Diniz revela conversa com Neymar e projeta capítulo mais bonito da carreira

O técnico Fernando Diniz convocou pela primeira vez a seleção brasileira para o início das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 com a presença de Neymar, que recentemente trocou o PSG pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita. Mesmo com a transferência, o camisa 10 da seleção segue nos planos do treinador.

Neymar. "De fato o Neymar externou tudo isso, tanto o desejo da gente trabalhar junto quanto, lá no início, repensar a seleção. Conversei com ele recentemente, se mostrou disposto e feliz por construirmos história na seleção. Vou repetir: jogador muito difícil de aparecer outro, talento raro do futebol mundial. Acredito que ele merece, até o fim da carreira e pelo imenso talento, escrever o capítulo mais bonito dessa história que ainda não foi escrito".

Paquetá estava convocado. "Eu sou um cara que o que me protege na vida é a verdade. O Paquetá estava na lista, gosto muito, e não é pré-julgamento, pelo contrário. É preservação, deixá-lo resolver questões que excedem o futebol. Para ele e seleção, deixar mais à vontade para resolver. Era o mais adequado. Tivemos isso no Brasil e precisa de tempo para esclarecer. Achei pertinente pensando no Paquetá. Adoro como jogador, tenho as melhores impressões mesmo que não tenha trabalhado com ele. A CBF estará de portas abertas para quando ele resolver essas situações que apareceram de última hora".

Arábia está no radar. "É uma novidade para o mundo do futebol a inserção da Arábia Saudita na aquisição de jogadores com idade para militar na Europa. Vamos passar a olhar. Não sabemos como será na frente, o que vai determinar a convocação é o desempenho fora daqui, na Arábia, Europa ou Brasil. Quando forem convocados, aí sim o que vão desempenhar dentro da seleção".

Confira o que disse o técnico Fernando Diniz na entrevista:

Noção do trabalho

"Vou dar sequência ao que penso sobre futebol, com aditivo de ter a melhor matéria prima do mundo. É um sonho estar aqui. Vai ser muito rico para meu crescimento estar aqui. Acredito que a chance de dar certo é muito grande. Tenho relação forte com jogadores, estabeleço relações de profundidade rapidamente. E minha vinda passa pelo desejo dos jogadores. É continuidade natural do que tenho feito na carreira: jogo competitivo com estética, beleza, criatividade, que tem a ver com as nossas raízes e maneira de jogar futebol. Tenho a digital impressa em todos os trabalhos da minha vida".

Militão

"A gente deseja o melhor. Também um jogador com talento diferente. Conheci quando ele não tinha despontado, quando visitei meu amigo Dorival no São Paulo em 2017 e ele estava emergindo da base. Já víamos potencial imenso, joguei contra no ano seguinte, pelo Athletico, e mesmo fora da posição mostrou que se tornaria um fenômeno que está se tornando. Está entre os melhores do mundo, não só da posição dele, e que retorne o mais breve aos gramados para fazer o que mais gosta".

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Quem entrou na vaga do Paquetá?

"Você vai ficar sem essa informação, obviamente. Vou deixar de falar a verdade [risos]"

Já sabia que Neymar iria para Arábia?

"Sobre o Neymar, obviamente que a competitividade da Europa é uma e na Arábia pode ser outra. O mais importante para o Neymar é a vontade de escrever essas páginas bonitas que faltam na história dele como jogador. Com essa vontade, será capaz de superar qualquer obstáculo, assim como o eventual desequilíbrio entre futebol europeu e árabe em termos de competitividade. Vai nos ajudar muito nesse ciclo".

Conversa com Ramon para seleção olímpica

"Com Ramon, temos conversado, é um amigo, jogamos juntos. Temos conversa não só pela convocação, mas canal aberto para qualquer assunto"

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Competitividade e diferença entre futebol brasileiro e europeu

"Em relação ao que você perguntou do futebol brasileiro e europeu, é uma discussão que já falei algumas vezes: o fluxo de caixa determina muitas coisas. Por que o futebol europeu leva vantagem? Tem muito dinheiro, é uma das respostas. Com dinheiro, monta estrutura, os treinadores mais competentes e os jogadores que acha melhores. Com estrutura, treinadores e jogadores no mesmo local, com aditivo do clima frio e jogo mais acelerado, há óbvia diferença. Se o Liverpool quiser um jogador do Fluminense, vai levar. E eu não vou ter um jogador do Liverpool. É tudo de melhor no mesmo lugar, aí há vantagem competitiva. Mas o futebol brasileiro tem evoluído ano a ano na questão tática. Enquanto existir desproporção? Se tivermos fluxo de caixa melhor e trouxermos os melhores jogadores da Europa, a diferença será invertida".

Gabriel Magalhães e Antony

"Antony é uma coisa incipiente ainda, por ora é só uma uma acusação e vou parar por aí, sem discorrer sobre o assunto. É tudo muito pouco para falar. Todos que cometem algo errado tem que pagar, mas não precisamos levantar questões o tempo todo só porque alguém levantou a questão. Que os órgãos competentes apurem. Sobre o Gabriel Magalhães, absolutamente nada a ver com o que o Juninho falou. Gabriel foi o quarto que mais jogou na Premier League, um dos poucos que jogou os 38 jogos e quase foi campeão na liga mais forte do mundo. Era para estar no ciclo olímpico todo, mas nunca foi liberado. Forte, técnico, vi de perto alguns jogos, ao vivo alguns jogos ainda nessa volta da temporada. Vem pelos méritos como jogador".

Paquetá: decisão junto com a CBF?

"Vou falar isso só mais uma vez, fui claro na minha resposta. A CBF não tem interferência na convocação, eu estive com o presidente Ednaldo e conversamos. A CBF falou sobre não fazer pré-julgamento. Queremos preservá-lo para ter cabeça em dia e resolver da melhor maneira possível".

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Neymar durante todo o ciclo

"A princípio, faço o trabalho melhor possível para contrato de 12 meses. Percebo que o Neymar quer ficar na seleção e está animado para escrever páginas bonitas"

Botafogo sem representantes

"Sobre o Botafogo, tem muito mérito de estar onde estar. A gente olhou o Botafogo, mas não quer dizer que temos que convocar alguém do líder, não está escrito em nenhum livro. E quem ultrapassar, pode ter jogador convocado. Não tem a ver com a tabela. Mas obviamente quem está mais próximo dos títulos tem facilidade maior para ter jogador convocado".

Proximidade com o público e Bolívia no Pará

"Não tenho essa preocupação e nem considero que a Bolívia é fraca. Nenhum adversário é fraco desde que me vejo como técnico e já como jogador. Vou fazer o melhor em cada dia de treino, cada jogo. Vamos fazer isso no primeiro jogo e consequentemente contra o Peru".

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Bento e Caio Henrique

"Bento pela performance, também com a idade. Um dos grandes destaques no Brasil desde o ano passado, e imaginando a experiência de se aproximar da seleção. Caio Henrique está há algum tempo no Monaco, sempre se destacando, estava no radar da Copa, segue performando muito bem e por isso foi convocado".

Ausência de flamenguistas

"Eu concordo que o Flamengo tem o maior investimento do país, mas pelos critérios que adotamos, vale a resposta do Botafogo. Não determina que tem que ter convocado. Estavam na lista larga, fomos enxugando e achamos os mais adequados os que foram convocados".

Critérios de convocação e Vini Jr fora do top da Uefa

"Os critérios foram absolutamente técnicos, procurei levar quem está nas melhores condições. Sobre o Vini, lamentamos porque foi destaque do futebol europeu e mundial. Tinha que estar com certeza na lista".

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Trabalhar com alguns jogadores novamente

"É uma alegria participar de alguma forma da formação de alguns jogadores. Muito bom revê-los aqui e vê-los tão bem nos seus clubes, conseguindo modificar suas vidas em situação sócio-econômica como desejavam quando começaram a jogar futebol"

Relização pessoal e jogadores do Fluminense

"É uma alegria convocar o Brasil. André tem sido convocado sempre após a Copa, Nino estava convocado merecidamente na última do Ramon. Joga em um nível excelente. Esse sonho eu sempre tive comigo. Eu vivia isso em todos os momentos da carreira, mas sem pensar aqui. Sempre estive nesse lugar estando no Audax, no Fluminense, minha seleção brasileira é me entregar de maneira total para ajudar os jogadores, para que o futebol seja competitivo, vistoso bonito, que as crianças vejam e queiram ser jogadores. Isso me impregnou, mais do que vestir a camisa e convocar, é ser um membro dessa comunidade que é a seleção brasileira".

Característica do trabalho e pouco tempo de treino

"Eu acho que vou fazer o que sempre fiz quando chego nos clubes. Tentar colocar as ideias uma de cada vez, sem tudo de uma vez só. Paulatinamente o time entende o que eu desejo, o que vejo do futebol. Qualidade técnica excepcional, jogadores têm hábito de jogar de forma posicional nos seus clubes, um pouco diferente do que eu gosto que façam, mas creio que vão se adaptar de maneira paulatina".

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Contrato de um ano

"Contrato a princípio de um ano, sem projetar para frente. Fazer o melhor e deixar a seleção na melhor condição, independentemente de quem exerça o cargo a partir do meio do ano que vem".

Recuperar o futebol da seleção

"O objetivo é, claramente, ser equipe competitiva com características que creio que são as mais importantes, com jogadores à vontade: criatividade, maneira solidária e competitividade o tempo todo presentes".

Preocupação com futebol árabe?

"A princípio, não sabemos o que vai acontecer. Quando não sabemos, gera preocupação. Tomara que estruturem a liga para que seja competitiva. E se conseguirem, é um problema que se resolve por si só. A ida dos jogadores torna mais competitiva, mas não é automático. Que seja competitiva e que os jogadores que estejam lá façam o melhor e estejam no nível para serem convocados".

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Separação mental seleção e Fluminense

"Dá tempo, pô. Sempre dá tempo (de ficar nervoso). Quando fui convocado, isso esteve muito presente, essa ansiedade, mas nada fora do normal. É mais prazer e honra que angústia e ansiedade. Me sinto feliz, honrado, confortável e confiante pelo trabalho que realizaremos".

Critério de idade

"Não foi critério determinante, mas foi uma das coisas que levamos em consideração. A média de idade baixou em três anos, muitos convocados, se tudo correr da maneira normal? É claro que não vai ser a lista da Copa do Mundo, independentemente do técnico. Mas se formos replicar a lista daqui a três anos, seria uma média parecida com a última Copa. A de hoje caiu em três anos a média de idade. Os jogadores precisam de espaço para se mostrarem e terão essa oportunidade".

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