Na Austrália, Matildas são comparadas a Cathy Freeman e inspiram jovens
Pela primeira vez em uma semifinal de Copa do Mundo, a Austrália vai embalada pelo país rumo ao sonho do título. Por onde você olha nas diferentes cidades sempre tem alguém com a camisa ou outros adereços das Matildas, apelido da seleção feminina. Mas de onde vem essa forte relação?
Símbolo de união
Alguns veículos da imprensa local pontuam que as Matildas são a maior influência para jovens meninas desde Cathy Freeman, atleta australiana dos 400 m rasos e uma das primeiras aborígenes a representar a Austrália nos Jogos Olímpicos (1996) e a vencer o Mundial de Atletismo.
Freeman é uma lenda, que influenciou algumas gerações australianas, independentemente do esporte. Nos Jogos de Sydney, em 2000, ela acendeu a pira olímpica e depois conquistou a medalha de ouro em sua prova. Ou seja, deixou um legado de inspiração impressionante.
Classificação e jogos
Agora, muitas meninas no país estão encantadas com o sucesso das Matildas na Copa 2023 e se inspiram nelas para jogarem futebol.
"Amo as Matildas porque quero ser como elas quando eu crescer. Elas são inspiradoras e eu adoraria jogar como elas", contou uma jovem torcedora, que pratica a modalidade, após a classificação para a semifinal.
E a seleção australiana bateu a velocista em audiência. Segundo levantamento da agência australiana Oztam, as quartas de final contra a França registraram os maiores números de transmissão de TV desde o ouro de Freeman nas Olimpíadas de 2000.
Atualmente o futebol é o quinto esporte mais popular para meninas e o segundo para meninos. Essa participação atinge o pico por volta dos 11 anos, antes de diminuir lentamente e de maneira mais significativa para meninas.
Outro ponto é a diversidade dentro da equipe, incluindo jogadoras de origem indígena, uma mãe e a goleira Mackenzie Arnold, que perdeu parte da audição. "As Matildas abraçam tudo sobre o esporte australiano. São corajosas, são tudo. São muito amáveis. E fazem muito sucesso também", afirmou uma adolescente.
Quarta-feira, às 7h (horário de Brasília), quando elas entrarem em campo para decidir uma vaga na final da Copa 2023 contra a Inglaterra, toda a nação estará apoiando, seja no maior estádio do Mundial em Sydney, seja pela transmissão televisiva que vem batendo recordes. A inspiração da seleção feminina sobre a população tem sido nítida.
"As Matildas colocam cada pedaço do coração e alma em cada partida. Provaram que nunca desistem, lutam até o final. O futebol é o esporte número 1 de participação na Austrália, mas precisamos de mais pessoas nos jogos, vindo apoiar as garotas na liga nacional. É tudo sobre isso", afirmou uma senhora.
Criação do apelido
Em 1994, quando a Austrália se classificou pela primeira vez para a Copa feminina, uma emissora de TV do país decidiu criar um concurso com votação popular para escolher um nome para a equipe em conjunto com a Associação Australiana Feminina de Futebol.
Antes disso, o time era chamado de "Socceroos femininas (the Female Socceroos), lembrando o apelido do time masculino.
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Quero receberAlém de Matildas, as outras opções eram Soccertoos (do pássaro nativo Cockatoo), Blue Flyers (voadoras azuis), Waratahs (flor que simboliza o estado de Nova Gales do Sul) e Lorikeets (papagaio típico do país).
O nome surgiu por três principais fatores. Em 1982, Brisbane, na Austrália, recebeu os Jogos da Commonwealth - um grupo formado por 56 países, a maioria ex-territórios do Império britânico. A mascote, uma canguru gigante chamada Matilda, fez bastante sucesso e o nome foi lembrado na hora da lista de apelidos.
Além da mascote, a canção Waltzing Matilda, considerada uma espécie de hino não-oficial da Austrália, também influenciou no nome. A música composta em 1895 por Banjo Paterson conta a história de um viajante que "valsa" - uma gíria para "caminhar" - com uma "matilda", uma espécie de mochila.
A terceira razão, segundo o ex-dirigente da antiga federação australiana, Peter Hugg, foi a popularidade do livro Matilda, de Roald Dahl, naquele ano. O livro fala sobre uma menina com poderes mágicos.
De acordo com o site oficial da federação, algumas jogadoras não gostaram do apelido na época, mas agora se tornou símbolo de orgulho.
Coincidência ou não, desde que o apelido foi adotado, a Austrália não ficou fora de nenhuma edição da Copa.
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