'Lei do Silêncio': assunto Falcão vira tabu em hotel e no Santos
A investigação sobre a acusação de importunação sexual de Paulo Roberto Falcão virou "assunto proibido" no hotel onde a vítima trabalha e no próprio Santos.
O UOL foi ao apart hotel localizado no bairro da Aparecida, em Santos, e não passou da recepção. Já no interfone, a funcionária disse: "Estamos proibidos de falar sobre o assunto". No Peixe, fala-se que Falcão pediu demissão e não há mais o que ser comentado.
A advogada da vítima foi procurada e afirmou que a mulher estava abalada, mas se pronunciaria no momento oportuno. Na sequência, porém, a advogada não respondeu mais aos contatos da reportagem.
Falcão foi procurado por telefone e mensagens, mas também não respondeu. Ele saiu de Santos em 5 de agosto, um dia após a denúncia.
Rotina de Falcão
O ex-coordenador esportivo do Santos ficou, a princípio, em um hotel convencional. Dois meses depois, ele foi para um apart hotel, com mais cara de "casa", na sua visão. O flat fica exatamente ao lado do hotel.
No primeiro hotel, não houve qualquer ocorrência. Os funcionários dizem que Falcão era respeitoso e saía pouco do seu quarto. A notícia sobre a acusação de importunação sexual os surpreendeu.
Falcão ia e voltava dos treinamentos e jogos do Santos de Uber ou com algum funcionário do clube. As poucas saídas eram para beber vinho ou jogar tênis. Sua família permaneceu em Porto Alegre e não chegou a morar na Baixada Santista.
O hotel fica ao lado de um restaurante português e em frente a um restaurante americano. Só que Falcão optava por fazer as refeições dentro do próprio hotel na maior parte do tempo.
Reação do Santos
A denúncia contra Falcão surpreendeu os funcionários do hotel onde Falcão ficava, mas não pegou os profissionais do Peixe de surpresa.
Pessoas que vivem o dia a dia do Santos relataram ao UOL informalmente que ficavam constrangidas com Falcão regularmente. O coordenador de 69 anos falava sobre assuntos de cunho sexual e mostrava vídeos quase que diariamente no CT Rei Pelé, Vila Belmiro ou nas viagens com o elenco.
O UOL procurou algumas funcionárias do Santos que conviviam com Falcão, mas elas também optaram pelo silêncio. Oficialmente, o clube não se manifestou sobre a investigação.
A denúncia
O Boletim de Ocorrência foi registrado por importunação sexual, no artigo 215A do Código Penal. O documento foi lavrado na Delegacia de Defesa da Mulher de Santos.
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Quero receberA mulher que o acusa tem 26 anos e o boletim de ocorrência foi registrado de forma resumida para preservar a funcionária do hotel. Ela foi acompanhada de um condutor, uma testemunha e sua advogada. A jovem informou que há outras duas testemunhas.
"Nos dias dos fatos, em seu local de trabalho, teria sido vítima de importunação sexual praticada pelo autor. Essa Autoridade Policial, a fim de preservar a privacidade e a intimidade da vítima, deliberou pelo registro resumido dos fatos no histórico da presente ocorrência, no intuito de que os detalhes relatados de eventual violência sexual sofrida constem apenas no Termo de Declarações da ofendida. Devido às informações de que os atos não deixaram vestígios, deixa-se de requisitar exame de corpo de delito", diz o B.O.
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