auditores do tribunal.
O que aconteceu
Diego Porfírio, ex-Coritiba, foi procurado ontem (8), véspera do julgamento em primeira instância no STJD, por uma pessoa que queria ganhar propina dele.
A pessoa se apresentou como sendo supostamente o vice-presidente da 2ª Comissão Disciplinar, Diogo de Azevedo Maia.
A proposta era que Diego Porfírio pagasse cinco boletos no valor de R$ 10 mil cada um (R$ 50 mil, ao todo). O pagamento seria supostamente destinado aos membros da comissão disciplinar, para garantir a absolvição de Porfírio no caso.
Classificação e jogos
O jogador e sua advogada, Cláudia Noventa, apontam uma tentativa de golpe, que usa o nome do auditor do STJD para tirar dinheiro de quem está envolvido na Operação Penalidade Máxima.
Outro jogador que era do Coritiba, Thonny Anderson também foi procurado pelo mesmo interlocutor, usando o mesmo número de telefone.
Segundo a advogada de Diego Porfírio, será feito um Boletim de Ocorrência para que uma investigação do fato. O auditor Diogo Maia também se coloca como vítima.
A tentativa de convencimento
Segundo o relato da advogada Cláudia Noventa, Diego Porfírio inicialmente recebeu uma ligação de um número privado dizendo que seria procurado pelo suposto auditor Diego.
Em seguida, chegaram as mensagens via WhatsApp de um número com DDD do Rio de Janeiro (21), dizendo ser o auditor do STJD e usando a foto dele.
O valor de R$ 50 mil ao todo foi cobrado porque já estaria definida a eliminação do jogador no julgamento que aconteceu hoje (9), no próprio tribunal.
A pessoa que procurou Diego Porfírio disse a ele para "evitar a parte burocrática" e não dizer aos advogados que tinha recebido o contato.
Como o golpe ficou claro
Diego não topou a proposta, segundo a advogada Cláudia Noventa, mas foi instruído a conversar mais para obter mais informações.
"A pessoa mandou fotos forjando páginas do STJD, com algumas decisões. Coisas bizarras, medonhas", relatou a advogada.
O interlocutor disse ao jogador que estava agindo em nome de um Juarez. Ele não deu detalhes de quem era. Mas a suposição é que seja o ex-presidente do Coritiba, Juarez Silva, que se afastou da gestão em novembro de 2022. O futebol do Coxa, atualmente, é controlado por uma SAF, sem participação dos gestores associativos.
"Quando a gente coloca o boleto para tentar pagar, aparece o nome de uma pessoa e de uma empresa, com sede em Curitiba. A gente não sabe se a empresa é de fachada ou existe. Provavelmente é de fachada. O boleto que foi gerado, quando a gente coloca para pagar, aparece o nome de uma terceira pessoa", explicou Cláudia Noventa.
Thonny Anderson também foi procurado pelo mesmo interlocutor que acionou Diego Porfírio e não fez qualquer pagamento.
"Eu, no mínimo, quero investigação. Eu acredito que não seja nada ligado ao STJD. A gente quer, inclusive, que a moral do tribunal e todas as decisões continuem da forma mais correta, como são. Eu tenho certeza que não tem ligação com o STJD, mas a gente precisa investigar porque é um golpe. Estão usando a foto de um auditor, isso é um crime. A gente precisa saber até que ponto vai. Já imaginou se um atleta cai? A maioria hoje está desempregada. Muitos fizeram acordo de não persecução penal e não têm dinheiro. E se cai em uma armadilha dessa?", finalizou a advogada de Diego Porfírio.
E o esquema de apostas?
Diego Porfírio admitiu que participou do esquema de manipulação de partidas no Brasileirão 2022.
O lateral-esquerdo ex-Coritiba fez acordo com o Ministério Público de Goiás, responsável pela Operação Penalidade Máxima, e não será processado criminalmente.
Mas isso não impede a denúncia na esfera desportiva, para que o jogador fique afastado do futebol por ter aceitado participar do esquema.
O lateral-esquerdo admitiu que recebeu cartão amarelo contra o América-MG, na 25ª rodada do Brasileirão 2022, em troca de R$ 50 mil.
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