Estrela da Austrália, Kerr odiava futebol e luta para jogar Copa em casa

A ausência de Sam Kerr nos primeiros jogos da Austrália na Copa do Mundo feminina causou comoção. Tanto que a estreia na competição foi comemorada de maneira efusiva pelos torcedores, que a celebram a cada partida. Se no início ela odiava futebol, agora é a maior referência do país.

"Crescendo, eu era 100% [as regras australianas] do futebol. Eu odiava futebol, nunca tive uma bola de futebol em casa. Os West Coast Eagles eram como estrelas de cinema. Me lembro do orgulho e de me sentir especial por meu irmão ter jogado na AFL. Tudo o que eu queria era jogar futebol australiano. Se dependesse de mim, teria ficado nisso. Eu só comecei no futebol aos 12 anos", disse à Fifa.

A lesão de Kerr na panturrilha foi revelada apenas horas antes da estreia. A primeira informação era de que ela perderia só dois jogos, mas não foi bem desta forma. Até o momento a jogadora ainda não foi titular.

"Estamos focados na recuperação, cada uma delas está seguindo um plano individual. É sobre estar pronta para a partida. A Sam Kerr ficou mais minutos do que a gente esperava, para ser sincero. Um dos motivos para manter no banco seria o tempo limitado de treinos, mas ela foi bem fisicamente, nos surpreendeu. Se recuperou bem, treinou e está disponível. Vamos conversar sobre quantos minutos poderá jogar. Mas definitivamente está disponível", disse o técnico Tony Gustavsson.

O caminho ao estrelato

No livro My Journey to the World Cup [Minha Jornada para a Copa do Mundo, em português], Sam Kerr conta que precisou cortar o cabelo curto e fingir ser homem entre cinco e seis anos para conseguir jogar.

"Não queria que me tratassem diferente porque era uma garota. Lembro que um menino chorou quando descobriu. Por melhor que fosse no campo e gostasse de jogar, as diferenças físicas entre eles e eu eventualmente sobressaíram e era difícil jogar", escreveu.

Um olho roxo e o lábio machucado fizeram o pai e o irmão falarem que ela não poderia continuar. "Antigamente não tinham times femininos na área e saber que não poderia mais jogar era devastador", lembrou.

Alen Stajcic, futuro técnico das Matildas, viu Kerr pela primeira vez aos 13 anos. "Ela pegou a bola em seu próprio campo e correu por cerca de 70 metros antes de marcar um gol para a Austrália Ocidental contra Queensland. É anormal uma pessoa correr tanto com a bola aos 13 anos contra garotos de 15 e 16 anos que são os melhores do estado".

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Aos 15 anos, Kerr fez a estreia pela seleção principal contra a Itália. Depois, seguiu o caminho para se tornar uma grande referência no país e dominar as camisas dos torcedores das Matildas.

Comemoração

O mortal de costas de Sam Kerr é uma das comemorações mais marcantes do futebol feminino. O site da Fifa definiu como o "SIUUU" de Cristiano Ronaldo para o masculino em termos de importância.

O Chelsea tentou impedir a jogadora de fazer isso no início por medo de uma lesão, mas no fim o ato virou até placa em Stamford Bridge. "Quando é uma grande partida, ou um grande gol, parece que acontece. As pessoas sempre me perguntam quando vou fazer e nunca sei. É pura emoção", disse Kerr.

Kerr detém o recorde da NWSL de mais gols em uma temporada (18) e é a única jogadora a marcar 10 ou mais gols em três campanhas consecutivas, marcando 17, 16 e 19 de 2017 a 2019. A australiana jogou no campeonato norte-americano por sete temporadas.

Com apenas 1,67m, os gols de cabeça são uma das grandes qualidades da atacante. Agora jogadora do Chelsea, ela marcou nove vezes desta forma em 22 jogos pelo Campeonato Inglês.

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Marcas

Sam Kerr é a maior artilheira da história da Austrália, superando Tim Cahill (da seleção masculina). São 63 gols no total.

Além de outros recordes, especialmente na liga americana, a australiana é marcante também fora do campo. Ela foi a primeira jogadora a aparecer na capa do Fifa ao lado de Mbappé em 2023.

Kerr liderou a delegação australiana, que incluía o primeiro-ministro e o governador-geral do país, na coroação de Carlos III e Camilla em Londres em maio de 2023.

Kerr recentemente se tornou a primeira australiana e uma das primeiras jogadoras de futebol a ser transformada em Lego. "Pode parecer algo divertido e bobo, mas é honestamente incrível e algo que provavelmente terei em casa quando for mais velha e me lembrarei para sempre. Se vencermos a Copa do Mundo, pedirei um conjunto inteiro de Matildas".

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Sam Kerr também inspirou uma série de livros ilustrados para crianças com temas que envolvem futebol, escola, amizade, lidar com valentões e seguir seus sonhos.

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