Paulo Vinícius Coelho listou no De Primeira os 13 técnicos estrangeiros, um recorde, do Brasileirão. Segundo ele, falta qualidade teórica na formação dos treinadores brasileiros, mas a imprensa também tem culpa na cultura da troca de comando.
'Precisa juntar teoria e prática': "A história do futebol brasileiro se mistura com técnicos estrangeiros, mas nunca nesta proporção. Eu acho que precisa de duas coisas: um é não ter preconceito, tem que deixar trabalhar, o Brasileirão melhorou com a chegada dos técnicos estrangeiros; segunda coisa, tem que melhorar o nível dos cursos de formação de técnicos brasileiros. Você não vai passar o resto da vida achando que o Brasil não é capaz de formar técnico, tem que melhorar o nível de formação teórica dos brasileiros. Se o maior déficit do Brasil é educação, o maior déficit do futebol brasileiro também é educação formal, ou seja, formação teórica. Os técnicos brasileiros são bons na parte prática e uma geração nova cresceu na parte teórica também, mas acho que precisa investir na parte teórica e fazer o que Portugal fez: juntar teoria com prática, não existe teoria sem o campo, mas as duas coisas precisam existir".
'Responsabilidade da imprensa é enorme': "Você pode aperfeiçoar o técnico brasileiro, que é bom. Uma parte da crise não é dos técnicos, é dessa coisa que a gente chama de cultura do futebol brasileiro e eu chamo de analfabetismo do futebol brasileiro, que é esse contrata, demite, contrata, demite. A responsabilidade da imprensa é enorme. A gente trabalha com informação, a gente também erra informação, mas informação certa é inegociável. Agora, quando se especula, a gente corre o risco de criar o fato dentro do conselho que vai bater no presidente, que vai criar a pressão, que vai resultar na demissão. Então, a gente tem culpa, sim".
Classificação e jogos
Marcelo Hazan e André Hernan opinam
Hazan: "Quando estava meio a meio, já havia um sinal amarelo aceso. Se a gente lembrar que entre os brasileiros a gente tem Luxemburgo e Felipão, que são dois técnicos da geração mais experiente, a renovação é menor ainda. O Luxemburgo tem batido nessa tecla que vê pouca formação dos técnicos brasileiros".
Hernan: "Eu fico preocupado porque, quando vejo que os times ficarem sem treinador — e eu cito sempre um treinador que eu gosto muito e que eu acompanhei a carreira desde que terminou seu ciclo como jogador e virou treinador, que é o Rogério Ceni —, pelo menos cinco clubes grandes da Série A ficaram sem treinador e o Rogério sequer foi citado. O Vasco com Ramón Dias, o Botafogo com Bruno Lage, agora o Santos com Aguirre, vi o Twitter do Lucas Musetti [repórter do UOL] dizendo que o Rogério divide opiniões no Santos, e eu vejo o Rogério capacitado para chegar em outros clubes. No próprio Internacional, parecia que o Rogério ia ser a bola da vez e não foi, voltou o Coudet. Então, fico preocupado com os técnicos brasileiros não sendo cotados. Uma questão totalmente fora da curva foi a ida de Felipão para o Atlético-MG, e aí a gente vê os resultados, depois de 12 jogos ele consegue a primeira vitória, tem alguma coisa ali que precisa melhorar. Acho que é uma questão de reciclagem, olhar para o próprio trabalho e fazer uma reflexão, e principalmente a questão dos cursos, precisa melhorar o nível dos cursos dos treinadores brasileiros".
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