Infantino diz que mulheres têm de escolher 'as lutas certas' por igualdade
Classificação e Jogos
Presidente da Fifa, Gianni Infantino abriu a segunda edição da Convenção de Futebol Feminino em Sydney, na Austrália, pedindo mais investimento e dizendo que mulheres precisam escolher "as batalhas certas" na busca por igualdade.
Infantino fez um discurso de abertura do evento, que ocorre durante dois dias na cidade que receberá a final da Copa do Mundo feminina. Ele enalteceu a "maior Copa de todos os tempos" e enumerou os investimentos feitos pela Fifa na modalidade.
Ele também exaltou a decisão da Fifa de aumentar o número de seleções para 32 e pediu que as marcas, federações e mídias invistam mais dinheiro no futebol feminino.
Escolher batalhas
Gianni Infantino finalizou seu discurso falando que as portas da Fifa estão abertas às mulheres: "só empurrem e abram", concluiu.
"Vocês, mulheres, têm o poder de mudar. Escolham as batalhas certas, as lutas corretas. Vocês têm o poder de convencer os homens sobre o que fazer ou não. Comigo, com a Fifa, vocês têm portas abertas, só empurrem e abram", afirmou.
O dirigente ainda falou sobre a briga por pagamentos igualitários e classificou como "slogan que aparece às vezes", afirmando que só isso não é solução para o problema.
"Não é só pagamento igualitário, um slogan que vem às vezes. Já estamos indo nessa direção, mas não soluciona nada. Pode ser um símbolo, mas não resolve porque são só de quatro em quatro anos e algumas jogadoras. Precisamos manter o momento, perseguir a igualdade. E vocês, mulheres, têm o poder para isso", finalizou.
Maior Copa
Infantino afirmou que o Mundial na Austrália e Nova Zelândia foi a verdadeira mudança no futebol feminino, até mais do que a Copa de 2019. "Tivemos quase 2 milhões de pessoas nos estádios e 2 bilhões pelo mundo vendo na TV. Mais de 650 mil pessoas foram às Fan Fests, também a pubs e restaurantes".
"O melhor está por vir. É a melhor e maior Copa feminina da história. E fizemos graças a todos vocês. Disseram que não funcionaria, e funcionou", comentou.
O presidente pediu valores mais justos para o futebol feminino e mais competições em nível continental e nacional.
"Paguem o preço justo, mostrem que respeitam o futebol feminino e verão o resultado. Precisamos criar mais competições para mulheres. Estamos planejando um Mundial de Clubes. Colômbia, Nigéria, Panamá, por exemplo, têm ligas muito pequenas em nível nacional. Algumas das grandes jogadoras vão para a Europa, mas o que acontece com todas as outras e o futuro? Precisamos criar condições para elas atuarem em bom nível em casa. É o maior desafio que temos", afirmou.
O mandatário também disse que os jornalistas precisam pressionar as mídias nos países. "Não pode ser possível terem 39 jornalistas italianos no Qatar, onde nem estavam classificados, e zero na Oceania. Não podemos ter quase 30 dinamarqueses e suíços no Qatar e menos de 10, talvez menos de cinco, aqui".
Investimento
Infantino também aproveitou a oportunidade para exaltar as medidas da Fifa com o futebol feminino. Ele disse que a entidade investiu US$ 1 bilhão (R$ 4,98 bilhões) em desenvolvimento.
"Aumentamos as contribuições e premiações para US$ 152 milhões (R$ 756,49 milhões). Em duas edições desde 2015, multiplicamos por 10. O feminino e masculino tiveram as mesmas condições de serviço, a igualdade foi atingida em termos de centro de treinamento e estrutura", disse.
Segundo ele, a Copa movimentou US$ 570 milhões (R$ 2,8 bilhões). "Temos de fazer muito melhor, mas estamos no caminho. Aprendemos muito do lado do futebol, mas também social e na sociedade. Futebol não é só sobre o campo, mas também as mensagens que podemos espalhar", disse.
32 seleções
Em 2019, o Conselho da Fifa aumentou de 24 para 32 seleções, formato que estreou neste ano.
Infantino afirmou que a Fifa acertou ao apostar no modelo. "Lembro quando aconteceu e que houve críticas. Disseram que não funcionaria, o nível era diferente, muitas goleadas, seria ruim para a modalidade. Desculpe, mas a Fifa estava certa. Como aconteceu com frequência nos últimos anos", afirmou.
"Aumentando o número de seleções tivemos oito estreantes, muitos países pelo mundo que viram que dava para participar. Todos acreditam agora que tem uma chance de brilhar no palco mundial. A Jamaica eliminou o Brasil, a África do Sul eliminou a Itália e Argentina. Marrocos e Coreia do Sul eliminaram a Alemanha. Quem imaginaria que isso seria possível. Aconteceu porque as mulheres trabalham duro e acreditam que podem mudar o mundo", finalizou.